Revista Diversidades n.º 58 Periodicidade semestral janeiro a junho de 2021 Título: Desafios da Educação num cenário pós-pandemia Estatuto Editorial A Revista Diversidades, criada no ano 2003, é uma publicação eletrónica semestral da Direção Regional de Educação, organismo tutelado pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia da Região Autónoma da Madeira, que tem como objetivo principal disponibilizar, ao público em geral, conhecimento atual, bem como ações e práticas realizadas no âmbito da Educação. Esta publicação pretende fomentar o debate científico e profissional, o intercâmbio de ideias, assim como difundir as opiniões de especialistas que proporcionem melhorias ao nível das práticas educativas e formativas. Paralelamente, pretende informar e divulgar estudos e projetos de investigação ação, desencadeando um espaço de comunicação e de debate de ideias oriundas dos diferentes organismos da sociedade. A Revista Diversidades é divulgada no Portal da Direção Regional de Educação, disponível em https://www.madeira.gov.pt/dre/Estrutura/DRE/Publicações A Revista Diversidades está registada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o número ISSN 1646-1819. Ficha Técnica Diretor Marco Paulo Ramos Gomes Redação Serviços da Direção Regional de Educação e colaboradores externos Revisão Divisão de Apoio Técnico Sede do Editor e Redação Rua D. João n.º 57 9054-510 Funchal Telefone: 291 705 860 Proprietário Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia - Direção Regional de Educação NIPC 671000497 Email revistadiversidades@madeira.gov.pt Grafismo e Paginação - Divisão de Apoio Técnico ISSN Anotada na ERC 1646-1819 Distribuição Gratuita - Disponível em www.madeira-edu.pt/dre Índice Editorial Artigos Que Educação para a Era Pós-COVID-19? Por uma transformação pedagógica António Dias de Figueiredo Da aprendizagem na escola digital: o regresso do behaviorismo? José Augusto Pacheco Bem-estar e saúde mental de crianças e adolescentes em tempos de pandemia de COVID-19 Rita Francisco Ensinar o currículo do futuro Leonardo Ortiz Villacorta Desafiar a Escola d.C (depois da pandemia) Marco Bento Como e onde podemos intervir para mitigar os efeitos após a pandemia? Fernando Elias Testemunho A Educação Inclusiva em tempos de pandemia Grupo de Educação Especial da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia Reflexão O ensino à distância veio para ficar? Testemunhos Espaço PSI Psicologia da Educação num cenário pós-pandemia: que futuro? Joana Xavier Livros Sugestões de Luís Gaspar Espaço TIC ALi - Atividades Lúdico Interativas | Mind7 | Socrative | Powtoon Notícias Semana da Terra Certificação EDUCAmedia (Selo de Excelência) On... Oficinas Online Rede MAPeAR O Teatro está ONline Semana Magalhães Reabilitação de infraestruturas Nutri...falando - 1.as Jornadas de Educação Alimentar da DRE/ERPASS Madeira é a primeira Região incubadora do programa Microsoft Showcase School Ações de sensibilização e educação ambiental Projeto Manuais Digitais - Experiência-Piloto no Ensino Secundário Projeto Baú de Leitura Olimpíadas da Física 2021 15 anos de AgenteX! Semana Regional das Artes Editorial Há pouco mais de um ano, a pandemia da COVID-19 “obrigou” a adoção de medidas de saúde pública fortemente restritivas na maior parte dos países do mundo, como o encerramento das escolas e o confinamento de grande parte da população, numa experiência com implicações e consequências desconhecidas para a maioria das pessoas e num desafio sem igual ao nível da sociedade. Este número da Revista Diversidades, com a temática sobre “Desafios da Educação num cenário pós-pandemia”, apresenta um diversificado conjunto de artigos, reflexões e análises centrado no processo educativo numa “Era Pós-COVID-19”, tendo em conta os contributos sobre a visão mais conceptual da escola digital, sobre o uso das tecnologias digitais, sobretudo na essência da sua razão de ser: a aprendizagem; sobre “o papel insubstituível dos professores e as ideologias relacionadas com a conectividade, a digitalização e a dataficação”; sobre o que representa promover “uma transformação pedagógica” a partir da experiência do período do “ensino remoto de emergência”; sobre o “como e onde podemos intervir - em contexto educativo- para mitigar os efeitos após a pandemia”, sobretudo, garantindo que ninguém fica para trás, ou seja, garantir que se continua a construir e a trabalhar no sentido de uma Educação verdadeiramente inclusiva; sobre o “repensar a “Escola” com integração digital em ambientes presenciais - Modelos Híbridos de aprendizagem”; sobre o impacto desta realidade pandémica no bem-estar e saúde mental de crianças e adolescentes. Mais de um ano depois, continuamos a tentar perceber os efeitos e as implicações da COVID-19... que certamente irão fazer-se sentir mesmo depois de controlada a pandemia, mas importa atender, sobretudo, aos enormes desafios que esta situação colocou e continua a colocar à Educação, no sentido de proporcionar a todos os alunos a aquisição e o desenvolvimento de competências criativas, colaborativas e de resolução digital de problemas que lhes permitirão ter sucesso no futuro. “Assim, o grande desafio da “Escola” do presente, é transformar a cultura tradicional do professor (transmissor) e do aluno (que obedece) para um modelo ativo e mais participativo. É um processo mais complexo, que exige mais tempo e dedicação para o desenho da intenção pedagógica ativa, o acompanhamento personalizado e uma avaliação mais participativa”. Que Educação para a Era Pós-COVID-19? Por uma transformação pedagógica António Dias de Figueiredo - Universidade de Coimbra O ensino remoto de emergência O período de ensino remoto de emergência foi uma experiência única e muito difícil para as crianças e as suas famílias. Para os professores, para além de difícil, foi imensamente trabalhosa. No entanto, como acontece com as experiências únicas e difíceis, foi cheia de ensinamentos. Para muitos professores, foi a experiência de se conhecerem a si próprios perante novas e ponderosas dificuldades, e vencerem essas dificuldades. Para outros, foi a experiência de pensarem a educação de outras formas e tentarem, em conjunto, construir o impossível, e conseguirem. Para outros, ainda, foi o primeiro contacto com o vasto mundo de uma educação que se projeta para o futuro, muito para além das rotinas do dia a dia. Como é habitual, os jornais e comentadores limitaram-se a encontrar deficiências. Não repararam, por isso, que algo de grande e inédito aconteceu neste período em Portugal: a fortíssima auto-mobilização dos professores, num movimento coletivo de auxílio mútuo através das redes sociais que envolveu dezenas de milhares e excedeu largamente o observado noutros países. Os professores portugueses passaram a ser uma classe cujos membros se ajudam mutuamente de forma alargada, aos milhares, algo que não acontecia no passado. Essa é talvez uma das consequências mais positivas do ensino remoto de emergência: a descoberta de que os professores portugueses conseguem mobilizar-se massivamente para construírem excelência pedagógica. Uma conclusão importante sobre o ensino remoto de emergência, que já se conhecia da teoria, mas que a prática confirmou à exaustão, foi que quanto mais jovens são as crianças, menores são as suas capacidades de atenção, memória e disciplina, o que torna inviável o ensino à distância para estas crianças. A substituição das aulas presenciais por modalidades letivas que as reproduzem à distância é, em termos pedagógicos, um absurdo, algo que também ficou confirmado à exaustão. O que era possível fazer em vez disso, e se fez em Portugal, por iniciativa de muitas escolas e professores, foi transpor para a distância as atividades de aprendizagem que podiam ser realizadas à distância. Em boa verdade, algumas delas, como o trabalho em grupos, funcionam muito melhor à distância do que presencialmente, e essa característica também ficou confirmada pela prática. Outra conclusão de importância chave para a preparação do futuro foi que, num mundo onde o presencial e o distante se combinam hoje de forma indissociável, a escola presencial pura deixou de ter sentido. A escola do futuro, que deveríamos inaugurar de imediato, será certamente ancorada na presença, mas, como aponta a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em várias das suas publicações mais recentes, não poderá deixar de se prolongar para a distância e aí fazer decorrer uma parte das suas atividades. O grande desafio do prolongamento da escola para a distância é que as pedagogias tradicionais não funcionam à distância. Nos meios do marketing político fala-se hoje com entusiasmo na transformação digital da escola. No entanto, nenhuma transformação poderá acontecer na escola se não for solidamente fundada em modelos e práticas pedagógicas. Para transitar do passado para o futuro, a escola precisa, sim, com urgência, de uma transformação pedagógica. Um Mapa das Pedagogias Há hoje muita gente que reconhece a necessidade de transformar a escola do ponto de vista pedagógico, mas que se intimida com a ausência de um mapa que a oriente na exploração das pedagogias de nova geração. O Mapa das Pedagogias que apresento procura contribuir para essa clarificação. Nele identifico seis categorias, uma comportando várias subcategorias. Até há duas décadas, algumas dessas subcategorias apenas existiam de forma embrionária. Hoje, todas se encontram descritas na literatura e quase todas se apoiam em sólida investigação teórica e experimental. Percorro o mapa começando pelo bloco superior esquerdo, das pedagogias da explicação. O grosso destas pedagogias corresponde ao modelo magistral clássico, que acredita que educar é transmitir conhecimento e postula ser através da explicação que esse conhecimento se adquire. Ainda no bloco das pedagogias da explicação, emergem variantes muito distintas das pedagogias magistrais, que permitem atender a situações de aprendizagem particulares. Uma delas é a das pedagogias da narrativa (storytelling), inspiradas na evidência, hoje confirmada pelas neurociências, de que a cognição humana se baseia largamente na construção de padrões sustentados por histórias. As pedagogias da narrativa apresentam hoje grandes progressos, alguns inspirados na evolução das narrativas cinematográfica e do vídeo. Outra variante das pedagogias da explicação é a das pedagogias performativas, inspiradas nas lógicas do teatro, que Augusto Boal tanto incentivou e que são hoje úteis na animação de cenários reais em situações de aprendizagem. Nela se enquadram também as pedagogias da dramatização (role play). Na posição seguinte do diagrama, o bloco das pedagogias da emancipação representa uma constelação imensa de pedagogias alternativas que incentivam a autonomia e iniciativa de quem aprende, ao contrário das pedagogias da explicação, que colocam o aluno em modo de receção e dependência. A formulação mais antiga e coerente das pedagogias da emancipação é o diálogo, que Sócrates e Platão quase elevaram ao nível de categoria filosófica. As pedagogias do diálogo reforçaram muito o seu potencial nas últimas décadas, graças aos desafios colocados pelo recurso ao diálogo na educação à distância e aos contributos das teorias do diálogo (Martin Buber, Paulo Freire, David Bohm) e das teorias da conversação (Gordon Pask, H. G. Gadamer). Outra variante das pedagogias da emancipação são as pedagogias da simulação e do jogo, que já inspiravam as didáticas da Escola Nova nos fins do século XIX e princípios do século XX, mas que hoje renasceram muito reforçadas com o recurso aos computadores. Como subvariante destas abordagens, a pedagogia dos casos, já praticada há mais de um século pela Harvard Business School, distribui pelos alunos descrições ficcionadas de casos complexos e estabelece-lhes prazos para que, recorrendo à bibliografia que eles próprios escolham, resolvam autonomamente esses casos e defendam perante colegas e professor as soluções que propõem. A aprendizagem híbrida ou mista (blended learning), que combina componentes presenciais e à distância, é outra abordagem que reforça a emancipação, ao conciliar técnicas de aprendizagem dirigida com práticas de aprendizagem partilhada e orgânicas de aprendizagem autónoma. As pedagogias invertidas (flipped learning) são também indutoras de emancipação, ao incumbirem os alunos de estudarem autonomamente um tópico a aprender, para só depois aplicarem, debaterem e avaliarem em conjunto a respetiva aprendizagem. Algumas instituições têm vindo a explorar com sucesso as pedagogias de exploração do erro, onde os alunos desenvolvem autonomamente projetos complexos e são incentivados a melhorá-los através do debate e da identificação e correção dos erros cometidos. O bloco seguinte do mapa representa as pedagogias de projeto, outra constelação inesgotável de abordagens pedagógicas alternativas. As pedagogias de projeto inspiram-se no modelo de aprendizagem medieval da parceria entre mestre e aprendizes (apprenticeship), que evoluíram na Renascença com a consolidação do conceito de design (do italiano, disegno, proveniente do verbo latino designare: designar, atribuir um sentido a imaginar um desígnio para, exprimindo a capacidade para conceber e levar à prática algo que não existe). As pedagogias de projeto incluem hoje quatro modalidades distintas, que se sobrepõem parcialmente: as pedagogias da criação, que incentivam o uso livre da criatividade; a aprendizagem baseada em projectos (project-based learning), uma das práticas pedagógicas mais promissoras da atualidade; as pedagogias do pensamento de designer (design thinking) que progridem por aproximações sucessivas segundo percursos de síntese que conciliam as partes e o todo; e as pedagogias do fazer, geralmente desenvolvidas em espaços de fabricação (makerspaces), hoje muito populares em projetos de informática e robótica, mas que se prestam a grande variedade de temáticas, tanto das tecnologias como das artes e das humanidades. O quarto bloco do mapa representa as pedagogias da socialização. Embora nascidas há muito nos ambientes presenciais, as pedagogias da socialização têm dificuldade em florescer em salas de aula pequenas e com muitos alunos. Em contrapartida, no espaço online, as oportunidades para a sua utilização são inesgotáveis, desde as situações mais simples, em que se distribuem os alunos por salas virtuais onde trabalham em grupos, para depois os reunir, até situações mais complexas, onde se constroem verdadeiros ecossistemas de trabalho coletivo assentes em redes sociais ou onde se constituem e mantêm comunidades de prática. Outro exemplo do recurso às pedagogias da socialização é oferecido pelas pedagogias da colaboração, com muitas variedades, desde as que se baseiam na construção de inteligência coletiva em contextos sociais complexos até às que criam espaços de coaprendizagem e coavaliação. Na linha das pedagogias da socialização, mas numa perspetiva de auto-aprendizagem, os ambientes pessoais de aprendizagem (personal learning environments) são exemplos de redes de recursos e relacionamentos que cada cidadão pode hoje construir e cultivar para assegurar a sua aprendizagem autónoma ao longo da vida. As pedagogias do treino, representadas no quinto bloco do mapa, foram muito praticadas no passado, sobretudo na aprendizagem da matemática, física e química, mas o construtivismo ainda mal amadurecido dos anos oitenta eliminou-as das escolas. São abordagens de aprendizagem fundadas na repetição: não na repetição rotineira, mas na repetição inteligente, que reforça pouco a pouco as ligações neuronais associadas a uma prática. É a repetição dos músicos, que nela investem os milhares de horas que separam a mera boa execução do despertar do talento. É também a repetição dos atletas de competição, que, hora após hora, dia após dia, ano após ano, os transporta para os píncaros do sucesso. A consolidação da aprendizagem pelo treino, que nas práticas do passado se concretizavam na resolução de baterias de problemas, começa agora a ser redescoberta e timidamente usada em algumas práticas escolares, não só individuais como coletivas, estas últimas por vezes inspiradas nas metáforas das orquestras e dos grupos de jazz. O sexto bloco identifica as pedagogias da pesquisa, inspiradas nas práticas da aprendizagem pela descoberta defendidas por Dewey, Bruner e Papert. A variedade destas práticas pode ser muito grande, desde as que promovem a descoberta científica em laboratório até às que decorrem em deslocações exteriores à escola (na natureza, em museus, em fábricas), passando pelas que se constroem em ambientes online. Epílogo: Por um futuro de transformação pedagógica William Gibson, o celebrado autor da novela Neuromancer, que lançou nos anos oitenta o conceito de Ciberespaço, foi considerado um dos grandes visionários do futuro digital. Curiosamente, nas sessões em que lhe perguntavam quando chegaria esse futuro, respondia: o futuro já chegou - só que está mal distribuído. A educação é hoje um dos domínios onde esta observação se aplica com mais verdade, não apenas pelo que respeita às tecnologias, mas sobretudo pelo que se refere às pedagogias: sabe-se hoje muito sobre educação e pedagogia, mas as pedagogias usadas nas escolas são uma fração infinitesimal das que seria possível e desejável explorar. Alguns professores, em algumas escolas portuguesas, usam já com desenvoltura as pedagogias do futuro. O que falta é generalizar essas pedagogias à realidade escolar nacional. Se o sistema e as escolas conseguirem promover essa transformação pedagógica, poderemos estar certos de que a transformação digital acontecerá naturalmente por si própria. Da aprendizagem na escola digital: o regresso do behaviorismo José Augusto Pacheco1 - Centro de Investigação em Educação (CIEd), Universidade do Minho Resumo Num dossiê temático da Revista Diversidades sobre Desafios da Educação num cenário pós-pandemia, apresento um artigo que é uma análise conceptual sobre a escola digital, sobretudo na essência da sua razão de ser: a aprendizagem. Tendo como ponto de partida os contributos de Selwyn e de Williamson sobre a governação digital da educação, discutindo, respetivamente, o papel insubstituível dos professores e as ideologias relacionadas com a conectividade, a digitalização e a dataficação, abordo o regresso do behaviorismo à escola por intermédio do poder instrumentarista e de tudo o que representa em termos da aprendizagem personalizada. Neste caso, e socorrendo-me da leitura de A era do capitalismo da vigilância. A disputa por um futuro humano na nova fronteira do poder, de Zuboff, argumento que a escola digital, que conheceu uma significativa aceleração com a pandemia de COVID-19, legitima uma conceção de aprendizagem behaviorista centrada nas mais poderosas tecnologias de controlo da experiência humana. Palavras-chave: Escola digital. Aprendizagem. Behaviorismo. Subjetividade. Introdução Tal como diz o subtítulo do Plano de ação para a Educação Digital (2021-2027), elaborado pela Comissão Europeia, é necessário reconfigurar a educação e a formação para a era digital, de modo a promover o desenvolvimento de uma educação digital altamente eficaz e a reforçar as competências digitais. Na chamada era digital, em que se vive, e na qual se viverá mais intensamente no futuro, a escola não deixará de estar centrada na aprendizagem. As análises conceptuais de Williamson (2017) e de Selwyn (2019), de entre outros, configuram o que poderá ser a governação digital da educação e que tipo de aprendizagem se verificará, num contexto em que as tecnologias digitais são os pilares da construção de um novo referencial pedagógico (OECD, 2019). Tal contexto faz parte da nova ordem arquitetada pela civilização dos dados, ou seja, pela ciência dos dados e pela análise de dados na sua relação direta com os algoritmos (Couldry & Mejias, 2019). Se o quotidiano das pessoas já se encontra transformado em dados através da Internet das Coisas – todas as coisas serão inteligentes e estarão ligadas à Internet, permitindo uma maior comunicação e novos serviços orientados por dados baseados no aumento das capacidades de análise desses mesmos dados (Schwab, 2017, p. 128) – os seus modos de agir e de pensar são assimilados pelo imaginário das bases de dados, nas quais existimos somente como números processados em algoritmos. No contexto da educação, o papel dos assistentes pessoais digitais ou dos robots já faz parte da atual realidade, levantando muitos aspetos críticos, por exemplo, se a aprendizagem é suscetível de ser reduzida ou não a uma atividade meramente técnica, reprogramável a cada instante, para que os melhores resultados possam ser alcançados em função de capacidades individuais determinadas por modelos de predictibilidade. A aprendizagem profunda, relacionada com tecnologias que extraem dados, e a partir deles constroem mecanismos personalizados e adaptados de tutoria, está disponível na ubiquidade de vários aparelhos – computadores pessoais, tablets, telemóveis, etc. – que, partindo da lógica de um para um, permitem o acesso às redes sociais, a aplicações móveis e a outros serviços virtuais. O mundo personalizado de aprender abre-se a cada aluno como possibilidade de estudo e de aprendizagem a partir de um apoio adaptado ao seu contexto, mas em função de modelos. Um dos aspetos mais críticos é explorado por Zuboff (2019) através do poder instrumentarista na sociedade digital, cuja análise é transferida, neste artigo, para a escola digital a partir desta questão exploratória: a escola digital significa o regresso a uma conceção de aprendizagem behaviorista? A aprendizagem na escola digital e a sua relação com o behaviorismo A questão em análise prende-se com o modelo educacional que se esconde por trás das tecnologias digitais, cuja conceção e implementação nas escolas obedece por inteiro a políticas e a práticas de accountability. Ou seja, a governação digital da educação é alimentada pelas ideias de personalização e de adaptação, por um lado, e por ideias que enfatizam a produtividade, a quantificação e a calculabilidade, por outro. Tal como é possível utilizar as redes sociais para espalhar falsidades e negações, para além de influenciar o voto livre de cada pessoa em eleições democráticas, assim é possível regular os recursos tecnológicos inteligentes para moldar os alunos a uma determinada aprendizagem. Se não há volta a dar ao digital, senão reconhecê-lo e dizer que não é possível voltar atrás, a tecnologia tem a vantagem de ajudar os professores na realização de certas tarefas escolares que requerem trabalho burocrático, como as máquinas de calcular significam um avanço inestimável, mas desde que os alunos não sejam excluídos de processos cognitivos que são básicos para uma aprendizagem significativa. Baseando-me no livro A era do capitalismo da vigilância. A disputa por um futuro humano na nova fronteira do poder (Zuboff, 2019) coloco três questões sobre a aprendizagem numa escola digital: A aprendizagem digital – personalizada, preditiva e dividida – tornará mais eficaz a escola em termos de resultados? Que novo conhecimento está relacionado com a aprendizagem digital? Que novo poder está na base da aprendizagem digital? O denominador comum a estas questões é o conceito de capitalismo da vigilância2 que representa, por um lado, a arquitetura global de modificação comportamental, usando a experiência humana como matéria prima gratuita que transforma em dados para previsões de comportamento3, a que Zuboff (2019) chama mercados de futuros comportamentais, e o poder instrumentário para controlar a experiência humana reduzida a dados; por outro, uma expropriação dos direitos humanos essenciais e uma anulação da subjetividade. Trata-se, com efeito, de uma nova ordem económica que tem como habitat natural o neoliberalismo moldado pelas gigantes tecnológicas. Como realidade global, o capitalismo de vigilância impõe uma visão totalizadora e coletivista da vida dentro da colmeia, em que a sujeição do indivíduo à consciência do Grande Outro se torna numa prática quotidiana do mundo virtual, a nova casa em que ele agora vive de forma permanente. Nesse mercado digital, porém, o indivíduo tem uma vida eficaz de acordo com as suas necessidades personalizadas – observe-se o exemplo da Microsoft no desenvolvimento de ferramentas inovadoras para sistemas de ensino e de aprendizagem personalizados – e traduzidas em competências que são a referência da educação para o século XXI, de acordo com a metáfora da bússola de aprendizagem usada pela OECD (2019). Mesmo que seja considerado como central o conceito de agência, em que os alunos aprendem a navegar por si mesmos em vários contextos4, a aprendizagem é personalizada não só pela adaptação individual, mas também pela predictibilidade, a partir da extração e da análise de dados que configuram o caminho a seguir, determinado pela aprendizagem automática (Zuboff, 2019), conceito mais amplo que engloba a inteligência artificial. Trata-se da aprendizagem analítica que revela todo o poder dos algoritmos, sobre a qual Williamson (2017, p. 108) diz que será talvez a mais proeminente aplicação da ciência de dados para a aprendizagem personalizada, na pedagogia da ciência dos dados, cujo referencial rompe com os standards e se baseia na modelação de comportamentos, no quadro de uma ciência de dados em larga escala e de um novo conhecimento. Na análise de Zuboff, e aceitando-se que a escola digital será também uma empresa, a aprendizagem personalizada obedece ao imperativo da extração, tornando-se num produto preditivo – prevê o que sentiremos, pensaremos e faremos – na lógica de competitivos mercados baseados no controlo do comportamento humano. Personalizada não significa nem autónoma, nem livre, pois nesse quadro de vigilância a experiência humana renasce sob a forma de comportamento. Ao transformar a experiência pessoal numa matéria prima para a sua conversão em dados, a arquitetura de extração impõe uma nova ordem social centrada na divisão da aprendizagem, na qual máquinas inteligentes e ferramentas analíticas determinam o que se pode aprender e como se pode agir na base desse conhecimento. Desta aprendizagem dividida, ainda segundo Zuboff (2019), resultam dois textos: o texto público, do qual somos autores e leitores, estando acessível no conteúdo informacional da Internet, e o texto-sombra, o qual se encontra oculto da nossa vista, revelando mais sobre nós mesmos do que sabemos. Este último texto fala sobre nós, mas não é para nós, destinando-se à privatização no tal mercado de comportamentos. Os imperativos da personalização, da extração e da predição são, assim, a base de uma aprendizagem mais eficaz e modelada em função de comportamentos e não tanto a partir de standards, o que significa uma rutura com a conceção de um currículo padronizado. A segunda questão relaciona-se com o novo conhecimento que a aprendizagem digital pressupõe, ou seja, um conhecimento calculista, assim o classificou Heidegger (1977) ao falar de tecnologia, determinado pela aprendizagem automática, relacionada com os processos e as técnicas algorítmicos, e apoiado nos assistentes pessoais digitais ou nos robots, bem como a partir da pesquisa nos mais diversos aparelhos digitais ubíquos que incorporam a inteligência automática. O novo conhecimento faz-se, essencialmente, por intermédio de uma conversação digital, cuja interface reside na interoperabilidade entre humanos e não humanos, tanto nos aspetos cognitivos, assim como nos sentimentos e nas intenções. Em relação à questão do novo poder que está na base da aprendizagem digital, Zuboff (2019) fala do poder instrumentarista que define como a instrumentação e a instrumentalização do comportamento para fins de modificação, previsão, monetização e controlo, apresentando-o como suporte de uma tecnologia do comportamento humano, através do quadro concetual do behaviorismo social, desde Watson, Skinner e Meyer até Pentland. Nesta teoria social, que vai muito para lá da psicologia, de longa tradição na educação, os seres humanos são tratados como outros, como organismos e como coisas, não sendo reconhecida a sua liberdade individual, já que impera a sua passividade face ao Grande Outro, que controla e altera o comportamento humano. Com efeito, o poder instrumentarista reduz a experiência humana a um comportamento observável e mensurável e cria um conhecimento infinitamente acumulável, levando à morte da individualidade ou da subjetividade, como defende Pentland (2014, p. 31): É tempo de abandonarmos a ficção dos indivíduos como unidade de racionalidade, e de reconhecermos que a nossa racionalidade é em grande parte determinada pelo tecido social envolvente. Numa sociedade instrumentarista orientada para o mercado, o indivíduo autónomo não passa de um desvio estatístico, um deslize da caneta facilmente corrigido pela marcha que ruma à ação confluente e ao bem maior de outros. Pelo poder instrumentarista, a sociedade é reimaginada como uma colmeia que é monitorizada de modo a serem alcançados os resultados garantidos, devorando séculos de individualidade: o ideal político do século XVIII do indivíduo como portador de dignidade, direitos e deveres inalienáveis; o ser humano individualizado do século XX … o indivíduo psicologicamente autónomo de finais do século XX. (Zuboff, pp. 519-520). Neste caso, a aprendizagem personalizada é profundamente neobehaviorista e a escola digital, por mais que contribua para outros conhecimentos, tende para a supressão da subjetividade e da relação pedagógica assente na conversação complicada (Pinar, 2019) que é o currículo. Contudo, a escola do presente e do futuro será, decerto, uma escola aberta à humanidade, em que a tecnologia será usada de modo a não colocar em causa uma aprendizagem pautada pela dúvida e pela discussão pessoal, pois a educação existe para as pessoas e não para pessoas transformadas em dados, de modo que cada aluno seja tratado como um indivíduo cujas capacidades cognitivas se estão a desenvolver e de quem é esperado que contribua ativa e criativamente para a discussão na sala de aula. (Nussbaum, 2019, p. 110). Nota final Mais que palavras de síntese, apenas uma sugestão para dizer que o romance Klara e o Sol, de Kazuo Ishiguro, tem como personagem principal uma Amiga Digital, chamada Klara. A sua capacidade reside na observação do mundo exterior e das pessoas e das coisas, bem como na aprendizagem contínua que é capaz de realizar de um modo assombroso. Ela lê, memoriza, sente, adormece, acorda, canta, observa, interioriza, interage, imita, interpreta, opina, ajuíza. Ela calcula algoritmicamente e a sua ação depende do modo como foi calibrada. Age em função de padrões. Mas não é tudo na aprendizagem, apenas apoia, pelo que a relação pedagógica, como se observou, recentemente, com a experiência do ensino à distância, no quadro da pandemia de COVID-19, continua a ser o que mais caracteriza a escola na sua essência humanista e inclusiva, mesmo que outras possibilidades de aprendizagem já estejam no interior das escolas, transportadas pelas tecnologias digitais. É preciso entendê-las critica e pedagogicamente, uma vez que as pessoas não são suscetíveis de serem reduzidas a algoritmos que têm por finalidade a busca da perfeição humana. Notas 1 Investigador do Centro de Investigação em Educação (CIEd), Universidade do Minho (UMinho), Braga, Portugal; Ciência Vitae: C61F-7EC6-8365; Email: jpacheco@ie.uminho.pt 2 Este e outros conceitos, bem como ideias que lhes são relacionadas, são desenvolvidos por Shoshana Zuboff, e aqui citados na sua globalidade. 3 Para Shoshana Zuboff (2019, p. 34), a privatização da aprendizagem na sociedade [é] o eixo crítico da ordem social do século XXI. 4 OECD (2019, p. 20), A metáfora de uma bússola de aprendizagem foi adotada para enfatizar a necessidade de que os estudantes aprendam para navegar por si mesmos através de contextos não familiares. Referências Comissão Europeia (2020). Plano de ação para a educação Digital (2021-2027). Reconfigurar a educação e a formação para a era digital. Bruxelas: Comissão Europeia. https://bit.ly/3fLIP3j Couldry, N., & Mejias, U. (2019). The costs of connection. How data is colonizing human life and appropriating it for capitalism. Sanford, CA: Stanford University Press. Heidegger, M. (1977). The question concerning technology and other essays. New York, NY: Harper and Row. Ishiguro, K. (2021). Klara e sol. Lisboa: Gradiva. Nussbaum, M. (2019). Sem fins lucrativos. Porque precisa a democracia das humanidades. Lisboa: Edições 70. Pentland, A. (2014). The death of individuality: what really governs your actions? New Scientist, 222 (2963), 30-21 https://bit.ly/3gaWpw6 Pinar, W. F. (2019). Moving images of eternity: George Grant’s critique of time, teaching, and technology (education). Ottawa: The University of Ottawa Press. Schwab, K. (2017). A quarta revolução industrial. Lisboa: LEVOIR. Selwyn, N. (2019). Should robots replace teachers? Cambridge: Polity Press. Williamson, B. (2017). Big data in education. The digital future of learning, policy and practice. Los Angeles, CA: Sage. Zuboff, A. (2019). The age of surveillance capitalism. The fight for a human future at the new frontier of power. New York, NY: Public Affairs. Bem-estar e saúde mental de crianças e adolescentes em tempos de pandemia de COVID-19 Rita Francisco1 - Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa Há pouco mais de um ano, a pandemia de COVID-19 forçou a adoção de medidas de saúde pública restritivas na maior parte dos países do mundo, como o encerramento das escolas e o confinamento de grande parte da população, numa experiência com consequências desconhecidas para a maioria de nós, um desafio sem igual para a Humanidade. Mas que efeitos podem ter estas medidas na saúde mental e no bem-estar da população? E o que acontece, em particular, com as crianças e adolescentes? Alguns estudos já haviam relatado efeitos psicológicos negativos das medidas de confinamento em adultos (relativas a situações similares anteriores à pandemia de COVID-19), apontando para níveis elevados de stresse pós-traumático, depressão, ansiedade, confusão e raiva, mas existia muito pouca informação sobre os seus efeitos em crianças e adolescentes (Brooks et al., 2020). Assim, logo após o decreto do primeiro estado de emergência em Portugal, em março de 2020, na Universidade Católica Portuguesa iniciámos um estudo que teve como objetivo explorar o impacto desta experiência no bem-estar de crianças e adolescentes. Mais de um ano depois, continuamos a tentar perceber os seus efeitos... que certamente irão fazer-se sentir mesmo depois de controlada a pandemia de COVID-19, pois as suas implicações na saúde mental têm tendência a perdurar mais tempo. Que sintomas psicológicos e comportamentais apresentaram as crianças e adolescentes desde o início da pandemia? Os resultados relativos a mais de 300 crianças a residir em Portugal mostraram-nos uma série de alterações comportamentais e psicológicas que se mantiveram ao longo de todo o período relativo ao primeiro confinamento. Uma percentagem muito significativa de crianças e adolescentes revelaram-se mais agitadas, irritáveis, entediadas ou a discutir mais com o resto da família do que antes do confinamento (Francisco et al., 2020). Para além disso, percebemos que as crianças mais pequenas apresentaram mais instabilidade emocional e mais problemas de sono e de comportamento, com preocupações sobretudo com o afastamento dos avós ou dos amigos, manifestando muitas saudades de brincar com outras crianças. Por seu turno, os adolescentes mostraram-se mais preocupados com a COVID-19 e mais zangados com a situação que vivemos, destacando as saudades de estar com os colegas e amigos, mas revelando também preocupações com a incerteza em relação à escola e ao seu futuro, nomeadamente com a entrada no ensino superior, os planos de férias ou os momentos-chave no desenvolvimento de quem transita para a idade adulta (e.g., festas de finalistas), entre os mais velhos. Todavia, perante estas preocupações e os desafios do confinamento, as crianças e adolescentes também se revelaram capazes de adotar uma diversidade de estratégias de coping, que inclusive foi aumentando ao longo do tempo. Estratégias como aceitar o que está a acontecer ou destacar as vantagens de estar em casa foram das mais utilizadas, estando estas também associadas a menores sintomas de desajustamento socioemocional das crianças e adolescentes. Por outro lado, se numa primeira fase do confinamento muitas crianças também usaram estratégias de evitamento (e.g., agir como se nada estivesse a acontecer, mudar de assunto quando se fala da pandemia), com o prolongar da situação de isolamento foram usando também mais estratégias orientadas para as emoções, como procurar carinho nos outros ou falar sobre a forma como se sente, o que constitui um fator positivo de adaptação (Francisco, Godinho & Pedro, 2021). No nosso estudo percebemos ainda que determinadas condições das casas em que vivemos podem reduzir a probabilidade de as crianças e adolescentes desenvolverem sintomas psicológicos, como viverem em casas em que tenham espaço para brincar ao ar livre (Francisco et al., 2020). Para além do espaço para correr e saltar, este aumenta a possibilidade de exposição solar, fundamental para a manutenção de níveis adequados de melatonina e serotonina, que estão associadas ao nosso ritmo circadiano, ao estado de humor e bem-estar. É por isso importante estarmos atentos às desigualdades sociais (que também se traduzem nas condições habitacionais) e que sempre são acentuadas quando emergem crises na sociedade. Por outro lado, nunca é de mais lembrar que a adaptação das crianças e adolescentes aos desafios que vivemos, e à situação de pandemia em particular, é, em grande medida, influenciada pelo comportamento dos pais e de outros adultos de referência. Efetivamente, responder de forma adaptativa à própria ansiedade que a pandemia provoca e gerir o dia a dia em família pode tornar-se muito mais difícil quando os pais também sentem dificuldades em controlar o stress, seja este decorrente das dificuldades financeiras que as alterações laborais poderão ter causado, das dificuldades em conciliar o teletrabalho com a gestão do estudo em casa, ou mesmo das dificuldades na relação conjugal, que a investigação também já revelou que se acentuaram (Fernandes, Magalhães, Silva & Edra, 2021). Não há dúvida de que a saúde mental dos pais se encontra muito relacionada com as dificuldades manifestadas pelas crianças e adolescentes. Em particular, verificámos que o stress parental associado à pandemia estava muito relacionado com níveis mais elevados de ansiedade e depressão dos filhos (Orgilés et al., 2021). Encontrar um propósito para o que estamos a viver... e mais algumas recomendações para pais e cuidadores Antes de mais é importante todos termos consciência de que muitas das mudanças comportamentais e emocionais a que nos referimos são expectáveis num contexto de pandemia – tanto em crianças como em adultos! –, pois é uma situação estranha para todos nós e que nos obrigou a mudanças muito significativas na nossa vida. Assim, é essencial mostrar empatia para com as emoções, preocupações e frustrações das crianças e jovens, associadas às perdas causadas pela pandemia, como deixar de estar com amigos ou deixar de praticar desporto como habitualmente. Para além disso, é papel dos adultos à sua volta procurar ajudá-las a entender e aceitar a situação, e mesmo destacar os aspetos positivos de estar em casa, como poder fazer mais atividades em família. É importante ainda dar um significado àquilo que estamos a viver e criar um propósito para este confinamento – algo que seja partilhado por todos como uma missão – como proteger a saúde da comunidade, proteger os avós, os amigos, etc… Em tempos de pandemia e de confinamento, também a parentalidade exige ainda maior flexibilidade, pelo que a utilização de estratégias parentais mais autoritativas é essencial. Referimo-nos, por exemplo, a falar com a criança sobre a situação usando informação fiável e adequada à idade, a manter regras (como limitar o tempo de utilização das tecnologias, as horas de refeição) e a ser particularmente tolerante e afetuoso perante os comportamentos menos habituais da criança. É ainda importante não esquecer de reservar momentos diários de brincadeira com a criança (especialmente com as mais novas), incluindo atividades e jogos em família que aumentem as interações positivas entre pais e filhos e, de alguma forma, compensem a falta de atividades ao ar livre e o tempo excessivo passado em frente a ecrãs. Todavia, é importante garantir a manutenção das interações da criança e adolescente com os familiares e amigos através do telemóvel ou computador, para compensar a falta das interações presenciais, tão relevantes para o desenvolvimento socioemocional. E porque o bem-estar e a saúde mental dos adultos também são afetados, é indispensável que estes estejam também atentos às suas emoções e comportamentos e que adotem medidas de autocuidado, como reservar todos os dias um tempo para si e para alguma atividade que ajude a reduzir o stress. Um ano depois... como nos encontramos? Os resultados preliminares que temos relativos ao segundo confinamento, que a maioria de nós viveu entre janeiro e abril de 2021, são de alguma forma preocupantes, porque os níveis de ansiedade das crianças aumentaram significativamente em comparação com o primeiro confinamento. Nas primeiras semanas do confinamento de 2021, crianças e adolescentes mostravam-se mais zangados, agitados, choravam com mais facilidade, mas sentiam-se menos sozinhos e com menos sintomas de depressão. Este é um aspeto positivo e que acreditamos que esteja associado ao regime de aulas presenciais na escola durante o primeiro período do ano letivo. A possibilidade de estarem de novo junto (apesar de mais afastados) dos seus colegas, amigos e professores pode ter tido, de facto, um papel muito relevante na saúde mental, muito para além do benefício em termos de aprendizagens académicas. Por agora, estamos na expetativa de perceber a forma como quase três meses de afastamento da escola real afetou o bem-estar de tantas crianças e adolescentes. E o futuro? Como será ainda depois da pandemia, quando pudermos voltar às nossas rotinas e estar juntos da forma que conhecíamos antes? Seremos os mesmos? Algumas lições certamente aprendemos com esta experiência e não devemos tentar apagá-la da memória, pura e simplesmente... se por um lado percebemos quão supérfluas poderiam ser algumas coisas que considerávamos fundamentais, também percebemos que outras, as pequenas coisas do dia a dia, podem ser uma fonte de bem-estar poderosas! Aprendemos a valorizar mais o tempo em família? Aprendemos a reconhecer o valor de um abraço? Certamente aprendemos a reconhecer a centralidade das relações interpessoais na nossa vida, quão importantes somos uns para os outros e que todos, de certa forma, somos responsáveis pela saúde (física e mental!) uns dos outros. A saúde mental está hoje, finalmente, na ordem do dia, no discurso dos políticos e nos meios de comunicação social, como aquela que sairá mais afetada a longo prazo, após a pandemia de COVID-19. Devemos dar-lhe mais atenção e relembrar aquilo que nos faz bem e de que fomos privados nestes períodos de confinamento. A promoção da saúde mental e do bem-estar de crianças, adolescentes e adultos é um desafio premente, urgente, mais necessário do que nunca, para que possamos sair desta pandemia mais fortes e resilientes. Nota 1 Psicóloga, Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa; Diretora do CRC-W: Católica Research Centre for Psychological, Family and Social Wellbeing. Referências Brooks, S. K., Webster, R. K., Smith, L. E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N., & Rubin, G. J. (2020). The psychological impact of quarantine and how to reduce it: Rapid review of the evidence. The Lancet, 395, 912-920. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30460-8 Fernandes, C. S., Magalhães, B., Silva, S., & Edra, B. (2021). Marital satisfaction of Portuguese families in times of social lockdown. The Family Journal. https://doi.org/10.1177/10664807211009809 Francisco, R., Godinho, C. A., & Pedro, M. F. (2021). When will the virus leave? I miss my friends!: Children’s worries and coping strategies during the emergency state due to the COVID-19 pandemic in Portugal. Manuscrito submetido para publicação. Francisco, R., Pedro, M., Delvecchio, E., Espada, J. P., Morales, A., Mazzeschi, C., & Orgilés, M. (2020). Psychological symptoms and behavioral changes in children and adolescents during the early phase of COVID-19 quarantine in three European countries. Frontiers in Psychiatry, 11, Article 570164. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.570164 Orgilés, M., Espada, J. P., Delvecchio, E., Francisco, R., Mazzeschi, C., Pedro, M., & Morales, A. (2021). Anxiety and depressive symptoms in children and adolescents during COVID-19 pandemic: A transcultural approach. Psicothema, 33(1), 125-130. https://doi.org/10.7334/psicothema2020.287 Ensinar o currículo do futuro Leonardo Ortiz Villacorta1 - International Partnerships da Code.org Quando as escolas começaram a fechar em todo o mundo, há pouco mais de um ano, devido à crise global de saúde, a comunidade educativa teve de acelerar imediatamente uma transformação digital que ainda não tinha concluído na sua lenta jornada de pelo menos duas décadas. Subitamente, ficou claro que não apenas os alunos e os professores não tinham os dispositivos e a conectividade necessária para continuarem a ensinar e a aprender em casa, como também a maioria dos sistemas educativos tinha lacunas ao nível das infraestruturas, nos processos e na prontidão para se adaptar a uma mudança tão repentina. A pandemia de COVID-19 forçou professores, administradores escolares, pais, alunos e a sociedade a repensarem a experiência da aprendizagem. Isso acelerou a necessidade de mudar não apenas a forma como as nossas crianças aprendem, mas também o que eles devem aprender. A humanidade tem testemunhado a necessidade de adotar ferramentas mais equitativas para o ensino à distância e modelos que substituam as tradicionais aulas expositivas para uma aprendizagem interativa e colaborativa, onde o professor atua mais como um facilitador num processo de ensino e de aprendizagem mais individualizado. Contudo, as nossas escolas devem ensinar o currículo do futuro, não apenas o currículo do passado. E num mundo cada vez mais digital, aprender sobre as Ciências da Computação ajudará os alunos a entenderem melhor como funciona o mundo, da mesma forma que todos nós estudámos biologia, química ou física como temas fundamentais. Muitos países, incluindo Portugal, iniciaram este caminho de adoção de um currículo das Ciências da Computação. Porém, ainda há muito progresso por fazer neste âmbito. Assim que a atual crise de saúde passe, não devemos simplesmente voltar ao status quo. Precisamos de soluções inovadoras para melhor preparar os nossos alunos para o que está para vir. Porque é isto importante? Embora não possamos prever quais serão as necessidades do nosso mercado de trabalho na próxima metade do século, já sabemos que o mesmo está a mudar e continuará a mudar ao ritmo do avanço tecnológico. Qualquer discussão sobre o futuro do trabalho deve ser acompanhada por uma discussão sobre o futuro da Educação. Robôs, inteligência artificial e automatização, já não são conceitos da ficção científica. De acordo com uma análise do McKinsey Global Institute de 2000 atividades de trabalho relacionadas com 800 profissões, quase metade é altamente suscetível à automatização, e isso é apenas por meio da adaptação da tecnologia demonstrada atualmente. É também importante observar que essas atividades abrangem empregos em todos os setores e níveis de qualificação e salários. Os resultados deste estudo indicam que a automatização tem muito menos probabilidade de levar ao desemprego em massa, previsto pelos alarmistas, e quase certamente exigirá a redefinição da maioria das ocupações e competências necessárias. No entanto, o mundo não está a reagir com rapidez suficiente para atualizar os sistemas educativos. Mesmo quando muitas escolas ensinam competências digitais, elas ensinam a como usar a tecnologia em vez de como criar tecnologia. Para munir todos os alunos de competências criativas, colaborativas e de resolução digital de problemas que lhes permitirão ter sucesso no futuro, as escolas devem ensinar Ciências da Computação como parte do currículo básico. Essas competências não são apenas cruciais para carreiras técnicas no mundo desenvolvido. Elas são valiosas para todos os empregos em todas as economias. Consciencializar e incentivar para as Ciências da Computação é um dos primeiros passos para um movimento regional ou nacional que deve envolver autoridades educativas, líderes governamentais, o setor privado, a comunidade académica e as organizações sem fins lucrativos. O currículo deve ser divertido e envolvente para todos os alunos. Deve estimular a criatividade e estar disponível no idioma local. Os conteúdos apropriados para todos os níveis de ensino devem ser apresentados e promovidos nos Portais de Educação. Todavia, só haverá um impacto significativo quando houver uma mudança sistemática que comece com a adoção de um currículo para todos os níveis de educação. Isso significa incluir as Ciências da Computação nos parâmetros nacionais da Educação, estruturar o conteúdo das Ciências da Computação para o currículo do ensino pré-escolar, básico e secundário, e definir como aferir e avaliar os conhecimentos e a proficiência das crianças e dos alunos. Talvez uma das tarefas mais desafiantes, porque leva tempo a ser alcançada, é desenvolver a capacidade dos professores para ensinarem as Ciências da Computação. Há a possibilidade de ministrar cursos de introdução às Ciências da Computação para professores, de forma a iniciarem a temática nas salas de aula. Mas um programa mais estruturado deve ser estabelecido pelas autoridades educativas, permitindo a implantação de formação a longo prazo para todos os professores. Em 2019, a OCDE anunciou que a sua avaliação de matemática do PISA de 2022 incluiria perguntas que testam o pensamento computacional. É provável que essa inclusão nessa prova de avaliação desperte para a urgência de uma integração rápida das Ciências da Computação no currículo em todo o mundo. A avaliação PISA de 2022 também dará aos alunos a oportunidade de demonstrarem os seus conhecimentos sobre conceitos e competências mais amplos das Ciências da Computação. Os administradores da escola poderão relatar se as Ciências da Computação são uma prioridade e de que modo a participação ou o interesse dos alunos mudou. A comunidade educativa da Região Autónoma da Madeira posiciona-se no lado certo desta necessidade urgente, pois tem feito um grande esforço para levar as Ciências da Computação às escolas, para que os seus alunos adquiram estas competências fundamentais. É encorajador ver o trabalho desenvolvido pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, através da Direção Regional de Educação, para lançar neste ano letivo o programa das Ciências da Computação e familiarizar os professores com os respetivos fundamentos. Da mesma forma, apraz-nos apoiar os alunos e os professores da Região Autónoma da Madeira, que estão a utilizar o nosso currículo, juntando-se a mais de 60 milhões de alunos e 2 milhões de professores, oriundos de mais de 180 países que já fazem a sua aprendizagem na nossa plataforma. Concluindo, a comunidade educativa da Região Autónoma da Madeira pode contar com o nosso apoio para continuar a desenvolver este projeto, de forma que todos os seus alunos possam desenvolver estas competências tão importantes para o seu futuro. Sobre o Code.org Code.org é uma organização sem fins lucrativos dedicada a expandir o acesso ao ensino das Ciências da Computação e aumentar a participação das mulheres e dos grupos sub-representados. A nossa visão é que todos os alunos de todas as escolas tenham a oportunidade de aprender Ciências da Computação. Criámos mais de 400 horas de aulas e uma plataforma que permite que os alunos aprendam Ciências da Computação ao seu próprio ritmo e sozinhos, e também possibilita que os professores orientem os alunos na sala de aula, tanto no ensino básico como no ensino secundário. Nota 1 Vice-Presidente da International Partnerships da Code.org Desafiar a Escola d.C. (depois da pandemia) Marco Bento1 - Escola Superior de Educação de Coimbra e Centro de Investigação em Educação CIEd - Universidade do Minho Vivemos numa era em que a aprendizagem pode ser feita em qualquer hora e em qualquer lugar. A massiva utilização de tecnologia por parte da população educativa, muito por força da pandemia COVID-19, fez com que o acesso à informação não dependesse de momentos específicos em que se esperava pela chegada do professor. Hoje, o momento de aceder à informação está à distância do clique numa aplicação de um computador, tablet ou smartphone, e com isso a uma infinita fonte de informação na ponta dos dedos. Porém, se vemos na grande facilidade de acesso espácio-temporal uma vantagem, também percebemos que o papel do professor mudou radicalmente e, acreditamos, que este não só não se extingue como adquire novas características no processo educativo presente. Os alunos não têm qualquer dificuldade em encontrar e pesquisar a informação, mas têm enormes dificuldades em selecionar a informação correta e analisá-la devidamente, surgindo o professor num novo papel regulador e guia em todo este novo processo. Se por um lado, deparamos com um novo aluno devido a uma utilização de um novo tipo de tecnologia (móvel), por outro encontramos um tipo de professor com dificuldades de adaptação a esta nova realidade. A formação é uma necessidade real para adaptar o professor a um novo tipo de aluno, conhecendo a forma de utilizar este novo meio (tecnologia). Também é um facto que de um momento para o outro o Ensino Remoto de Emergência e, naturalmente, o uso das tecnologias digitais, se tornaram uma espécie de Novo Mundo para o sistema educativo. É uma verdade, que para alguns de forma natural e para outros de forma mais obrigatória, porque foram obrigados a fazer uma migração rápida e pouco espontânea, levando naturalmente às dores de crescimento e a alguns erros naturais. Importa referir que passamos neste momento por uma enorme diabolização desse digital, muito por encontrarmos dilemas onde não existem, desde logo, entre o Ensino Presencial e o Ensino Digital, como se ambos estivessem em lados opostos de uma batalha. Nada mais enganador, os dois ambientes são fundamentais à melhoria das aprendizagens, podendo ser retirado o melhor dos dois mundos. Naturalmente, grande parte dos professores, pais e alunos viram no Ensino Remoto de Emergência algo que não correu bem, pela falta de meios, preparação pedagógica e técnica, entre tantos outros fatores. Ora, a verdade é que esse ensino foi uma Emergência com os respetivos danos colaterais de um Mundo que não estava preparado para uma pandemia deste calibre. Logo, sendo uma emergência, tentou-se fazer o melhor possível para que a Escola não parasse e nesse aspeto, foram os professores, com muito brilhantismo, que asseguraram esse funcionamento. Porém, entre os diversos confinamentos, os erros poderiam ter sido mitigados e nem sempre assim foi. Continuar a denominar ao Ensino Remoto de Emergência de Ensino Online permanece como um equívoco, que agora torna qualquer tipologia de Ensino Online como negativo, quando este é de enorme sucesso (relembro que não foi aplicado em Portugal). A diabolização do digital começa no ponto em que muitos professores, pais e alunos tiveram experiências negativas, pela falta de computadores, internet, tempo, tarefas adequadas a um ambiente digital, resultando numa perda de confiança, que demorará algum tempo a recuperar, mas esse é o desafio, repensar a Escola com integração digital em ambientes presenciais - Modelos Híbridos de aprendizagem. Sabemos que muitos são os professores que já fazem essa utilização com os seus alunos de forma proficiente e com grande naturalidade, criando cenários pedagógicos que não são uma réplica do analógico, mas uma forma de colocar os alunos a pesquisar e selecionar informação, ver e analisar vídeos, sistematizar conteúdos e produzir recursos que convocam as diferentes áreas do conhecimento e os conteúdos aprendidos. Os exercícios são diferentes, têm de provocar essa mesma diferença, se pensarmos que os alunos são mais ativos, sendo necessário dar resposta a essa forma de pensar e agir. Estas são as experiências a continuar, combinando os ambientes digitais com os presenciais, permitindo que os alunos utilizem ambos. Nunca a colaboração fez tanto sentido, se olharmos para o isolamento presencial, especialmente para a grande proximidade online de tantos professores que nestes últimos tempos procuram ajuda para crescerem enquanto profissionais. A aprendizagem em rede que vários professores puderam testar e experimentar é salutar, desde logo, uma vez que, quando nas mesmas escolas não tinham o apoio e compreensão de colegas, puderam estabelecer relações online com colegas de vários pontos do país e assim criar redes de aprendizagem de desenvolvimento profissional. Segundo estudos recentes, a utilização de tecnologias digitais na aprendizagem serve de complemento à construção de conhecimento e, significado dos alunos. Serve igualmente de apoio à dinâmica de sala de aula e ao desenvolvimento da aprendizagem informal, constituindo uma enorme mais-valia num processo de aprendizagem. Neste contexto, um dos maiores desafios que se coloca ao sistema educativo é a integração destas tecnologias nas salas de aula, mas sobretudo na reflexão e desenho dos novos ambientes pedagógicos de aprendizagem, na sua efetiva e competente utilização. Após tanta formação e autoformação em tecnologias, aplicações, plataformas digitais de aprendizagem, é altura de avançarmos para a próxima etapa, a formação pedagógica, com uma clara utilização pedagógica da tecnologia. Assim, estamos a falar de modelos pedagógicos que assumem o novo papel do professor e uma nova forma de pensar a Escola: o que ensina, porque ensina, para que ensina, como ensina, em que espaços, com que recursos, … Sabemos que os alunos sentem uma grande atração pelas tecnologias móveis e que as usam diariamente, com uma enorme destreza, seja para comunicar, pesquisar, jogar ou criar redes sociais. As novas tecnologias móveis são minicomputadores, com potencialidades inimagináveis de comunicação multimédia e wireless de grande qualidade. Assim, esta premissa leva-nos a refletir sobre a potencialidade da sua utilização em contexto educativo, juntando Ambientes Virtuais à presencialidade. Ao partirmos destes pressupostos, de uma grande familiaridade da tecnologia por parte dos alunos e agora maior por parte dos professores, notamos que existe a possibilidade de melhorar os resultados de aprendizagem utilizando um recurso pedagógico e tecnológico convergente, portátil, multimédia e interativo através de tecnologias móveis. Isto porque se pensa que os novos meios irão modificar o modo como os professores estão habituados a ensinar e os alunos a aprender. Porque ampliam o acesso à informação e às formas de comunicação por meio de recursos nos mais variados formatos (texto, imagem, som, vídeo), atributos que são cada vez mais referenciados como potencializadores da sua utilização. As estratégias de ensino devem promover uma aprendizagem que integre vários sentidos: imaginação, intuição, colaboração e impactos emocionais. Os aspetos estéticos como a imagem, o vídeo, a música (multimédia), agregam uma sofisticação em relação ao processo de ensino/aprendizagem, uma vez que proporcionam a vivência e a interatividade, ligando assim sentidos, sentimentos e razão. Importa conseguir que, neste processo, os alunos se envolvam, tornando-se parte ativa no processo de aprendizagem. Quanto maior for o envolvimento dos alunos na manipulação criativa, na pesquisa, na interação com o próprio conhecimento e na descoberta de novas formas de expressão de saberes, maior será a eficácia didática deste processo. Deste modo, porque não avançar para modelos híbridos de aprendizagem, que no seu sentido mais lato, implicam uma combinação de ambientes, estratégias, recursos, atividades, que podem ser concertados num ambiente presencial com recurso a ambientes virtuais de aprendizagem? Uma parte das atividades em espaços físicos aliada a outra, em espaços digitais online, com combinações diferentes dependendo da idade, da autonomia dos alunos e da flexibilidade do currículo. As atividades digitais podem acontecer dentro do espaço da escola ou fora dele, alternada ou simultaneamente, em modalidades síncrona ou assíncrona. O modelo híbrido mais praticado é o da aprendizagem invertida, já que este combina a aprendizagem presencial com a virtual para obter uma maior eficiência. Os alunos estudam os materiais individualmente online antes (em casa ou na escola) e depois podem discuti-los com maior conhecimento, aprofundá-los e aplicá-los, em grupo ou individualmente, na sala de aula. Os momentos presenciais podem ser aproveitados para realizar atividades diferentes, de discussão, elaboração de projetos, aprofundamento de conteúdos e dúvidas. Este modelo implica os alunos na construção de produtos, fazendo com que apliquem os conteúdos aprendidos e tornando assim a aprendizagem mais significativa. Os modelos híbridos trazem muitos desafios para os professores, uma vez que o papel destes se amplifica e modifica, já que todo o processo de ensino/aprendizagem é mais flexível e centrado na aprendizagem dos alunos. Os professores concentram a sua energia no desenho de atividades significativas, para o desenvolvimento de competências, na preparação de materiais significativos, mas sobretudo, na tutoria e no acompanhamento individual, dos diferentes grupos de alunos, seja em ambientes presenciais, seja em espaços virtuais. Os modelos híbridos precisam de ser planificados tendo em conta a diversidade de condições de acesso muito diferentes de cada aluno, dentro e fora da escola. Em muitas escolas, os professores precisam de planificar atividades para os alunos que têm acesso regular ao digital, para os que têm acesso parcial e para aqueles que dificilmente têm ou não têm acesso ao digital. Isto implica desenhar, a partir do conhecimento da situação de cada aluno, roteiros que mantenham o essencial: a aprendizagem ativa em contextos híbridos diferentes para níveis de acesso diferentes. Deste modo, é fulcral um acesso equitativo aos recursos, nomeadamente, a uma rede de internet estável e consistente. O desafio passará por cada professor conseguir planificar o antes (preparação do aluno, o que cada um consegue avançar), o durante (momentos síncronos: atividades em grupo e com a turma, presencial ou online) e o após (aplicação, conclusão, avaliação), atendendo a diversas possibilidades e realidades. Assim, o grande desafio da Escola do presente, é transformar a cultura tradicional do professor (transmissor) e do aluno (que obedece) para um modelo ativo e mais participativo. É um processo mais complexo, que exige mais tempo e dedicação para o desenho da intenção pedagógica ativa, o acompanhamento personalizado e uma avaliação mais participativa. Nota 1 Professor na Escola Superior de Educação de Coimbra; Investigador em Tecnologia Educativa no CIEd - Universidade do Minho. Colégio Santa Eulália - 1.ª Escola de Referência da Google For Education in Portugal. Vídeo que representa o modelo de escola mencionado no texto: https://www.youtube.com/watch?v=oFMq9YtGM9g&t=10swww.marcobento.com Como e onde podemos intervir para mitigar os efeitos após a pandemia? Fernando Elias1 - Agrupamento de Escolas de Colmeias (Leiria) No tempo incomum de pandemia e de confinamento, a Escola aprendeu muito e tenderá a aprender ainda mais. Hoje, a Escola e os alunos, pais e professores, funcionários, todos percebemos que nada substituiu a relação direta entre os docentes e as crianças/alunos e que não é possível transformar a casa em Escola. Também sabemos dos nossos alunos que uns aprenderam menos e outros, pior. Temos hoje uma noção mais clara de tal realidade que se acentuou nos níveis etários mais baixos e nos alunos provenientes de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos. Sabemos ainda que, na sequência do contexto pandémico que vivemos, outras dimensões críticas do sucesso escolar foram afetadas – menor proximidade e falta de interação social entre os alunos; mais instabilidade em muitas famílias por via da crise económica. É em torno destas realidades que ocorre perguntar o que faz mais sentido a Escola fazer doravante. Algumas perguntas bailam no ar: Como mitigar os efeitos da pandemia e do confinamento? Como e onde se pode intervir? O que parece ser mais urgente? O que se pode mudar? Que investimento(s) deve(m) ser feito(s)? Apresento de seguida algumas ideias-chave que sustentam tal analogia e que, salvo melhor opinião, poderão ser tópicos para uma reflexão sobre o nosso sistema educativo e por todos nós, enquanto intervenientes e participantes no mesmo, e que podem contribuir para o desenvolvimento das crianças/alunos e para a promoção do sucesso educativo. Começaria por referir alguns pressupostos, entre outros mais: 1. É necessário estarmos preparados para um mundo em transformação, cada vez mais imprevisto. Por isso, faz todo o sentido tirar o melhor partido do digital e do presencial, numa conjugação sensata e eficaz. Assim, os docentes deverão refletir cada vez mais sobre a complementaridade e as potencialidades pedagógicas da utilização da tecnologia nas suas atividades escolares. 2. Hoje, sabe-se que aprender é fundamental. Muito mais do que ensinar. Neste contexto, as metodologias, estratégias e recursos didáticos face ao currículo terão de se ancorar cada vez mais numa diversificação e diferenciação de processos e modelos pedagógicos ativos. 3. A máquina, a tecnologia será (bem) importante, mas a (inter)relação será muito, muito mais importante. As emoções não serão nunca dispensáveis, nem a socialização. 4. É essencial clarificar que currículo é o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória e as Aprendizagens Essenciais. O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória assume-se como horizonte e as Aprendizagens Essenciais como referente, numa tentativa de combater as dificuldades sentidas por todos os atores educativos sem exceção, no que diz respeito à extensão dos programas curriculares e à complexidade das metas curriculares. Assumem-se, assim, as Aprendizagens Essenciais não como aprendizagens mínimas, mas antes como estruturantes do currículo a desenvolver e a apreender. 5. Todo e qualquer plano de recuperação das aprendizagens a promover pela Tutela deve respeitar a identidade própria de cada escola/agrupamento, a singularidade da sua cultura inscrita em sede do respetivo projeto educativo. Não devem prescrever-se soluções únicas, de caráter universal. 6. É, de todo, indispensável uma maior agilização na tomada de decisões por parte da administração escolar relativamente às propostas e soluções a apresentar pelas escolas/agrupamentos. Para uma ação estruturante, imediata, configuro três áreas de intervenção estratégica a planear prioritariamente: 1) Área pedagógica; 2) Área organizacional; 3) Área da gestão de recursos. A sua operacionalização deve centrar-se em processos simples, práticos, realizáveis. A – Área Pedagógica A.1 – Educação Pré-Escolar A.1.1 – Medidas / Instrumentos de ação 1. Investimento educativo na educação pré-escolar por ser a chave para o combate ao insucesso escolar. 2. Promoção da concentração e de comportamentos adequados que, com a pandemia e o ensino não presencial, se alteraram. 3. Aposta na melhoria da qualidade das Atividades de Animação e Apoio à Família (AAAF). A.2 – Ensino Básico e Secundário A.2.1 – Medidas / Instrumentos de ação 1. Implementação de programas de tutoria e de mentoria. 2. Aposta em estratégias pedagógicas, como por exemplo, em programas de promoção ou de desenvolvimento [programas de desenvolvimento do ensino experimental (áreas técnica, artística, tecnológica, saúde, educação física, …)] e em projetos e atividades que reforcem a socialização e interação com os pares. 3. Promoção da Cidadania e Desenvolvimento, através de programas de educação para a cultura científica e artística de base humanista, numa estreita articulação com o Plano Nacional das Artes. 4. Redução do número limite de alunos para a constituição de grupos para o apoio tutorial específico face ao número atual exigido (não pode ser inferior a 10), sem necessidade de autorização dos serviços do Ministério da Educação competentes, mediante análise de proposta fundamentada do diretor. 5. Reavaliação dos programas. Diminuir a sua extensão, a quantidade de conteúdos. Dar a relevância devida ao seu caráter prático, funcional, utilitário. Ajustá-los ao nível etário dos alunos, de modo a permitir a sua concretização nas balizas temporais de um ano letivo/ciclo de estudos. Revogar as metas de aprendizagem. 6. Dar maior escala à implementação e valorização de uma cultura de avaliação formativa, como prática avaliativa dominante, que privilegie a qualidade da aprendizagem em detrimento da simples classificação e promova um feedback de qualidade (mais contínuo e sistemático). 7. Na Escola a Tempo Inteiro, a oferta das atividades de enriquecimento curricular (1.º ciclo) deve ser dirigida para áreas de competência--chave do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, com áreas comuns a todos os agrupamentos (por exemplo, Educação Física /atividade desportiva), além de outras, a decidir por cada escola/agrupamento. B – Área Organizacional B.1 – Educação Pré-Escolar B.1.1 – Medidas / Instrumentos de ação 1. Articulação com as ações desenvolvidas para o 1.º ciclo do ensino básico. 2. Alargamento da cobertura da educação pré-escolar. B.2 – Ensino Básico e Secundário B.2.1 – Medidas / Instrumentos de ação 1. Organização diversa de turmas e uma gestão mais flexível. No caso do 1.º ciclo, encontrar soluções eficazes para as turmas multinível/mistas (mais do que um ano na mesma turma) e numerosas. Nos 2.º e 3.º ciclos/ensino secundário, possibilidade de um número de alunos menor por turma, a ser definido localmente por cada escola/ agrupamento. 2. Redução do número de turmas, e níveis, por professor dos 2.º e 3.º ciclos/ensino secundário. A redução do número de alunos deve estar alinhada com o investimento na formação/especialização dos docentes para trabalharem com outras metodologias com tais turmas menores, para que o impacto da medida de redução do número alunos possa ser maior. 3. Operacionalização de soluções organizativas diversas no âmbito do desdobramento de turmas em disciplinas dos ensinos básico e secundário, de modo a permitir o desenvolvimento de competências e aprendizagens essenciais e lógicas de trabalho de oficina, entre outras. 4. Adoção e intensificação da medida de coadjuvação em sala de aula, assente numa lógica de trabalho colaborativo entre os docentes envolvidos, sempre que entendida como necessária, designadamente, nas componentes do currículo. 5. Maior crédito horário de escola para uma gestão flexível e própria de cada escola/ agrupamento. 6. Mais tempo para o trabalho colaborativo dos docentes. Esta dimensão é um preditor do sucesso escolar. Não basta apenas configurarem-se tempos semanais comuns para articulação pedagógica. A componente letiva dos docentes tem de ser repensada para que o trabalho colaborativo, quer entre docentes, quer com os alunos das suas turmas, seja concretizável. 7. Promoção do trabalho colaborativo de articulação vertical (educação pré-escolar, 1.º, 2.º e 3.º ciclos). 8. Implementação de modelos de formação contínua orientados para uma formação pedagógica contextualizada e aplicada no terreno. Formação pelos educadores/professores e com os educadores/professores, com uma incidência particular em modelos pedagógicos que podem ser utilizados com as tecnologias. 9. Promoção de práticas de intervisão pedagógica, no âmbito da observação voluntária de aulas, enquanto processo de reflexão e de desenvolvimento profissional, de identificação de boas práticas observadas/realizadas em contexto de sala de aula e de partilha de boas práticas e métodos de trabalho inovadores. 10. Criação de condições para a formação parental. O reforço da indispensável partilha entre Escola/Família/Comunidade e a importância de apoiar e envolver as famílias no processo de ensino/aprendizagem deverão assumir um papel mais efetivo e vinculativo. 11. Monitorização e avaliação dos impactos obtidos com todas as ações realizadas. C – Área da Gestão de Recursos C.1 – Educação pré-escolar, ensino básico e secundário C.1.1 – Medidas / Instrumentos de ação 1. Manutenção e reforço dos planos de desenvolvimento pessoal, social e comunitário com a afetação de técnicos superiores (psicólogos, mediadores sociais, animadores socioculturais, terapeutas da fala, entre outros), como resposta à necessidade de se valorizar a ação educativa, tendo em vista o seu efeito mitigador das desigualdades socioeconómicas e a promoção de oportunidades de mobilidade social. 2. Intervenção mais longitudinal por parte da Mediação Social para que as mudanças possam de facto ser observáveis e consistentes. A atuação a promover deve ser orientada não tanto para o eixo interventivo – em que tantas vezes as transformações são difíceis de implementar, mas muito mais para o eixo preventivo, junto da educação pré-escolar e do 1.º ciclo, com o intuito de minorar a longo prazo comportamentos disfuncionais e de risco. 3. Criação e/ou transposição para a prática da Mediação Social de um programa de recuperação da motivação e envolvimento nas aprendizagens, destinado aos alunos com comportamentos disruptivos, dificuldades de autocontrolo e autorregulação e com sinais evidentes de desinteresse, desmotivação e fraco rendimento escolar. 4. Manutenção das equipas multidisciplinares de combate ao insucesso e abandono escolar, constituídas por técnicos de múltiplas áreas profissionais, com destaque para a psicologia, a terapia da fala, a ação social, a animação social e cultural e a educação. Estas equipas devem continuar a constituírem-se como recursos acrescidos para as tarefas educativas, em interação/articulação com as escolas. Numa abordagem específica de territorialização de políticas públicas e de compromisso local, o trabalho destas equipas deverá continuar a focar-se na redução do insucesso escolar e na prevenção da saída precoce da escola, em interação com o trabalho desenvolvido nas escolas e nos serviços públicos locais, assegurando respostas multinível, incluindo apoios sociais e saúde, na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário. 5. Valorização do tempo de atividade lúdica e criativa, o direito ao brincar, ao tempo livre, ao lazer, ao bem-estar e à saúde das crianças e jovens, através da oferta de serviços de qualidade que promovam a conciliação entre a vida familiar e profissional (AAAF e Componente de Apoio à Família - CAF). 6. A Escola também precisa de serviços. É necessário um investimento em recursos humanos (técnicos especializados) que assegurem a manutenção e bom funcionamento dos recursos tecnológicos que estão a ser atribuídos às escolas, aos professores e aos alunos. 7. A modernização das instalações e equipamentos escolares terá de ser concomitante com a aposta, em curso, no digital e nas infraestruturas tecnológicas. Testemunho A Educação Inclusiva em tempos de pandemia Grupo de Educação Especial da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia No início do ano letivo de dois mil e vinte, todos nós fomos surpreendidos pela pandemia de COVID-19. A incerteza, há muito presente nos tempos modernos, acentuou-se ainda mais neste novo contexto e, repentinamente, todas as rotinas diárias se alteraram. As conversas, as vivências, as experiências ao nível da aprendizagem – entre tantas outras coisas – ficaram subitamente suspensas e tivemos, enquanto docentes, apenas poucos dias para nos reorganizarmos. A relação professor/aluno passou a ser à distância e a interação, outrora, num espaço presencial, transformou-se numa interação virtual. Este desafio torna-se ainda maior quando lidamos com uma grande diversidade de alunos, com dificuldades distintas. É necessário encontrar formas de comunicação mais criativas e eficientes para uma interação à distância e refletir sobre a seleção e reestruturação dos vários conteúdos, por forma a torná-los mais acessíveis, no contexto difícil em que estávamos e estamos ainda a viver. Era e continua a ser necessário – agora mais do que nunca – garantir que ninguém fique para trás, ou seja, garantir que continuemos a construir e a trabalhar no sentido de uma Educação verdadeiramente inclusiva. A Educação Inclusiva perspetiva uma educação para todos, possibilitando a todos viver e conviver com as diferenças de cada um. É uma educação que respeita a diversidade, promovendo a vivência de cada um e requer, por parte do professor, uma atitude de constante procura, redescoberta, criatividade, reinvenção e organização. E se pensarmos bem, educar é isso mesmo: uma mudança permanente, uma troca, uma partilha e a possibilidade de sermos eternos aprendizes, com a missão de ensinar. Aqui chegados, há várias questões que não podemos deixar de nos colocar e sobre as quais devemos refletir, de modo a adequar e a melhorar, permanentemente, o nosso papel, enquanto profissionais da educação. De entre elas destacam-se as seguintes: 1. Como interage cada um de nós, atualmente, com os alunos que beneficiam do regime de Educação Especial? 2. Que perspetiva adotamos, face a estes alunos, enquanto professores? 3. Terão estes alunos, as mesmas oportunidades, quando confrontados com o ensino à distância? 4. Qual o papel do órgão de gestão da escola? 5. Qual o papel dos professores e dos pais, no atual contexto de pandemia? As duas primeiras questões estão particularmente relacionadas, uma vez que a nossa interação com os alunos se encontra profundamente limitada pelo ensino à distância, o que se torna demasiado exigente para eles e para nós, professores, condicionando negativamente todo o processo de ensino/aprendizagem. As nossas crenças definem os nossos comportamentos e isto é válido em todos os aspetos da vida, a nossa atuação, enquanto professores, não constitui exceção. No que respeita aos alunos com medidas de suporte à aprendizagem e inclusão, mais que com quaisquer outros alunos, é necessário e essencial criar um vínculo, ser-se tolerante, tranquilizador e empático de modo a criar uma comunicação eficaz (porque dela dependem demasiadas coisas), independentemente dos conteúdos que pretendemos transmitir. É fundamental que não os desqualifiquemos, redirecionando a nossa atenção principalmente para os seus pontos fortes, e não o contrário. Relativamente à terceira questão, sentir-nos-íamos, talvez, tentados a responder que estes alunos – que já apresentam dificuldades ao nível da aprendizagem, num contexto presencial – não têm as mesmas respostas no ensino à distância. Mais uma vez, não são apenas os contextos que ditam as dificuldades e as oportunidades; nós também temos, seguramente, uma palavra a dizer. Assim, o planeamento do que fazemos, selecionando os conteúdos, os métodos de ensino e as estratégias, é de extrema importância para o sucesso educativo dos alunos. É nossa função, enquanto docentes de Educação Especial, refletirmos sobre as seguintes questões relacionadas com a aprendizagem: como é que os nossos alunos aprendem; quais os momentos mais propícios a essa aprendizagem; o que é que eles aprendem e como avaliar todo este processo educativo. As rotinas que implementamos; a atenção que damos às especificidades, necessidades e potencialidade de cada aluno; a forma como motivamos e a articulação que desenvolvemos com todos os que com eles interagem, também são fundamentais. Se nos dedicarmos, se nos soubermos reinventar e, fundamentalmente, se não desistirmos, então a resposta poderá ser sim, estes alunos têm a mesma oportunidade. No que respeita à quarta questão, podemos afirmar que o órgão de gestão da escola desempenha um papel fulcral. O sucesso da inclusão educativa de todos os alunos depende, em grande parte, da importância e prioridade que este órgão lhe confere e da eficácia das medidas por ele adotadas, nesse âmbito. Assim, cabe ao órgão de gestão planear, organizar, analisar e refletir sobre todos estes procedimentos, implementando estratégias de melhoria, isto a vários níveis. Deve este planear, de forma colaborativa, procurando organizar os recursos necessários (humanos e materiais, entre outros) e maximizando a sua eficácia. O órgão de gestão pode proporcionar melhores condições para que os professores cumpram, o melhor possível, as suas funções, com vista a concretizar uma educação cada vez mais inclusiva e com capacidade para dar uma resposta à altura dos desafios que a atual situação pandémica nos coloca. E não é uma tarefa fácil! Chegados, finalmente, à última questão – mas não menos importante – qual o papel dos professores e dos pais, no atual contexto de pandemia? -, é importante, antes de mais, que cada um de nós se questione e reavalie, de modo a melhor se reposicionar e responder a esta nova realidade. Lidar, cada um consigo próprio, e gerir eficazmente as suas emoções, é o primeiro passo. O maior ou menor sucesso do que quer que façamos, a nível pessoal e profissional, depende disso. Mais ainda, nestes tempos tão exigentes, de pandemia. Assim, o papel dos professores é ensinar, com vista a promover e desenvolver capacidades, usando e explorando o potencial de cada aluno, sem esquecer, a transição para a vida ativa. Quanto ao papel dos pais, ou da família, é colaborar em todo este processo educativo, criando rotinas de estudo e um ambiente adequado, auxiliando os professores em todo o processo de ensino/aprendizagem. É, por isso, importante que a família seja ouvida, motivada e dotada de recursos (ajudada, se não os tiver). Em tempos de pandemia, estes papéis assumem uma relevância ainda maior e exigem uma articulação transversal. Enquanto docentes, estamos cientes das nossas funções e do longo caminho que temos, ainda, pela frente, na construção de uma escola verdadeiramente inclusiva. Procura-se melhorar, a cada dia, aprendendo com os nossos erros, com os alunos, com os colegas de trabalho, contando com o apoio do órgão de gestão da escola e de toda a comunidade educativa. Estamos conscientes de que uma escola inclusiva é, cada vez mais, uma escola que orienta cada aluno no desenvolvimento de competências que favoreçam o seu pensamento crítico, responsabilidade, criatividade e autonomia. É uma escola que possibilita, a nosso ver, a aquisição de conhecimento, tendo como principal objetivo o desenvolvimento emocional, pessoal e social de cada um dos seus alunos, apostando na formação de pessoas preparadas para se adaptarem a um mundo em constante e rápida mudança, sendo, simultaneamente, capazes de gerir os imprevistos, tão característicos e tão presentes nos tempos de hoje. É uma escola que não investe, apenas, em novas tecnologias ou em formar cidadãos tecnologicamente competentes, mas aceita, corajosamente, o desafio de mudar. É, acima de tudo, uma escola capaz de formar cidadãos que não discriminam o seu semelhante, cidadãos que dão o seu contributo para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais inclusiva, onde a aprendizagem, a evolução e a felicidade de todos sejam os princípios norteadores fundamentais. É, simplesmente, uma escola que pratica uma educação verdadeiramente inclusiva. Só uma escola que pratica este modelo de educação está, acreditamos nós, à altura dos desafios impostos pelas exigências das sociedades atuais, incluindo os desafios que a pandemia de COVID-19 coloca, atualmente, às escolas. A Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Horácio Bento de Gouveia é uma escola que se norteia pelos princípios que atrás mencionámos, não obstante as múltiplas dificuldades que, naturalmente, vão surgindo diariamente. A nossa missão, enquanto equipa desta escola, é contribuir para que a educação inclusiva seja, todos os dias, uma realidade. E esta é, de facto, uma constante no nosso dia a dia. Realçamos que as parcerias estabelecidas entre a escola e algumas entidades, quer públicas, quer privadas, contribuem significativamente para o sucesso desta instituição, tal como a colaboração dos encarregados de educação e de toda a comunidade educativa que proporcionam e cooperam para que toda esta dinâmica ligada à educação inclusiva seja possível e positiva. A educação inclusiva não é apenas um currículo. Não é apenas o atendimento individualizado. Não é apenas a sala de recursos multifuncionais. É organização. É a participação. É planeamento. É, sobretudo, mais colaboração! É preciso fazer um trabalho conjunto! Temos a oportunidade de construir uma nova escola. Uma escola mais inclusiva. (Heredero, 2020) Reflexão O ensino à distância veio para ficar? Testemunhos Elisabete a Partilhamos, neste espaço, as reflexões de diversos agentes educativos da Região Autónoma da Madeira sobre os Desafios do ensino em tempos de e pós-pandemia, nomeadamente, no que concerne às adaptações e ajustes provocados pela pandemia, aos desafios enfrentados, à introdução das ferramentas tecnológicas e digitais de forma mais consistente, assim como ao impacto, a longo prazo, que estas mudanças poderão ter no futuro da Educação. Ricardina Andrade - Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol A pandemia provocada pela COVID-19 veio alterar os modos de vida da população mundial. Tivemos de nos adaptar a uma nova realidade. A nível nacional, numa primeira fase, em março de 2020, ficamos paralisados com o crescimento exponencial de contágios e a necessidade de encerrar o país. As escolas, tal como todos os outros organismos, tiveram de parar. O impacto do encerramento das escolas colocou toda a comunidade escolar em estado de choque e obrigou a quem tem poder de decisão a trabalhar com muito afinco na procura de soluções para manter uma certa normalidade em tempos completamente desconhecidos. Com muito trabalho de equipa, com a colaboração entre as várias estruturas de gestão intermédia da escola, lá se foram desvendando soluções, umas melhores do que as outras, mas sempre com o foco na qualidade de ensino que a escola deveria manter. Muitas mudanças surgiram, quer na forma de ensinar, quer na forma de aprender. A experiência do último trimestre do passado ano letivo foi fundamental para criar novas dinâmicas de sala de aula no arranque do presente ano letivo. As aulas evoluíram para os momentos presenciais e para os momentos assíncronos, pois mantiveram-se todas as ferramentas digitais utilizadas no primeiro confinamento. A incerteza da evolução da pandemia fez com que os órgãos de gestão das escolas pensassem em vários cenários, pois a hipótese de voltar ao ensino à distância era muito provável. Assim, todas a estruturas da escola mobilizaram-se no sentido de preparar uma base de trabalho numa ferramenta digital específica de forma a que, na eventualidade de regressar ao ensino à distância, essa transição fosse o menos dolorosa possível. E assim foi, quando em janeiro de 2021 tivemos de confinar novamente, desta vez de uma forma mais aberta pois apenas o 3.º ciclo e secundário ficaram com o ensino à distância. Esta transição aconteceu de uma forma muito positiva, pois durante os primeiros meses do ano letivo 2020/2021 fez-se um trabalho muito profícuo na criação de ambientes de aprendizagem à distância. Assim, em janeiro, apenas se passou de uma sala de aula física para uma sala de aula virtual. As mudanças aconteceram também na dinâmica de trabalho entre os docentes, entre as várias estruturas da escola, pois a utilização de ferramentas digitais que permitem trabalhar à distância de forma colaborativa é agora um dado adquirido e que ficou no quotidiano e certamente será usado no futuro. Os resultados são bastante satisfatórios. Neste tempo de pandemia houve a necessidade de trabalhar mais em equipa sendo este um aspeto positivo que a pandemia trouxe à Educação. No pós-pandemia, a Educação deverá manter a utilização destas ferramentas digitais, pois são excelentes meios de comunicação entre os vários agentes educativos e, na prática letiva, abrem mais um espaço de comunicação entre os docentes e os alunos que poderão, de forma assíncrona, manter o contacto e trabalhar no sentido da melhoria dos resultados escolares. Estas ferramentas permitem que se desenvolva o trabalho cooperativo sem haver a necessidade de reunir fisicamente. Na minha escola, investiu-se na aquisição de equipamentos informáticos e de rede de internet, pois a equipa de gestão sempre apostou num ensino mais tecnológico. A pandemia veio mostrar que a aposta foi a mais acertada. A pandemia mudou o mundo e, consequentemente, o ensino! As alterações imediatas foram de certa forma dolorosas pois nem todos os alunos têm acesso aos recursos tecnológicos necessários para poderem usufruir do ensino à distância. Houve necessidade de recorrer a ajuda externa para colmatar algumas destas falhas, assim como as famílias colaboraram no sentido de garantir as condições para que os alunos tivessem os recursos tecnológicos necessários para frequentar o ensino à distância. Atualmente, o número de alunos que não consegue acompanhar este tipo de ensino é residual o que permite que os docentes desenvolvam trabalhos diferentes daqueles que faziam antes da pandemia. A forma como os alunos trabalham também mudou, pois recorrem com muita frequência às ferramentas digitais, não fossem eles nativos digitais. As mudanças desencadeiam sempre desequilíbrios nas organizações e nas pessoas. A mudança no ensino provocada pela pandemia não é exceção. Apesar de considerar precoce fazer uma avaliação, pois ainda estamos em tempo de pandemia, considero que, após o choque inicial e os erros cometidos, o sistema de ensino encontrou um rumo certo. Estamos sempre a trabalhar no sentido de melhorar as práticas, conscientes que o trabalho de equipa é fundamental para voltar a equilibrar o ensino. Daqui a alguns anos haverá muitos estudos sobre esta fase e, aí sim, poderá ser feita uma análise mais rigorosa e mais científica sobre as reais mudanças no ensino. Para já, o senso comum diz-nos que se algumas mudanças foram bastante positivas, outras, contudo nem tanto. José Maria Dias - Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária de Machico Surpreendida, como todos, pela pandemia de COVID-19, a Escola repentinamente teve de se adaptar a um cenário complexo e completamente novo. Esta adaptação à nova realidade não foi fácil, pois tornou-se necessário encontrar de entre as soluções possíveis, a mais adequada a não interromper o processo ensino-aprendizagem ou, pelo menos, a minimizar os seus efeitos neste processo. Passado o primeiro momento, a Escola aprendeu a lidar com a pandemia e a integrar esta dificuldade na sua rotina – o reforço de hábitos de higiene e a segurança individual e coletiva – tendo em vista a prevenção do contágio, é a ação mais percetível em todo o ambiente escolar. Contudo, a suspensão das atividades escolares presenciais foi um dos impactos mais significativos na comunidade escolar e, particularmente, nas famílias. A Escola adaptou-se (surpreendentemente com maior agilidade do que alguns poderiam esperar!) às ferramentas tecnológicas disponíveis que permitiram dar continuidade ao trabalho e acompanhar os alunos, à distância. O profissionalismo, o grande empenho dos professores e as suas especiais competências na utilização das novas tecnologias de informação e comunicação e dos meios telemáticos adaptados ao ensino, negou a tese de que este grupo profissional era resistente à mudança. Apesar de, inicialmente, se terem feito sentir algumas limitações decorrentes da escassez dos meios tecnológicos disponíveis (prontamente ultrapassadas com reforço orçamental da escola), foi possível responder a esta emergência social com alguma qualidade e até criando a expetativa de que esta nova realidade tecnológica ao serviço da Escola fará toda a diferença no futuro da Educação. Contudo, não se ignora alguns constrangimentos no ensino à distância, nomeadamente no meio familiar. Se é certo que a escola fez face às carências de equipamento a todos os que dele necessitavam, procurando atenuar as desigualdades sociais, outros constrangimentos foram acentuados, quer pela dificuldade de alguns pais em acompanhar os filhos neste processo, quer pela dificuldade de partilha de espaços e equipamentos no seio do agregado familiar, com vários elementos, uns em teletrabalho e outros em ensino à distância. Esta pandemia deixou marcas nas famílias, pelas mudanças no ambiente e nas vivências familiares, com o objetivo de os pais poderem acompanhar a educação dos seus filhos, em face das novidades tecnológicas introduzidas no processo. E este facto despertou consciências e colocou na agenda do País e da Região, um debate para que todos (pais, docentes, decisores políticos, sociedade em geral) somos convocados: A importância e o papel dos professores e da Escola na nossa Sociedade. A experiência vivenciada no ensino online – através das chamadas sessões síncronas e através do Telensino – e o afastamento/ isolamento social imposto por essa realidade, é uma situação atípica pelo que não deve ser motivo suficiente para aplicá-la na Educação do futuro. A tecnologia, por muito sofisticada que seja, não garante o sucesso na aprendizagem, sendo fundamental a ação presencial, motivada e empenhada do professor neste processo. Todavia, as novas tecnologias na Educação devem ser vistas como uma importante ferramenta auxiliar, de suporte, para dinamizar o processo de ensino/aprendizagem, aproveitando e valorizando a tendência geral de as novas gerações usarem essas tecnologias, no seu dia a dia, mas sempre com equilíbrio, de modo a não eliminar as vantagens do contacto presencial e da interação direta entre alunos e professores que a Escola proporciona, na sua função socializadora. O desafio será integrar cada vez mais a tecnologia nas escolas para maximizar as possibilidades de trabalho, valorizando as relações humanas, com respeito pela inclusão e a individualidade, acompanhada de uma reformulação das estratégias pedagógicas. Anabela Coutinho - Docente da Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol Poderia começar por dizer: Ensino à distância (E@D) … uma catástrofe anunciada! Não, nem tudo foi mau! Começo sim, por referir Revolução digital, uma oportunidade de progresso e transformação. Sou docente há 22 anos e, de facto, jamais imaginaria passar por um cenário destes, em moldes nunca antes equacionados, em que o ensinar e o aprender exigiram mudanças bruscas e radicais. Num mundo novo e inesperado, foi urgente (re)inventar e (re)construir, num espaço de tempo tão curto de mudança, em que nada será como antes … foi desafiante para todos! De maneira alguma, poderíamos transferir métodos de ensino presencial para o ensino online. Houve uma necessidade emergente de me munir de ferramentas digitais. Embora já conhecesse algumas, ainda não as tinha aplicado na prática docente. Não tendo a preparação prévia adequada, recorri à formação no âmbito dos recursos digitais e adotei diversas ferramentas como o Quizziz, Kahoot, Padlet, Edpuzzle, Mentimeter, Teachermade, entre outros. Estas ferramentas são para continuar a pôr em prática, os alunos pedem-nas e faz todo o sentido que assim seja. A tecnologia permite reforçar o método presencial, amplificando a sua eficácia nos processos de aprendizagem. A pandemia obrigou-me a diversificar ainda mais as metodologias de ensino e a reforçar o uso das novas tecnologias. Muitos alunos manifestaram o seu contentamento perante o uso destas novas ferramentas. Sentiram-se mais motivados para aprender, utilizando as diferentes tecnologias digitais. Tive alunos que melhoraram os seus resultados, porque se sentiram mais atraídos por esta nova forma de trabalhar e partilhar conhecimento. Sendo a nova geração aquela que mais utiliza as tecnologias de comunicação digital de uma forma tão natural e proficiente, faz todo o sentido adaptar as metodologias de trabalho, mas sublinhe-se, que nunca substituirão o professor. A interação presencial e efetiva entre discentes e docentes é crucial no processo de ensino/aprendizagem. O conhecimento depende da relação emocional e coletiva que se estabelece. A missão de um docente, por ser de grande responsabilidade, é muito exigente, concretamente na motivação dos alunos para a aprendizagem e no envolvimento da sua atenção. Exigem-nos reinventar e inovar constantemente. Confesso que também eu me senti mais motivada para ensinar recorrendo às novas tecnologias de comunicação e informação, que potenciaram as metodologias de ensino. E esta sensação foi contagiante! Se eu estiver motivada, consigo motivar com maior facilidade e, consequentemente, os alunos sentem-se, também eles, mais motivados… e assim se cria uma corrente… a energia transmite-se, contagia-se e eles sentem-na. Outro fator que considero ter sido positivo, enquanto docente, foi a facilidade com que partilhei instrumentos de trabalho, com um simples clicar em partilhar tela, sem ter que previamente requisitar projetores, sem correr o risco de não ter um aparelho disponível, sem ter constrangimentos com a rede de internet … foi um fator facilitador para a minha prática letiva. Uma das fragilidades que o E@D veio confirmar, foi o facto de muitos alunos não possuírem maturidade para lidar com a autonomia implícita neste modo de ensino, em particular os alunos com dificuldades de aprendizagem. Outra observação a fazer reporta-se aos danos emocionais causados pela pandemia, agravados pela alteração radical dos hábitos sociais. Estas fragilidades fazem mossa a curto e a longo prazo no desenvolvimento pleno e harmonioso do aluno, a nível escolar e individual. No entanto, apesar de algumas fraquezas vivenciadas, foi curioso aferir que há alunos que se dão bem no formato do ambiente virtual. Tive alunos que se destacaram pela positiva, pela participação ativa nas atividades propostas, situação que não se verificava presencialmente. Outra conclusão é a de que os alunos mais empenhados e interessados continuaram a sê-lo no contexto E@D. Ter bons hábitos de estudo e métodos de trabalho é, sem dúvida, uma excelente arma para o sucesso escolar. A circunstância atualmente vivida poderá constituir um momento histórico do contexto educativo, verdadeiramente marcante para a reestruturação/aplicação de metodologias, de estratégias pedagógicas, mas também das políticas educativas. Precisamos de uma mudança estratégica no sistema de ensino e no sistema educativo! É agora a oportunidade! Armando Barreiro - Presidente do Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva A pandemia de COVID-19 trouxe à sociedade uma nova realidade. Um novo pensar. Uma necessidade de se reorganizar. Novos tempos. Novos momentos. Novos desafios. Novas exigências. Uma necessidade urgente de refletir na forma e no modo de atuação em diferentes patamares sociais, económicos e familiares. A Escola enquanto organização também sentiu essa necessidade e urgência de se reorganizar. Ao longo destes últimos tempos, uma Escola essencialmente presencial, centrada numa avaliação contínua, diversificada, de sala de aula, depara-se com realidades diferentes, com confinamentos, com distâncias físicas, com aulas à distância. Novos conceitos. Novas realidades. Uma Escola de afetos, de relacionamentos, que assenta o seu projeto educativo, no desenvolvimento integral do indivíduo, confronta-se com realidades distintas e ações diversificadas. Antes de mais, gostaria de realçar que esta pandemia deixou na escola uma necessidade de solidariedade e de apoio à comunidade. Identificou muitas desigualdades, muitos contrastes e carências. Para além do desafio tecnológico e do ensino à distância, a escola teve de apoiar os seus pares. Houve necessidade de alguns profissionais passarem para o terreno, de saírem do espaço físico e da sua zona de conforto. Tivemos de saber como estavam os nossos alunos e as suas famílias, como estavam aqueles discentes que usufruem de apoio social e como estavam os alunos que mais necessitam de acompanhamento. Para colmatar o que fomos verificando, foram feitas várias campanhas de solidariedade no sentido de reduzir as carências socioeconómicas. A comunidade participou de forma exemplar. Algumas vezes tivemos de ir ao encontro das famílias. Os diretores de turma, as psicólogas, os docentes no geral, e os das necessidades especiais em particular, empenharam-se de tal forma, que tivemos a noção que, para nós, o conceito de cultura de escola e de comunidade não são palavras vãs. A organização do ano letivo 2020/2021 teve de ser alterada. Os horários escolares foram desfasados. Os intervalos deixaram de ser para todos à mesma hora. Os bufetes escolares mudaram radicalmente. Passou a ser uma escola de máscaras. As limpezas foram reforçadas, de hora a hora, de sala a sala. O gel sanitário passou a fazer parte do equipamento escolar. Numa escola onde se verifica falta de auxiliares da ação educativa, não foi uma tarefa fácil. Foi um desafio! Criaram-se locais de entrada e de saída, percursos de circulação. Perdeu-se o contacto social, o sorriso, o abraço, mas ganhamos espírito de colaboração e de cooperação. O Plano de Contingência foi algumas vezes revisto e muitas vezes posto em prática. Grandes desafios! Uma Escola de ensino à distância, misturada com algumas turmas presenciais, trouxe a necessidade de aquisição de novas competências digitais em diversas ferramentas, quer por docentes, quer por discentes. Destaco essencialmente os sistemas de gestão de aprendizagem como o Google Classroom, o Moodle e o Microsoft Teams; o sistema de comunicação síncrona por vídeoconferência, como por exemplo, o Google Meet; a ferramenta para elaboração de questionários, com ou sem classificação, como o Google Forms. Novos conceitos. Novas terminologias. Grandes aprendizagens. Grandes desafios. Grandes conquistas. Todos estes sistemas de gestão permitiram disponibilizar recursos variados, documentos, vídeos, links para sites. São ferramentas que permitem elaborar, calendarizar e monitorizar tarefas, avaliar e dar feedback aos alunos. Mesmo no ensino à distância foi possível o trabalho em grupo, colaborativo e de pesquisa, através do Google Docs, do Google Sheets e do Google Slides. Muita aprendizagem. Muita partilha. Muita informação. Novas aprendizagens! Contudo a implementação de todas estas ferramentas e sistemas de comunicação trouxe também algumas falhas e alguns desafios para melhoria e atuação futura. Nomeadamente, não permitem ver todos os alunos em simultâneo, ou caso o permitam, fazem-no com dimensões muito reduzidas, ou seja, dificulta a interação entre os pares educativos. Foi difícil avaliar quantitativamente, com base em critérios definidos em conselho pedagógico, quando a base dessa avaliação assenta em critérios do ensino presencial. Não ligar a câmara, ter dificuldades de ligação à net, estar confinado junto de famílias em teletrabalho, com partilha de computador e de velocidade de navegação, acentuaram as dificuldades. Foram experiências ricas. Foram aprendizagens rápidas. Foram desafios. Foram muitas vezes momentos difíceis e de algumas incertezas. Não podemos, não devemos, nem queremos perder toda esta experiência e o saber acumulado. As boas práticas devem ser continuadas, mesmo após a pandemia. Não podemos desperdiçar estas competências digitais. Muitas famílias investiram e muito, na substituição de computadores e melhoria no acesso da internet nas suas habitações e esse fator tem de ser valorizado e potencializado. Podemos e devemos recorrer aos sistemas de gestão de aprendizagem utilizados durante o confinamento no apoio a atividades letivas presenciais, através da disponibilização de materiais, envio e recolha dos trabalhos de casa, corrigindo e partilhando essas alterações, com ou sem cotação. É também possível apostar na divulgação das súmulas das aulas presenciais, fazendo com que os discentes possam beneficiar, fora da sala de aula, de mais uma ajuda para consolidar conhecimentos. A Escola está preparada para estes desafios? A Escola será, num futuro bem próximo, mais tecnológica e digital. Temos de aceitar esta realidade e preparar o futuro. A nossa escola está a melhorar e a disponibilizar o acesso à internet em todo o espaço escolar. Temos adquirido mais painéis interativos e colocado mais projetores de vídeo em salas de aula. Temos aumentado o número de computadores portáteis com vista à sua requisição e empréstimo, para uso durante as aulas, para alunos com fracos recursos económicos e/ou para apoio extracurricular por parte de toda a comunidade educativa. Numa Escola que se quer e se espera que seja essencialmente presencial, todos estes recursos podem e devem contribuir para uma aprendizagem mais solidificada e preparada para o futuro. Evoluir é essencialmente mudar. E para sermos agentes de mudança, é preciso estar recetivo e preparado. Graça Faria - Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas O condicionamento provocado pela pandemia SARS-CoV-2 direcionou os trabalhadores para uma realidade já existente, agora mais presente na vida de muitos profissionais, que é a do teletrabalho, também conhecido por trabalho à distância. Para evitar a propagação do vírus, as medidas implementadas no País e na Região levaram a que esta modalidade de trabalho fosse uma resposta para garantir a continuidade dos objetivos profissionais e, desde meados de março de 2020, milhares de portugueses estiveram em teletrabalho. Muitos funcionários viram as suas vidas alteradas ao terem de levar o trabalho para casa e, na Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas (DAAT), esta realidade não foi diferente. O serviço implementou esta modalidade de trabalho recorrendo ao Teams, Centro para o trabalho em equipa no Microsoft 365, plataforma utilizada pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia que permite maior interoperabilidade com correio eletrónico, segurança, acessibilidade, suporte e harmonização. Esta plataforma foi disponibilizada a todos os seus funcionários, através do Office 365, de domínio madeira.gov.pt, pelo que, desde o início, a DAAT criou canais online, cada um dedicado a um tema ou área de intervenção, nomeadamente, Assistência a Alunos, Folhetos Eventuais, ALi, e e-books Todos Podem Ler. Consoante a pertinência, a partilha de ficheiros permitiu a cooperação, colaboração e comunicação entre a equipa, contribuindo para o aumento da eficiência, da eficácia e da qualidade na prestação de serviços aos alunos, famílias e outras equipas educativas, assim como, a solicitações externas. Desde o início desta situação, e a fim de poderem ser dadas as respostas às crianças, alunos e adultos que a DAAT acompanha, foram realizados contactos, telefónicos e via email, de forma a fazer um levantamento dos alunos que iriam necessitar de tecnologia e produtos de apoio em casa. Depois de feito esse levantamento, todo o material foi devidamente organizado, quer a nível de preparação de hardware, software ou outros produtos de apoio (seja equipamento informático ou outras ajudas para acesso à informação, como por exemplo, manuais digitais, plano inclinado, lápis triangulares, atividades em formato A3), assegurando-se a sua limpeza e desinfeção e agendando as entregas ou recolhas destas ajudas técnicas, a partir dos estabelecimentos de ensino, ou a sua entrega no domicílio, através dos transportes da Direção Regional de Educação (DRE), ou ainda o levantamento nas instalações da DAAT, com a presença ou não do aluno (apenas nas situações da necessidade de orientações mais específicas). No total, foram realizadas 140 assistências à distância ou presenciais entre março e maio de 2020. A equipa reuniu-se semanalmente, e sempre que necessário, e procurou assim adotar uma dinâmica que possibilitasse agilizar e manter os serviços prestados com a maior segurança. O ensino à distância veio, de certa forma, alargar as oportunidades de acesso às novas tecnologias para os docentes, alunos e famílias, por permitirem a continuidade do processo de ensino/aprendizagem e do teletrabalho. Muitas famílias tiveram de se adaptar a esta nova realidade, sendo necessário aprender a utilizá-las e compreender o seu funcionamento. Foi, portanto, uma oportunidade para diminuir a décalage existente entre gerações no que diz respeito ao acesso e utilização das novas tecnologias. Grande parte dos alunos que a DAAT acompanha usufrui de produtos de apoio disponibilizados pelo serviço, dos quais se destacam os produtos de alta tecnologia, a saber, equipamento informático, tablets, software educativo específico, entre outros. Estas tecnologias de apoio visam melhorar, compensar ou atenuar um determinado défice ou incapacidade, melhorando a aprendizagem educativa e qualidade de vida do aluno. No fundo, de acordo com as características do aluno, procuramos alternativas e estratégias de aprendizagem mais acessíveis às suas capacidades, na qual se recorre às tecnologias e produtos de apoio, promovendo uma Educação Inclusiva. Ou seja, estes alunos acabam por ter métodos de aprendizagem diferenciados que envolvem a aprendizagem/desenvolvimento das suas competências digitais. Contudo, salienta-se que a utilização destas tecnologias/produtos de apoio envolvem um treino e familiarização prévios, quer por parte dos seus utilizadores, mas também daqueles que os acompanham na vida escolar e familiar. Com a pandemia, verifica-se que quer as famílias, quer os docentes que recebem o acompanhamento da DAAT, se encontram mais sensibilizados para a sua utilização. Uma vez dispondo de mais recursos tecnológicos, adquirem mais competências digitais, o que otimiza, em segundo plano, o ensino e acompanhamento dos alunos que necessitam de tecnologias de apoio. Relativamente aos projetos, apesar da pandemia SARS-CoV-2 ter afetado a dinâmica escolar, o aproveitamento escolar dos alunos que integravam o projeto Teleaula - Aprender sem barreiras manteve-se, não tendo sido registado dificuldades na transição para as plataformas de ensino à distância adotadas pelo estabelecimento de ensino. No que concerne ao projeto Todos Podem Ler, foram editados e divulgados online mais oito eBooks da coleção Leitura Inclusiva da DRE. A coleção eBooks - Leitura Inclusiva tem como finalidade a divulgação e sensibilização para a importância do acesso universal à leitura. Em 2020 foram registados 8472 descarregamentos (2093 .pdf e 35 mp3) no portal da DRE, 7251 na Google Play e 300 na Apple Store. No contexto resultante da pandemia, atendendo à necessidade de demonstrar a utilização de plataformas e programas, bem como às solicitações de atividades lúdico-didáticas, foram criados 5 vídeos demonstrativos da utilização de tecnologias de apoio, disponibilizados no portal da DRE e nas redes sociais, nomeadamente, Ferramentas de Aprendizagem no Microsoft Office 365; Leitor Envolvente no Microsoft Teams; Melhorar as competências na Matemática... com o PhotoMath; A ALi apresenta Porque não podemos ir a escola e COVID-19: Porque ficar em casa. Nesse sentido, para ultrapassar as limitações e atendendo às necessidades do ensino a distância, a opção foi a criação de recursos digitais, meta significativamente ultrapassada nesta área. Neste período, foi ainda apresentada a ALi, a Mascote da DAAT, criada uma área de atividades lúdicas interativas (ALi) no portal da DRE e produzidos e disponibilizados 7 conjuntos de atividades online (puzzles, sequências, sopa de letras, correspondências, entre outras) para crianças e alunos: ALi e a COVID-19, Ali e a Rimas, ALi e a Psicomotricidade, ALi e as Emoções, Horta de Cores, Ogima e A Primeira Aventura. Além das atividades online, a ALi inclui atividades que podem ser impressas e realizadas em família, sendo que, este ano, foram produzidos e/ou publicados 2 conjuntos de atividades para impressão: Vem jogar ao «Jogo do Cubo» com a ALi e ALi e as Férias de Verão 2020, baseadas na coleção eBooks - Leitura Inclusiva das histórias: O Gato Amarelo, Ogima e Pintarolas – Uma aventura no mar. Inseridos no contexto da pandemia, foram criados, excecionalmente, 20 folhetos informativos Destaque ALi, com informações adicionais sobre recursos a utilizar no ensino a distância, com o principal objetivo de canalizar informação útil e divulgando, por exemplo, os novos e-books, atividades em símbolos pictográficos, bem como vídeos demonstrativos e aplicações, podendo estes conteúdos serem encontrados no portal da DRE e nas redes sociais. Desde a sua publicação, a área de Atividades Lúdicas Interativas online do portal da DRE, que disponibiliza atividades aos alunos, pais ou professores, registou 1518 acessos. A pandemia acabou por ser uma alavanca para a mudança que há muito se previa, nomeadamente, na implementação de tecnologias, de plataformas, de ferramentas, de aplicações perante as quais muitos dos profissionais colocavam entraves até então. Tiveram de imergir nesta realidade e recorrer a variadíssimas ferramentas, muitas delas já recomendadas pela DAAT, o que facilitou o acompanhamento às equipas das escolas e às famílias. Priorizou-se a necessidade de clarificar e mediar a comunicação de forma a criar sinergias que permitissem vivenciar este período com eficiência, eficácia, colaboração e cooperação e o sentimento que o trabalho e discussões de equipa são eterminantes na inovação, criatividade e qualidade dos serviços prestados. Apesar dos constrangimentos, conseguimos dar resposta às solicitações externas e internas e manter o plano de atividades previsto. O nível de desempenho facilitou a adaptação a esta realidade assim como a colaboração dos serviços de apoio da DRE, nomeadamente, transportes e aprovisionamento. Este período permitiu desenvolver a área de produção de recursos lúdico-didáticos digitais, no entanto a produção de braille e relevo manteve-se presencial, atendendo a várias limitações. Em junho de 2020, reiniciamos as avaliações especializadas presenciais na área da acessibilidade e tecnologias de apoio. Quanto ao atendimento nos estabelecimentos de educação e ensino, este manteve-se com as adaptações necessárias, quer aos alunos, quer a crianças e outras pessoas que o solicitaram. Iniciamos a dinamização de oficinas online, para substituir as ações presenciais e pretendemos continuar a publicação de e-books e atividades interativas, para facilitar a aprendizagem dos conteúdos. O teletrabalho será uma dinâmica a manter em alternância e continuar a explorar neste período de incerteza. Patrícia Oliveira - Diretora da Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar e Creche de São Vicente O ano de 2020 mudou por completo a visão que existia sobre o ensino. Evidentemente, a escola tradicional não estava preparada para esta avalanche de mudanças. E a nossa escola não foi exceção. Obrigou-nos a sair, a todos, da nossa zona de conforto, e procurar chegar a casa de cada um dos nossos alunos/crianças, sem pedir autorização. A nossa escola não estava preparada para esta nova realidade, mas, rapidamente, todos se propuseram a trabalhar para um só fim…que todo o trabalho de sala de aula entrasse na casa de cada um. Não foi fácil! E é aqui que tenho de valorizar o trabalho árduo dos nossos docentes, o esforço, muitas vezes sobre-humano, para se desdobrarem e aprenderem a usar estas novas ferramentas, de modo a que toda a informação chegasse a todas as casas, sem exceção. Realço também a importância que os nossos encarregados de educação tiveram nesta fase. Foram, sem dúvida, um elo de ligação essencial entre a casa e a escola. Foram extraordinários na capacidade que demostraram, mesmo não dominando e/ou não possuindo as novas tecnologias (uma grande parte), tornando-se o grande alicerce dos seus educandos durante o período de confinamento. Foi um misto de emoções, e, apesar de tudo, as mensagens entre professores, alunos e encarregados de educação exponenciaram-se, os emails multiplicaram-se, as chamadas intensificaram-se, tudo em prol da escola, do ensino, dos alunos e de fazer mais e melhor todos os dias, às vezes mesmo sem as melhores condições. Infelizmente, estas novas ferramentas tecnológicas e digitais nem sempre funcionaram da melhor forma, tanto pela falta de conhecimento em usá-las (docentes, alunos e encarregados de educação), como pela não inexistência das mesmas. Mas, sem dúvida que esta crise obrigou-nos a procurar utilizar a tecnologia a nosso favor, até mesmo os mais resistentes que, nesta fase, conseguiram ultrapassar todas as dificuldades, mostrando a sua capacidade de resiliência. Neste ano letivo, a escola preparou-se para que, se necessário, estivéssemos mais bem preparados para fazer este trabalho online, através de várias formações. Concluindo, hoje, percebemos que estas mudanças dão-nos uma ideia de como o ensino pode mudar para melhor, a longo prazo. Todos nós, ficámos com a consciência de que esta mudança de paradigma permite, num mundo cada vez mais global, que os nossos alunos/crianças consigam chegar a tanto lado, sem sair da sua sala de aula, ter novas experiências, novos contactos, num simples click. Carlos Léon - Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Estreito de Câmara de Lobos Esta pandemia colocou-nos inúmeros desafios, tanto na fase do ensino à distância como após o regresso ao ensino presencial. No ano letivo 2019/2020, foi crucial para uma melhor e mais célere adaptação ao ensino à distância o facto de todos os professores da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Estreito de Câmara de Lobos já estarem familiarizados com a plataforma Teams, disponibilizada pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, pois quase toda a comunicação interna e, inclusive, a partilha de certos documentos, já era efetuada através desta ferramenta antes do encerramento das escolas. Juntando a pró-atividade dos docentes e o apoio disponibilizado pelo Conselho Executivo e pela coordenação de TIC da nossa escola (e por todos os docentes de informática em geral), assim como toda a formação online disponibilizada, podemos considerar que esse primeiro grande impacto provocado pela pandemia foi superado com êxito. Na parte final do ano letivo passado tive a felicidade de, no âmbito do Curso Profissional de Técnico/a de Desporto, ter podido lecionar presencialmente algumas aulas práticas, o que permitiu reestabelecer um contacto mais próximo com os alunos e abordar de uma forma muito mais eficiente alguns conteúdos de cariz mais prático. Já no corrente ano letivo, o regresso ao ensino presencial, com a necessidade de respeitar e implementar todos os cuidados definidos pelas autoridades de saúde, implicou uma série de mudanças bastante significativas na nossa prática letiva. Desde logo, o uso da máscara na sala de aula, além de prejudicar a qualidade da comunicação oral, faz com que não tenhamos uma perceção tão clara do grau de compreensão da matéria por parte dos alunos, pois não conseguimos ler a sua expressão facial. Isto implica que, como professor, tenha um cuidado ainda maior para, em cada momento, encontrar outras formas de verificar se os conteúdos estão a ser aprendidos pelos discentes. No âmbito do Desporto Escolar, os prejuízos têm sido maiores, tal como suponho que acontece com outras atividades extracurriculares. Sem dúvida que com o ensino à distância houve adaptações no meu método de lecionar, embora reconheça que tenham sido graduais. Num primeiro momento, posso considerar que a mudança foi essencialmente a de conseguir que todos os alunos passassem a estar ligados em direto às aulas e que tivessem acesso a toda a documentação de apoio através da plataforma adotada pela nossa escola, o que foi conseguido. Seguidamente, houve a necessidade de adquirir rapidamente novas competências digitais e de adaptar a forma de lecionar, à distância, tendo como grandes objetivos fazer com que o tempo das aulas síncronas fosse o mais rentável possível e promovesse a participação ativa dos alunos. Por outro lado, relativamente às atividades assíncronas, pretendi sempre que fossem uma forma de consolidação dos conteúdos abordados nas aulas síncronas. Uma das formas mais simples e eficazes de o fazer foi através dos formulários online, que tanto serviram para a avaliação formativa como sumativa, assim como através da criação de tarefas com prazos para a sua realização e submissão no Teams. Considero que a eficácia das ferramentas tecnológicas e digitais às quais recorri durante o confinamento foi bastante elevada, sobretudo se tivermos em conta a urgência com que todo o processo de ensino à distância foi implementado. Aliás, penso que o facto de muitas dessas ferramentas terem continuado a ser utilizadas assiduamente pelos docentes, mesmo após o regresso ao ensino presencial, demonstra que são um complemento muito pertinente no processo de ensino/aprendizagem. Portanto, muitas das competências digitais ganhas num curto espaço de tempo por força das circunstâncias continuam a ser rentabilizadas no ensino presencial. Embora seja consensual que nada substitui o ensino presencial, e a ligação muito mais humana que propicia, também é verdade que as ferramentas tecnológicas, que entretanto passámos a dominar, nos permitem muitas vezes desempenhar as nossas funções de forma ainda mais competente e, consequentemente, ajudar de forma mais eficiente os nossos alunos. A pandemia mudou o ensino de forma significativa. Mas, além dos impactos que teve a curto prazo e que eventualmente possam ainda continuar a fazer-se sentir durante algum tempo, provavelmente o mais importante é a forma como iremos rentabilizar no futuro todas as aprendizagens que tivemos e todas as experiências que vivemos nestes últimos tempos. Apesar de todos os ensinamentos retirados do último ano, considero que, no processo educativo, as perdas foram muito maiores do que os ganhos. Por um lado, devido à impossibilidade de substituir o ensino presencial, por muito que se tente encontrar formas de atenuar os efeitos negativos do confinamento. Por outro lado, porque todas as outras valências proporcionadas pela escola, nomeadamente as atividades extracurriculares devidamente organizadas até ao convívio informal entre os alunos, ficaram extremamente condicionadas ou foram praticamente nulas. Um exemplo concreto é o do Desporto Escolar, cuja atividade desde março de 2020 tem sido claramente prejudicada pela pandemia, com sérias repercussões nos hábitos de prática desportiva e de exercício físico em geral. A esperança, no início de ano letivo, de recuperar a tradicional dinâmica deste setor foi gorada pelas restrições implementadas em janeiro de 2021. Esperemos agora que possa acontecer no início do próximo ano letivo. Espaço PSI Psicologia da Educação num cenário pós-pandemia: que futuro? Joana Xavier - Divisão de Apoios Técnicos Especializados A psicologia nos contextos educativos … a escola representa a garra do Homem diante do seu amor pelo conhecimento. (Sá, 2017, p. 116) Os contextos educativos são locais privilegiados para a intervenção psicológica pelo seu potencial preventivo e promotor do bem-estar social e emocional das crianças e dos jovens. O papel do psicólogo nos contextos educativos é fundamental em termos preventivos na construção de ambientes de aprendizagem saudáveis, seguros e inclusivos, bem como de um clima relacional positivo e promotor de bem-estar, pois são estes os fatores que concorrem para o sucesso educativo e o desenvolvimento integral das crianças e alunos (Direção-Geral da Educação, 2018). Numa perspetiva ecológica e transdisciplinar, tal como referem Gaspar, Tomé, Ramiro, Almeida e Matos (2020), as intervenções são mais eficazes quando integradas na prática do dia a dia e na cultura escolar, envolvendo os diversos intervenientes nas comunidades educativas (alunos, famílias, docentes, assistentes técnicos, assistentes operacionais, outros profissionais). Neste âmbito, o psicólogo da educação tem um contributo muito importante na capacitação dos diferentes agentes educativos, no reforço do envolvimento das famílias, assim como no desenvolvimento de intervenções colaborativas e complementares com as outras estruturas e serviços da comunidade, alicerçando-se a intervenção preventiva em três grandes dimensões: escolar, familiar e comunitária. A pandemia de COVID-19 e o exercício da psicologia Do direito a sentir. Do direito a pensar. E do direito a transformar. (Sá, 2017, p. 120) A pandemia de COVID-19 tem gerado sentimentos de insegurança, medo e ansiedade acerca do presente e do futuro, contribuindo para o desenvolvimento e intensificação de problemas de saúde psicológica na população em geral, com repercussões significativas nas comunidades educativas. Nos contextos educativos, a crise pandémica provocou um reinventar do papel da escola, do papel de aluno, de professor e do próprio exercício da psicologia, pelas alterações que desencadeou em termos das ferramentas nucleares desta área do saber científico, tais como a relação, a comunicação e a proximidade. O período de confinamento exigiu um enorme esforço ao nível das capacidades de adaptação, flexibilidade, resiliência de cada um e de criatividade na manutenção dos laços com as comunidades educativas. A psicologia nos contextos educativos num cenário pós-pandemia: que futuro? … os outros, sempre que deixam de ser os outros (e se tornam parte de nós) são quem nos ajuda a descobrir quem somos, o que queremos e para onde vamos. (Sá, 2017, p. 128) A pandemia de COVID-19 e as medidas de prevenção e proteção acarretaram consequências inesperadas para a população e a ciência psicológica não ficou imune a esta crise, procurando adaptar-se, construir e implementar as melhores respostas. Num cenário pós-pandemia, inúmeros desafios surgiram para a intervenção psicológica nos contextos educativos. Neste cenário de receio e mudanças constantes, diversas foram as aprendizagens e as competências desenvolvidas e otimizadas, no sentido de uma ainda maior unificação do saber e das suas práticas. E ao refletirmos sobre a construção contínua do futuro da psicologia nos contextos educativos, é possível realçar alguns aspetos que se destacaram e destacam no panorama atual: • A centralidade de uma intervenção preferencialmente preventiva e promocional. • A colaboração regular: colocar a ciência psicológica ao serviço do desenvolvimento das melhores respostas que conduzem ao sucesso educativo. Os psicólogos podem ajudar a que os vários agentes educativos conheçam melhor os seus alunos, de forma a que as aprendizagens sejam significativas e respondam às questões das crianças e dos jovens. Como refere o psicólogo Eduardo Sá (2016 ou 2017, p. 118), quem as ajude a aprender a partir do que já sabem – de preferência, de forma mais clara, mais simples e mais útil. • O importante papel do psicólogo na promoção da saúde psicológica e do bem-estar: por vários fatores, o cenário de pandemia realçou a centralidade da saúde psicológica, em termos públicos e de comunicação social, o que contribuiu para que a mesma adquirisse uma outra intencionalidade nos contextos educativos. • O reconhecimento e a valorização da psicologia nos contextos educativos, com a necessária diferenciação do seu âmbito de atuação, distinguindo-se de um modelo clínico e sublinhando a primazia de modelos biopsicossociais. • O desenvolvimento de programas de prevenção e promoção de competências relevantes para as comunidades educativas, tendo como orientação que estes programas devem promover o bem-estar, competências socioemocionais e de resolução de problemas, facilitando o sucesso escolar, e não apenas prevenir comportamentos de risco (Gaspar, Tomé, Ramiro, Almeida, & Matos, 2020). • O contributo do psicólogo enquanto mediador na defesa dos princípios da autodeterminação e do envolvimento parental. Destacar, dando voz aos alunos e às suas famílias, os interesses e preferências dos alunos, para que se possam expressar e exercitar o seu direito de participação nas tomadas de decisão. • A utilização das tecnologias de informação e comunicação, como formas de manter a relação, a comunicação e a proximidade, dentro dos limites éticos e deontológicos. • A importância dos processos de intervisão como veículo de cooperação entre pares, de modo a otimizar a rede de apoio profissional e facilitar a adaptação a novas realidades em termos de atuação. • As medidas de autocuidado para precaver a saúde dos profissionais. São estes pontos de reflexão que se pretende que, ao decorrerem da experiência da prática profissional e da evidência científica, situem e orientem o presente e o futuro da psicologia da educação, com uma identidade segura, mesmo em contextos de incerteza. Recordando que também com a ajuda da Psicologia e dos psicólogos, o melhor do mundo é o futuro (Sá, 2016 ou 2017, p. 128). Referências Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho, alterado pela Lei n.º 116/2019, de 13 de setembro, que estabelece os princípios e as normas que garantem a inclusão, enquanto processo que visa responder à diversidade das necessidades e potencialidades de todos e de cada um dos alunos, através do aumento da participação nos processos de aprendizagem e na vida da comunidade educativa. Direção-Geral de Educação (2018). Orientações para o trabalho em psicologia educativa nas escolas. Lisboa: Direção-Geral de Educação. Disponível em https://bit.ly/3uJ6iXd Sá, E. (2017). A unidade dos psicólogos e o futuro da psicologia (pp. 111-128). In Fernandes, L. (Coord.) (2017). Conhecimento de si na sociedade do conhecimento. Porto: Apuro Edições. Gaspar, T., Tomé, G., Ramiro, L., Almeida, A. & Matos, M. (2020). Ecossistemas de aprendizagem e bem-estar: fatores que influenciam o sucesso escolar. Psicologia, Saúde & Doenças, 21(2), pp. 462-481, https://bit.ly/3yVowYF Mendes, S. (2019). A prática profissional da psicologia escolar. Lisboa: Ordem dos Psicólogos Portugueses. Livros Luís Gaspar sugere Inteligência Artificial - Como funciona e como podemos usá-la para criar um mundo melhor Autores: Nick Polson e James Scott Editora: Vogais Ano: 2020 Quando a criatividade humana e o potencial das máquinas se juntam, não há limites para o que se pode fazer, para criar um mundo melhor. Todos os dias interagimos com máquinas inteligentes, desde smartphones, robots e carros autónomos, que estão a mudar o mundo atual da mesma forma que a Revolução Industrial o fez no século XIX. Este livro apresenta o que é a inteligência artificial, como funciona, de onde veio e como aproveitar o seu potencial. Business Intelligence - Da Informação ao Conhecimento Autoras: Maribel Yasmina Santos e Isabel Ramos Editora: FCA Ano: 2017 Os sistemas de Business Intelligence utilizam os dados existentes nas organizações para disponibilizar informação relevante para a tomada de decisão. Combinam um conjunto de ferramentas de análise e exploração de dados com ferramentas que permitem a geração de relatórios, que refletem informação essencial ao entendimento que os agentes organizacionais tiram e partilham sobre o negócio e a possibilidade de agirem para criar condições favoráveis ao sucesso da organização. Este livro apresenta a concretização de diferentes repositórios analíticos, Data Warehouses, e a análise dos mesmos em diferentes contextos organizacionais para mostrar como é que estas tecnologias podem ser utilizadas (On-Line Analytical Processing e Data Mining). Os Inovadores Autores: Walter Isaacson Editora: Porto Editora Ano: 2016 Quais as capacidades que permitiram a certos inventores e empreendedores transformar as suas ideias visionárias em realidade? O que provocou os seus saltos criativos? Por que razão alguns foram bem-sucedidos e outros fracassaram? O autor responde detalhadamente, oferecendo-nos a mais completa história da revolução digital desde Ada Lovelace, pioneira da programação na década de 1840, passando pela fundação do mítico Silicon Valley, terminando com Steve Jobs ou Bill Gates. Este livro resume de forma clara a forma como nasceu a inovação e ajuda a compreender o mundo digital que vivemos hoje. Espaço TIC ALi - Atividades Lúdico Interativas É uma área de conteúdos alojada no portal da Direção Regional de Educação desde março de 2020. Nesta área estão disponíveis atividades lúdico-didáticas criadas pela equipa da Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas. A ALi encontra-se associada a diferentes temas: COVID-19, prevenção da violência, agricultura sustentável, proteção animal, escrita, leitura, psicomotricidade, rimas, emoções, entre outros. De acordo com cada tema, estão disponíveis atividades variadas para realizar online, tais como, puzzles, sopa de letras, sequências para ordenar, correspondências, imitação de posturas e gestos e, até mesmo, ouvir histórias. Para aceder às atividades basta clicar sobre elas, no portal da Direção Regional de Educação. Mind7 O Mind7 é um software direcionado para a intervenção em terapia da fala, baseado na metodologia Computer Assisted Treatment. É uma ferramenta de intervenção ao nível das competências de leitura e escrita, para indivíduos com afasia. Mind7 tem como objetivos a intervenção direta (fornecer uma ferramenta de trabalho em contexto terapêutico) e a intervenção indireta (fomentar a continuidade da intervenção em casa e promover a autonomia e motivação do paciente no processo de reabilitação). Compatível com os Sistemas Operativos: Windows XP, Vista, 7, 8, 10. Socrative O Socrative é uma aplicação simples de elaboração de questionários que pode ser usada em sala de aula para receber feedback em tempo real da aprendizagem do aluno. Através de um sistema de perguntas e respostas, o professor pode recolher, em tempo real, as respostas dos alunos. É uma ferramenta de apoio à aprendizagem independente que permite ao aluno seguir o seu próprio ritmo de trabalho, com informação sobre a correção ou não das suas respostas. Pode proporcionar uma maior interatividade na sala de aula ao motivar os alunos para as corridas de resposta através dos seus dispositivos móveis. Os testes e quizzes podem ficar temporariamente disponíveis proporcionando a sua realização a partir de casa. Para começar o professor tem de criar conta ou entrar com a sua conta do Google. PowToon O PowToon é um software de apresentação minimalista, acessível e intuitivo que permite, mesmo sem conhecimentos técnicos ou de design, criar apresentações profissionais animadas. Existem opções de animações comercializadas, mas as versões gratuitas oferecem funcionalidades diversas que garantem qualidade técnica para produção das mesmas. Podem ser trabalhadas a partir de um modelo em branco ou através da personalização de templates. O usuário tem à sua disposição uma variedade de cores, fundos, personagens animados, efeitos, marcadores, suportes de imagem, texto, som (incluindo opção de inserir sua própria voz) para cada etapa da animação. Notícias Semana da Terra Pedro Miguel Costa1 - Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco Colocando no centro da nossa reflexão a temática dos desafios da educação, temos vindo a verificar, nos últimos anos, uma série de alterações nas ferramentas educativas, nas metodologias e implementação de diferentes dinâmicas de aprendizagem em contexto de sala de aula. O Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, desde há cinco anos a esta parte, organiza anualmente a Semana da Terra. Todos os alunos, mediante um tema escolhido, contribuem com a apresentação de trabalhos, participação em palestras, exposições, experiências e visitas de estudo, no sentido de preservar, dando a conhecer e, por outro lado, alertar toda a comunidade escolar para os problemas de um meio ambiente em perigo. Cientes desta necessidade premente de mudança, o Departamento adotou um conjunto de alterações por forma a responder aos desafios constantes dos alunos de hoje em dia face ao evoluir das novas tecnologias, ao confinamento e à incerteza provocada pela pandemia. Assim, toda a dinâmica criada teve de ser revertida. De forma a que as atividades realizadas em anos anteriores não se esfumassem e na certeza de que o uso das redes sociais e das salas de videoconferência poderiam ser uma mais-valia para fazer face às condicionantes impostas, lançaram-se desafios aos alunos que culminaram em trabalhos, usando apresentações online, QRcode, murais digitais, vídeos, que numa fase posterior foram expostos na página do Facebook da Semana do Departamento, criada para o efeito. Os seguidores da página acompanharam todo o trabalho desenvolvido, tendo oportunidade de dar o seu contributo, gostando das atividades e/ou comentando o que diariamente era postado. No que toca às palestras, os problemas que a presença dos palestrantes e a lotação das salas poderiam suscitar foram ultrapassados com o recurso às novas tecnologias. Assim, tivemos o prazer de receber na nossa sala de sessões da escola, por videoconferência, a alpinista portuguesa Daniela Teixeira, que a partir de Manteigas, na Serra da Estrela, nos deliciou com as suas histórias de bravura e amor pela montanha e pela natureza. O professor Fernando Vilarinho, um fervoroso adepto dos percursos pedestres portugueses, que desde o Porto, descreveu as grandes rotas da Serra do Buçaco, da Costa Vicentina e das Aldeias Históricas. A intervenção do engenheiro João Rodrigues, Diretor Regional de Juventude, incidiu sobre o mar e o conjunto de oportunidades que oferece, e ainda sobre os seus feitos enquanto ex-atleta olímpico, a importância de nunca desistir e o acreditar na concretização dos nossos sonhos. De realçar que, nesta sessão, assistiram atentamente meia centena de alunos e professores do ensino noturno da escola, no conforto e segurança de suas casas. Recebemos ainda o engenheiro Miguel Serrão, que, a partir da sua casa, nos mostrou de onde provém, por onde passa e como é tratada a água que bebemos em nossas casas. Há ainda a realçar que as videoconferências foram transmitidas aos alunos em mais do que uma sala, através da partilha do link de acesso, permitindo evitar ajuntamentos. Em formato presencial, recebemos o biólogo e investigador Manuel Biscoito, do Observatório Oceânico da Madeira, que para além da sessão dedicada ao tema da biodiversidade marinha na Região, defendeu o recurso a artes de pesca tradicionais e explicitou o trabalho desenvolvido pelo Observatório em prol da proteção da vida nos mares e oceanos. Foi-nos ainda facultada uma exposição itinerante, que ficou patente na biblioteca da escola, e recursos didáticos que incluíram uma série de experiências, desenvolvidas por duas técnicas do Observatório, e que sensibilizaram os alunos para a problemática do lixo marinho e para o impacto dos microplásticos no mar, que constituem grandes ameaças ao planeta. O Projeto História da Madeira, bem como o Departamento Eco-Escolas, também desenvolveram atividades, no âmbito desta temática, junto dos alunos. De referir que estas atividades, sendo presenciais, tiveram de ser realizadas apenas para uma turma, tendo sido cumpridos todos os procedimentos que a crise pandémica impõe. Em conclusão, o Departamento conseguiu, num momento de dificuldade, criar um conjunto de oportunidades que permitiu, mantendo as atividades programadas, comemorar a Semana da Terra de uma forma inclusiva, colocando em ação toda a comunidade escolar e contribuindo para consciencializar para a preservação, e assim para um desenvolvimento, que se quer sustentável. Nota 1 Coordenador do Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco Certificação EDUCAmedia (Selo de Excelência) Vasco Cunha - Divisão das Tecnologias e Ambientes Inovadores de Aprendizagem - Programa EDUCAmedia O programa EDUCAmedia assenta na vertente educação para os media. Apresenta-se como um veículo de promoção da inclusão social e exercício da cidadania, procura melhorar a qualidade do ensino nas escolas e a qualidade de vida das comunidades nas quais se insere. Visa introduzir novos métodos pedagógicos em sala de aula, promover novas técnicas de ensino e formas alternativas de aprendizagem ativa, através do contacto com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), com os media e com o audiovisual. Esta abordagem enquadra-se na visão educativa inerente à autonomia curricular das escolas. A base deste programa é o desenvolvimento da literacia em publicidade e nos media. Além da questão técnica, pretende-se dotar as crianças e os jovens com ferramentas essenciais que as ajudem a compreender e a interpretar a publicidade e a comunicação social, preparando-as para fazerem escolhas informadas e para desenvolverem o seu sentido crítico. O programa é composto por dez projetos, a saber: TV escola, Cinedesafios, Aprender com o cinema, Webradio, TICultura, Madeira Curtas, Certificação Escola Educamedia, Educamedia Aprende Online, Festival de Audiovisual e Cinema Escolar e Clube de cinema, vídeo e multimédia. Qualquer temática educativa pode ser trabalhada por este programa nas escolas. Desenvolver um plano de atividades de um conteúdo cultural envolvendo as TIC e multimédia no TICultura, explorar temáticas associadas a um filme no Aprender com o Cinema, participar em oficinas de formação no Festival de Audiovisual e Cinema Escolar - FACE ou em cursos de formação para professores no Aprende Online, realizar um noticiário ou reportagem para o TV Escola ou produzir um programa de debate ou informativo na Webradio, bem como a criação de um vídeo de sensibilização no Cinedesafios, ou ainda desenvolver uma curta-metragem como projeto do Clube de cinema, vídeo e multimédia, interligado com a temática anual do Madeira Curtas, são opções diversificadas e desafiantes que motivam os alunos dotando-os de competências essenciais para o seu desenvolvimento integral. As boas práticas nos projetos, apoiadas na capacidade crítica e na criatividade, focadas na estimulação dos alunos para a descodificação de discursos mediáticos e para a produção audiovisual, são reconhecidas com a certificação Escola EDUCAmedia. Esta certificação é atribuída por ano letivo e apresenta níveis de classificação que vão de A a D, sendo que o nível A representa a classificação máxima, com direito a Certificado e Selo de Excelência, que atesta a existência, naquela escola, de uma educação para os media e de uma produção audiovisual consciente, criativa e de qualidade. Este projeto também visa desenvolver competências nos alunos e professores na área da produção e realização audiovisual e multimédia, a nível conceptual e prático, proporcionando a aquisição de aptidões genéricas fundamentais relativamente à comunicação, artes e design. Neste âmbito, no dia 9 de abril de 2021, decorreu, no auditório da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Eduardo Brazão de Castro, a cerimónia de entrega de certificações do projeto Escola EDUCAmedia com transmissão em direto para o YouTube. Apesar das dificuldades e restrições inerentes ao período de confinamento, as escolas adaptaram-se à realidade, conseguindo realizar um excelente trabalho dentro das suas possibilidades. Desta forma, referente ao ano letivo 2019/2020, foram atribuídos certificados e selos de excelência às seguintes escolas: Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar (EB1/PE) de Câmara de Lobos, EB1/PE de São Filipe, EB1/PE da Lourencinha, EB1/PE da Calheta, Escola Secundária Francisco Franco, Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares e Escola Básica e Secundária com Pré-Escolar da Calheta. De salientar que as restantes 25 escolas que se propuseram para certificação, apesar de não terem obtido a classificação máxima, realizaram um excelente trabalho, tendo condições para posteriormente integrar a lista de escolas certificadas nesta área. O EDUCAmedia já foi reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação como um dos exemplos de boas práticas para a promoção da equidade (relatório Estado da Educação 2016). Pretende através da sua atuação, presente na maioria das escolas da Região, continuar a mobilizar as TIC, os media e o audiovisual/multimédia através de um apoio credível e sustentado para a exploração desta área assim como contribuir para dar resposta a várias prioridades definidas no currículo dos ensinos básico e secundário. On...Oficinas online Graça Faria - Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas No contexto da pandemia SARS-CoV-2, a equipa da Divisão de Acessibilidade e Ajudas Técnicas (DAAT), da Direção Regional de Educação (DRE), dinamizou diversas ações de sensibilização e formação online. Oficina online Todos Podem Ler A oficina online Todos Podem Ler teve lugar no dia 10 de fevereiro, decorrente da entrega de equipamentos informáticos (portátil e tablet) e de kits em formatos acessíveis, no âmbito do projeto Todos Podem Ler, em parceria com a Fundação Altice. Os referidos equipamentos foram entregues, já no final do ano letivo de 2019/2020, aos estabelecimentos de ensino abrangidos pela 5.ª etapa do projeto, nomeadamente, a Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar (EB1/PE) do Areeiro e Lombada, a Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar e Creche (EB1/PE/C) de São Gonçalo, a EB1/PE do Estreito da Calheta e a EBS/PE/C do Porto Moniz. Assim, e atendendo ao facto de estarmos a viver uma situação de pandemia que não permite a realização de sessões presenciais, avançou-se para uma sessão online, síncrona, através da plataforma Microsoft Teams, que contou com presença dos quatro técnicos superiores de biblioteca das escolas supramencionadas. Esta ação, dinamizada por Andreia Pinto, técnica superior de educação, com a colaboração de Tiago Abreu, engenheiro informático, teve como objetivo sensibilizar e dar a conhecer as tecnologias de apoio que possibilitam construir conteúdos em formatos acessíveis, para e com os alunos, nas bibliotecas escolares. Mais informações sobre o projeto em https://www.madeira.gov.pt/dre/daat. Oficina online de Leitura Inclusiva A convite do Departamento de Economia e Cultura da Câmara Municipal do Funchal, através da Biblioteca Municipal, a oficina online de Leitura Inclusiva foi dinamizada na plataforma Zoom, no passado dia 12 de fevereiro. Esta oficina, ministrada por Graça Faria, chefe de divisão da DAAT com a colaboração do especialista de informática Tiago Abreu, procurou sensibilizar os participantes para a importância da Leitura Inclusiva através da utilização de tecnologias de apoio e conteúdos adaptados às necessidades dos alunos. Esta sessão permitiu divulgar a Publicação eBooks-leitura Inclusiva da DRE e abordar os formatos acessíveis, bem como o projeto Todos Podem Ler. Apesar da distância, a interatividade foi uma realidade. É sempre gratificante dinamizar este tema e debater o projeto Todos Podem Ler com participantes interessados e entusiastas. Projeto Teleaula - Aprender Sem Barreiras No passado dia 19 de fevereiro, Graça Faria, chefe de divisão da DAAT, e Sílvia Silva, professora, apresentaram o Projeto Teleaula – Aprender Sem Barreiras aos Técnicos Superiores da área de Psicologia, da Divisão de Apoios Técnicos Especializados. A apresentação aconteceu online, num seminário muito participado e que contou com a presença virtual de cerca de 50 psicólogos. Este projeto, da DRE, pretende «promover e desenvolver projetos ligados ao ensino a distância para alunos impossibilitados de frequentar a escola de forma presencial», competência conferida à DAAT, pelo Decreto Regulamentar Regional n.º 28/2001/M e, atualmente, pelo Despacho n.º 141/2020, de 09 de abril. Apesar de contar com 17 anos de existência, a divulgação deste serviço torna-se importante atendendo às especificidades dos alunos que o podem integrar, tais como, alunos com doença oncológica ou outras doenças físicas ou psicológicas, ou ainda alunos com estatuto de atleta de alto rendimento. Mais informações sobre o projeto em www.madeira.gov.pt/dre/daat. Na sequência da apresentação deste projeto, recolhemos os seguintes testemunhos: Estive a ouvir-vos esta manhã, na reunião realizada para o grupo de Psicologia. Gostei muito, ajudou-me a clarificar melhor a forma como a DAAT trabalha com estes alunos. Interessou-me de uma forma particular porque conheço dois dos alunos que ganharam muito com a vossa intervenção. De uma forma particular, sou testemunha do percurso muito positivo que tem sido realizado por um aluno, que eu acompanho desde 2013. Após muitas tentativas para que ele voltasse à escola, esta foi a resposta efetiva que lhe permitiu voltar a acreditar na concretização dos seus projetos futuros. Hoje é um aluno com muito sucesso académico e motivado para prosseguir os seus estudos e formação superior. Dou-vos, uma vez mais, os parabéns pela Vossa abertura a novas realidades e necessidades. Neste caso, mudou e melhorou muito a vida do aluno em questão. Natália Pita, técnica superior Depois de conversar com a professora titular de turma, assinalamos como aspetos positivos: o contacto, a ligação que a Teleaula permite estabelecer entre a aluna e os restantes colegas da turma; nos intervalos, a aluna pode conversar com os seus colegas; consegue acompanhar e assimilar os conteúdos e apresenta a concentração necessária; participa na aula e tira as suas dúvidas, quase como se fosse presencial. Como aspeto negativo, regista-se apenas as falhas na ligação que, felizmente, acontecem poucas vezes. Muito obrigada. Beatriz Alves e Dora Pacheco, docentes do ensino básico Oficina online Acessibilidade e Tecnologias de Apoio Nos passados dias 4 e 5 de março de 2021, decorreu a oficina online Acessibilidade e Tecnologias de Apoio, integrada na atividade formativa Apoio Educativo Especializado: O Assistente Técnico no Contexto Educativo, organizada pela DAAT e dinamizada pela professora Sílvia Silva e pelo terapeuta Fábio Martins. Esta ação de formação, que teve a duração de 6 horas, contou com a participação de 22 formandos, assistentes técnicos especializados que intervêm com alunos com necessidades especiais nos vários serviços técnicos e estabelecimentos de educação e ensino da Região. Foram apresentados os serviços disponibilizados pela DAAT, tendo sido igualmente abordada a importância das Tecnologias de Apoio para crianças e jovens com dificuldades em diversas áreas. Foi salientada a relevância de uma avaliação de necessidades dos alunos, nesta área, em colaboração com a equipa da DAAT, de forma a facilitar as diferentes adaptações individuais. Ao longo destas sessões, foram demonstradas as potencialidades de algumas ferramentas, através da partilha de ecrã, nomeadamente, o portal da DAAT com a visualização de diversos vídeos sobre a utilização de Tecnologias de Apoio, bem como do Centro Aragonês de Comunicação Aumentativa e Alternativa (ARASAAC), para apoio na comunicação aumentativa e alternativa, aplicações como o Let Me Talk, Claro Scan Pen, software como o Office 365 e manuais adaptados acessíveis através do PDF Viewer, entre outros. De salientar a participação ativa dos técnicos que frequentaram a ação online, que os formadores consideraram ter sido muito positiva. Em jeito de balanço, é de destacar que todas essas ações de sensibilização e formação online foram muito participadas e o feedback obtido por parte dos formandos é, de facto muito positivo, atendendo à pertinência e relevância dos temas tratados, assim como à importância da divulgação de todos os processos de avaliação e aconselhamento na utilização de ajudas técnicas/produtos de apoio e acessibilidade, no acesso dos espaços, bem como no acesso às Tecnologias da Informação e da Comunicação nos estabelecimentos de educação e ensino da Região Autónoma da Madeira. Para finalizar, é uma certeza que a dinamização de oficinas online continuará, quer pela avaliação dos participantes, quer dos formadores e organizadores. Rede MAPeAR António Freitas, Maria Conceição Campanário e Nivalda Pereira - Escola Secundária Jaime Moniz Escola Secundária Jaime Moniz é uma das 50 escolas do território nacional que, desde o passado dia 16 de abril, faz parte da rede MAPeAR (Mapeamento Ambiental Colaborativo da Qualidade do Ar e Ruído), promovida pela ASPEA, Associação Portuguesa de Educação Ambiental. Foi nesse dia que o primeiro sensor de partículas foi instalado e registado na Região Autónoma da Madeira. Estes sensores medem, entre outros parâmetros, a concentração de partículas PM2.5 e PM10 (partículas de diâmetros entre 2,5 e 10 ?m), consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS)1 como os poluentes do ar que mais pessoas afetam no mundo, sendo um bom indicador da qualidade geral do ar. O desafio MAPeAR foi proposto pelo Programa Eco-Escolas, integrado no Projeto: O ar que eu respiro e tem como objetivo a promoção da literacia socioambiental, na comunidade escolar, sobre os impactos da poluição do ar nos metabolismos humano e urbano, cuja mitigação e eliminação estão diretamente associados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas «3. Saúde de qualidade» e «11. Cidades e comunidades sustentáveis». Os objetivos específicos da rede MAPeAR são: - Introduzir metodologias de investigação/ação e de ciência cidadã nas escolas na área de qualidade do ar; - Promover e sensibilizar a literacia socioambiental nas escolas e seu meio envolvente; - Capacitar professores e alunos como agentes multiplicadores do MAPeAR, através do uso de ferramentas digitais e de medição da qualidade do ar; - Incentivar professores e alunos a participar ativamente na elaboração de políticas públicas para a materialização de cidades inteligentes, resilientes e sustentáveis. A partir dos dados obtidos pela rede, esperamos contribuir para informar o público das concentrações destes poluentes e dos perigos que eles representam para a saúde. Com estas informações, será possível estimular a participação cidadã, de forma a influenciar políticas públicas locais e nacionais, no sentido de serem tomadas medidas de forma a melhorar a qualidade do ar, tais como o estímulo da mobilidade suave, a transição para a descarbonização e uma regulamentação mais apertada das principais fontes poluidoras na indústria, que poderão ser identificadas a partir dos dados dos nossos sensores. Os dados poderão ser acompanhados em: - Particulate Matter App, disponível para Android - sensor.community, cujos sensores são usados nesta rede - Particulate Matter App Online NOTA 1 Segundo a OMS: ? ...não existe um limite mínimo identificado onde não haja danos para a saúde derivadas da exposição a partículas de diâmetros entre 2,5 e 10 ?m (PM2.5 e PM10). ? Limites máximos recomendados: 25/50 ?g/m³ em média por dia para PM2.5/10. ? Redução de 35 ?g/m³ para 10 ?g/m³ em média por ano poderá reduzir a mortalidade relacionada com a qualidade do ar em 15% (2016). ? Europa: abaixo dos limites, mas estimado uma redução de 8,6 meses na esperança média de vida devido à exposição a partículas. O Teatro está Online Direção de Serviços de Educação Artística O Dia Mundial do Teatro é celebrado mundialmente a 27 de março, desde que foi criado, em 1961, pelo Instituto Internacional do Teatro. Este ano, devido à situação pandémica, não foi possível comemorar esta efeméride de forma presencial. Assim, a Direção Regional de Educação (DRE), através da Direção de Serviços de Educação Artística (DSEA), lançou o desafio às escolas para que este evento fosse realizado em formato digital, sob a designação: O Teatro está ONline. Participaram no evento 16 escolas, com um total de 17 trabalhos performativos. Apelou-se à criatividade dos professores, tanto a nível da temática, quanto do recurso a variadas técnicas de expressão dramática/teatro. O resultado foi uma diversidade de trabalhos e de técnicas, nomeadamente, declamação, teatro de fantoches de mão, teatro de sombras chinesas e teatro físico, que foram divulgados nas plataformas YouTube e Facebook da DRE/DSEA. Entre os dias 22 e 27 do mês de fevereiro, foram transmitidos 3 vídeos por dia, nos seguintes horários: 10h, 14h e 17h. No dia 27 de março apenas foram divulgados 2 trabalhos, um às 10h e outro às 17h, ficando o espaço das 14h dedicado à transmissão de testemunhos sobre a importância do teatro na educação e formação do aluno, por parte de vários atores ligados a projetos de teatro para crianças e jovens, nomeadamente, Filipe Luz, Élvio Camacho, Paula Erra e Eduardo Luiz. De referir ainda que este evento contou com a parceria do Jornal da Madeira, que contribuiu para uma ampla divulgação do evento. A nível regional, enquanto prática pedagógica, a iniciação ao teatro começa logo na educação pré-escolar, através de jogos dramáticos, de forma a que as crianças desenvolvam competências de socialização, autoconfiança, cooperação, concentração, psicomotor, da criatividade, de comunicação e argumentação. A promoção desta prática desde a mais tenra idade reveste um caráter de grande importância, pois promove o desenvolvimento de competências essenciais para a formação integral da criança, tornando-a mais capaz de entender o mundo que a rodeia. Não há dúvidas que a expressão dramática, desde a primeira infância, promove a aquisição de capacidades e competências que contribuem para o desenvolvimento do indivíduo de forma progressiva e integrada. Em termos curriculares, as aprendizagens da componente do currículo de expressão dramática/teatro prosseguem no nível seguinte, ou seja, no 1.º ciclo do ensino básico. Esta prática artística com perto de 40 anos de existência nas escolas da Região também integra, desde o ano de 1995, ano em que se iniciou o modelo de Escola a Tempo Inteiro (ETI), a oferta das atividades de enriquecimento curricular, através da modalidade artística de expressão dramática/teatro. Assim, o aluno começa a conhecer o potencial do seu corpo e da voz, a relação com o espaço, com o objeto e com o outro. Todas estas aprendizagens desenvolvem também competências em outras áreas da componente do currículo. A partir do 2.º ciclo do ensino básico, o acesso às atividades de teatro concretiza-se, desde 2002, através da referida modalidade artística, enquanto oferta de escola. Em termos estatísticos, todas as crianças da educação pré-escolar e os alunos do 1.º ciclo do ensino básico da Região Autónoma da Madeira têm acesso à expressão dramática/teatro no seu currículo. Nas atividades de enriquecimento curricular existem 138 grupos (turmas), envolvendo 2330 alunos. O contexto atual da pandemia provocou um decréscimo da frequência desta prática, uma vez que os alunos do 3.º ciclo do ensino básico e secundário tiveram aulas à distância. Neste contexto, temos 13 projetos de expressão dramática/ teatro, frequentados por 282 alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário. O teatro é uma forma de arte que atravessou os tempos desde o homem primitivo, sendo uma arte que é vivida e transmitida de forma intensa e profunda. O ator dá vida às personagens, a outras formas de ser, a seres imaginários… Através do corpo e da voz, expressa-se e liberta emoções. O ator apela à cumplicidade do público e à relação efémera que ambos criam no seu espaço sagrado que é o palco. O teatro é e será sempre um veículo importante para o desenvolvimento global da sociedade. Nota 1 Coordenadora da Modalidade Artística de Expressão Dramática/Teatro da Direção de Serviços de Educação Artística Semana Magalhães José Xavier Dias - Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos da Torre A Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos da Torre, através dos Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), decidiu integrar no ano letivo de 2019/2020 a Rede de Escolas Magalhânicas (REM), que visa envolver alunos e professores, através da partilha de conhecimentos, de experiências e de materiais didáticos, de modo a reforçar o interesse pelas personagens e pelos episódios da história da expansão marítima. Desde o início da implementação da REM, foram planeadas e realizadas atividades destinadas essencialmente aos formandos dos cursos EFA, mas abertas a outros públicos, que suportam a disseminação de conhecimento sobre a importância da viagem de circum-navegação realizada pelo navegador português Fernão de Magalhães, além de servirem também de partilha de saberes e de experiências sobre a história da expansão marítima. Contudo, devido à pandemia de COVID-19, foi necessário proceder a alguns acertos no presente ano letivo, para conseguir organizar várias atividades, com destaque para a Semana Magalhães que decorreu entre os dias 25 e 30 de abril de 2021. Dentro do extenso programa previsto, destacamos uma limpeza de praia, em parceria com a Associação francesa Wings Of The Ocean. Entre formandos e formadores dos cursos EFA e voluntários da referida associação, participaram nesta atividade cerca de 40 pessoas e, em conjunto, recolhemos e separamos 306 quilos de lixo que depois seguiu para a reciclagem. Com a Wings Of The Ocean também dinamizamos uma palestra sobre o lixo nos oceanos e fizemos uma visita guiada ao barco Kraken, onde fomos elucidados sobre as atividades desta associação em prol da despoluição das praias e dos oceanos, sendo o problema do plástico a principal bandeira destes voluntários. No dia 26 de abril, foi apresentado, pelo professor Alcino Penso, o projeto REM aos alunos de 6.º ano e aos formandos dos cursos EFA e decorreu uma palestra intitulada Os locais e culturas da viagem de Fernão Magalhães, proferida pelo professor José Xavier Dias, que destacou o papel e o legado desse grande navegador. O potencial da aquacultura foi o tópico da ação de sensibilização proferida pelo biólogo Carlos Andrade, do Observatório Oceânico da Madeira, no dia 28 de abril, uma ação proposta pelos formandos, na qual estes participaram ativamente colocando questões pertinentes ao orador. Tendo em conta que a nossa escola, no presente ano letivo, também integra a Rede Escola Azul, consideramos pertinente apresentar este projeto nacional e para tal convidamos a professora Sandra Brito, coordenadora do projeto na Região, que para além de nos apresentar o projeto propriamente dito, também alertou para a questão da literacia dos oceanos e do papel de cada um de nós na defesa e proteção deste bem comum. Por fim, o professor Adelino Faria, coordenador do projeto na escola, apresentou o plano de atividades até 2022. As atividades da Semana Magalhães terminaram sexta-feira, dia 30 de abril, com um evento gastronómico, na cantina da escola. Esta refeição foi confecionada com especiarias iguais às que foram trazidas para a Península Ibérica pela armada de Fernão Magalhães. Seguidamente, decorreu a palestra final, proferida pelo Dr. Vítor Grácio e intitulada A vida a bordo das naus na carreira da Índia, durante a qual o orador relatou, com bastante pormenor, como era a vida nas naus na época dos Descobrimentos, fazendo um paralelismo com a vida a bordo da armada de Fernão Magalhães. Posteriormente, procedeu-se à Sessão de Encerramento, moderada pelos formandos Amílcar Figueira, Sara Corte e Noélia Camacho e com a presença do Diretor Regional da Educação, Dr. Marco Gomes, em representação do Senhor Secretário Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, da Dra. Helena Neto, da Direção-Geral de Educação, da Dra. Sónia Pereira, Vice-presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, do professor Maurício Castro, Vice-presidente da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos da Torre e do professor Alcino Penso, Coordenador do Projeto Rede de Escolas Magalhânicas da EB23 da Torre. Além das atividades acima referidas, destacamos a elaboração de um mural sobre Fernão Magalhães e a Circum-navegação, da autoria do professor Rui Soares. Por fim, é oportuno mencionar que a Semana Magalhães contou com a preciosa colaboração dos projetos ERASMUS + KA1 (CIA e JAEA), da APEFA - delegação da Madeira, do Conselho Executivo da Escola e do Projeto Escola Azul e em conjunto pretendeu-se valorizar o legado de Fernão Magalhães, promover a literacia dos oceanos e envolver toda a comunidade educativa Reabilitação de infraestruras Gabriela Fernandes - Serviço Técnico de Educação Especial No âmbito do Orçamento Participativo da Região Autónoma da Madeira (OPRAM)/2019, o Serviço Técnico de Educação Especial (STEE) candidatou-se aos fundos para reabilitação e inovação terapêutica, uma oportunidade para adquirir equipamentos e recuperar espaços de extrema importância para o desenvolvimento, a saúde e o bem-estar das crianças e jovens (alunos) do STEE. Este Projeto, considerado a proposta N.º 218 do OPRAM/2019, foi candidato na área temática da Inclusão Social, de âmbito supramunicipal, apresentado em setembro de 2019 e aprovado em dezembro de 2019 (com 381 votos, a quinta mais votada das 25 apresentadas, neste âmbito). Assim, a reabilitação da cozinha geral e a construção de um tanque terapêutico tornaram-se possíveis. O financiamento foi aplicado de imediato após a disponibilização das verbas, com início das obras a 9 de dezembro de 2020 e conclusão a 26 de abril de 2021. Todos os prazos previstos foram cumpridos, com excelência técnica. No que respeita à utilização da cozinha agora revitalizada, desativada devido ao envelhecimento natural dos equipamentos, as obras devolveram a garantia do cumprimento das regras de higiene e segurança alimentar. Assim antevê-se já um início de ano letivo 2021/2022 com a confeção de refeições na nova cozinha, acabando-se com o fornecimento externo das mesmas, com agilização de respostas alimentares específicas (corresponder às necessidades alimentares, muito especificas, que as crianças e jovens com multideficiências apresentam, por vezes ao longo do dia e de forma inesperada) e diminuição de custos e riscos de operação, envolvendo recursos humanos, veículos e equipamentos diversos. De referir ainda que este espaço, integrado num edifício histórico, o Solar dos Leme, que data do século XVII, tem capacidade para ser usado na realização de variados eventos regionais, desde que não comprometam o normal funcionamento do STEE, podendo eventualmente tornar-se uma mais-valia para a Região. Por outro lado, a construção de um tanque terapêutico, a adaptação dos respetivos balneários e a abertura da porta de emergência do piso -1 do Edifício VI, irão proporcionar a tão desejada intervenção em meio aquático adaptado e específico com vista à reabilitação, assim como ao desenvolvimento e ao bem-estar das crianças e jovens multideficientes que frequentam a escola. Este equipamento oferece soluções de intervenção mais especializadas e atualizadas que permitem diminuir a espasticidade e as sequelas nos alunos com deficiência motora, proporcionar a mobilização e aumento da amplitude articular, assim como estimular o desenvolvimento psicomotor, emocional e social de todas as crianças e jovens do STEE. Em educação física, poderá ser usado para iniciar a adaptação ao meio aquático. Este tanque terapêutico pode eventualmente servir a comunidade local, de acordo com a dinâmica do STEE. Este equipamento exige uma área técnica do exterior do edifício, o que garantiu a colocação de uma Saída de Emergência, há muito desejada pela comunidade educativa do STEE e pelo Serviço Regional de Proteção Civil, por razões de segurança e exigência legal do Plano de Emergência. E, com estes contributos, entramos na década da Inovação STEE, com evidências…rumo aos 60 anos desta Escola Especial! Nutri...falando 1.as Jornadas de Educação Alimentar da DRE/ERPASS Elsa Forte1 - Projeto de Educação Alimentar da Direção Regional de Educação Com o isolamento social imposto pelo cenário da COVID-19 e a impossibilidade de manter as atividades presenciais das instituições de ensino, a educação sentiu a urgente necessidade de adaptação. Migramos de um ambiente entre quatro paredes para o ambiente virtual, sem aviso ou tempo de planeamento. Os impactos gerados pela pandemia proporcionaram desafios de imprevisibilidade obrigando a reimaginar o potencial e a oportunidade que a educação enfrenta. Uma das principais transformações na educação pós-COVID envolveu a utilização de recursos tecnológicos como alternativa ao distanciamento imposto e como forma de manter o ensino e as atividades de aprendizagem. A tecnologia viabilizou e facilitou o processo de mudança atuando como ferramenta para os docentes no que tange ao gerenciamento dos conteúdos e à comunicação. A rotina educacional, com um tempo e espaço próprios, sofreu uma alteração significativa. No Projeto de Educação Alimentar também ocorreu uma adoção de recursos tecnológicos para suprir essa relação, que era presencial, e abraçou-se o desafio apostando na formação online de docentes, em parceria com a Estratégia Regional de Promoção da Alimentação Saudável e Segura (ERPASS), através do evento NUTRI…falando - 1.as Jornadas de Educação Alimentar da DRE/ERPASS, ao longo de quatro manhãs, nos dias 14, 16, 21 e 23 de abril de 2021. Este evento, validado para progressão na carreira docente, foi aberto à comunidade em geral e dinamizado através do canal de YouTube do Projeto de Educação Alimentar da Direção Regional de Educação (DRE). Esta parceria teve como objetivo gerar reflexões e propostas acerca do tema da Educação Alimentar de forma a permitir um entendimento mais complexo e interdisciplinar das noções implicadas nos conceitos de alimentação. Contou com a presença de preletores regionais e nacionais de distintas áreas, tendo como premissa o facto do comportamento alimentar do ser humano não se resumir à ingestão de alimentos, pois configura um processo complexo que ultrapassa a necessidade biológica e recebe influência de vários fatores sociais, culturais, geográficos ou afetivos, sendo, por isso, necessário uma reflexão ressaltando a importância de atuações e práticas que extrapolem a abordagem exclusivamente biológica. No atual contexto educativo, a promoção de práticas alimentares saudáveis prevalece como uma atividade estratégica e é essencial na prevenção e no controlo das doenças crónicas não transmissíveis e deficiências nutricionais, bem como na valorização das diferentes expressões da cultura alimentar, no fortalecimento de hábitos regionais, na redução do desperdício de alimentos, na promoção do consumo sustentável e da alimentação saudável. Neste sentido, esta ação de formação abordou os seguintes temas através dos seguintes oradores: • Aprendizagem do gosto e a experiência vivida - Ricardo Oliveira, nutricionista do Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM); • Processamento sensório motor oral e comportamento alimentar na criança - Ana Marques , terapeuta da fala do Centro Desenvolvimento da Criança do SESARAM; • Alimentos e dietas da moda - Gonçalina Góis, nutricionista da DRE; • Bebidas energéticas - É verdade que nos dão asas? - Teresa São Marcos, nutricionista do SESARAM; • Perturbação do Comportamento Alimentar - Marlene Forte, psicóloga clínica da Administração Regional de Saúde do Norte; • A alimentação nas redes sociais - Sandra Anjos, nutricionista do SESARAM; • Alimentos industrializados… necessários? - Mónica Campos, nutricionista do SESARAM; • Ervas aromáticas e Alimentação - Natália Silva, bióloga da Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas; • Comida dentro do plástico…riscos para a saúde - Diana Silva, nutricionista do SESARAM; • Alimentação saudável na era digital, empreendedorismo e tendências - Lusmar Rodriguez, nutricionista da Becare Clínica; • Uma pitada de publicidade - Bruno Sousa, nutricionista do SESARAM; • Semear Saúde, Colher Sorrisos - Ana Ghira, chefe de divisão da Divisão de Inovação Agroalimentar da Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural; • Educação Alimentar: Importância da Sinergia dos Intervenientes e Cenários de Aprendizagem - Carla Reis, nutricionista da DRE; • Refeições saudáveis porque, de facto… somos o que comemos - Rodolfo Rodriguez, chef e diretor de curso de cozinha/pastelaria da Escola Profissional Amar Terra Verde. Este formato de formação permitiu o derrubar de barreiras geográficas, visível no número registado, acima dos 1900 acessos e visualizações, ultrapassando os números anteriores de frequência de formações. O facto de ser transmitido pela plataforma YouTube permitiu igualmente a interação e colocação de questões via chat, que foram apresentadas aos oradores e por eles esclarecidas. Nota 1 Elsa Forte - Coordenadora do Projeto de Educação Alimentar da Direção Regional de Educação Madeira - Região incubadora do programa Microsoft Showcase School Luís Gaspar - Divisão de Tecnologias e Ambientes Inovadores de Aprendizagem A Região Autónoma da Madeira junta-se ao programa Microsoft Showcase School, uma comunidade escolar exclusiva, espalhada por todo o mundo, reconhecida e elogiada pela sua transformação educacional que inclui a visão de inovação no ensino, na aprendizagem e na avaliação, com o foco nas competências do século XXI, tais como o pensamento computacional e crítico, a criatividade e colaboração, a utilização de dados para apoiar a tomada de decisões, e a promoção de uma mentalidade de crescimento entre professores e alunos. A criação de ambientes de aprendizagens inovadores é imprescindível para que as crianças e jovens, que se encontram em processo de educação e formação, se consciencializem e conheçam as diferentes abordagens e potencialidades que a tecnologia vem proporcionando na vida económica, social e cultural, no momento atual, constituindo-se, também, pelos conhecimentos e competências que mobilizam, requisitos inestimáveis que os qualificam e que lhes permitem, ao longo da vida, enfrentar melhor os desafios da sociedade moderna. De modo a potenciar aprendizagens ativas e desafiantes, a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia concebeu um Plano de Ação Estratégica para a Inovação Educacional nas escolas da RAM, que está a ser progressivamente implementado desde 2018. Este Plano de Ação Estratégica integra, entre outros, o Projeto dos Manuais Digitais para todos os alunos, a partir do 5.º ano, das escolas públicas da Região, a criação de salas de Ambientes Inovadores de Aprendizagem, a criação da disciplina de Ciências da Computação, a formação de professores, a disponibilização a todas as escolas dos ensinos básico e secundário de equipamentos e recursos para as Ciências Experimentais, Ciências da Computação, Programação e Robótica Educacional. Acreditamos na necessidade de construir um novo conceito de escola, uma escola que privilegie metodologias ativas e abordagens pedagógicas que coloquem as crianças no comando da sua aprendizagem e, igualmente, no impacto positivo da incorporação da tecnologia nos processos e nos ambientes de aprendizagem, assumindo que esta é, efetivamente, um elemento fundamental do desenvolvimento das competências presentes no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Como região incubadora do programa Microsoft Showcase School, a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia trabalhará em estreita colaboração com a Microsoft numa viagem para liderar a inovação na transformação da educação e comunicar uma visão de transformação, possibilitada pela tecnologia, para ajudar os alunos a superarem e desenvolverem as competências necessárias para o futuro. A primeira fase de implementação do programa Microsoft Showcase School teve início no mês de fevereiro de 2021 e avançou com uma amostra de escolas da Região que envolve 18 estabelecimentos: Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar e Creche (EB1/PE/C) da Ladeira e Lamaceiros, Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos (EB23) do Estreito de Câmara de Lobos, Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-Escolar (EB1/PE) da Lourencinha, EB1/PE da Nazaré, EB23 Dr. Eduardo Brazão de Castro, EB1/PE de São Filipe, Escola da APEL, Colégio da Rochinha, EB1/PE/C do Caniçal, EB1/PE/C Eng.º Luís Santos Costa, Escola Básica e Secundária (EBS) da Ponta do Sol, Escola Básica e Secundária com Pré-Escolar e Creche do Porto Moniz, EBS Prof. Dr. Francisco de Freitas Branco, Porto Santo, EB1/PE/C da Ribeira Brava, EB1/PE/C de Santana, EBS de Santa Cruz, EB1/PE das Figueirinhas, EB1/PE/C de São Vicente A experiência adquirida, nesta primeira fase, será de extrema importância para o alargamento do programa às restantes escolas da Região, que se prevê acontecer no decorrer do ano letivo de 2021/2022. Este projeto está fortemente alicerçado numa componente de formação do pessoal docente e não docente docentes e de outro pessoal presente em contexto escolar, simultaneamente, quer ao nível da aquisição de Novas Competências Digitais, quer do aprofundamento dos conhecimentos e competências já adquiridas no âmbito das Tecnologias da Informação e Comunicação. Pretende-se que este projeto se concretize numa melhoria ao nível da qualidade das aprendizagens dos alunos, cada vez mais autónomos e comprometidos na construção do seu próprio saber, e num processo educativo muito mais enriquecedor, personalizado e criativo, que lhes possa conferir competências para os desafios futuros, de uma sociedade que é cada vez mais digital e baseada na utilização da tecnologia. Microsoft Showcase School O programa Microsoft Showcase School tem como objetivo reconhecer e promover a colaboração entre as escolas que, além do alto padrão de qualidade no ensino, demonstrem um comprometimento com a transformação da Educação. Atualmente, há três escolas portuguesas que integram este programa: EPRAMI, Escolaglobal e Agrupamento de Escolas de Freixo. Para integrarem este programa, as instituições de ensino devem primeiro aderir ao Microsoft Showcase Incubator, programa no qual recebem o apoio da Microsoft e de líderes educativos de todo o mundo, para criarem um plano de transformação adequado à sua realidade. Para mais informações consulte o Microsoft Showcase Incubator. Testemunho da Microsoft Na Microsoft, acreditamos no potencial individual de cada aluno e de cada professor. Acreditamos também que a tecnologia deve estar ao serviço desse potencial, só assim, tudo é possível. É por isso com muito orgulho que anunciamos que a Madeira é a primeira região do mundo a integrar o programa Incubadora Microsoft Showcase School. A candidatura da região da Madeira destacou-se pelas sua Visão holística para a transformação da Educação com propostas de implementação de práticas inovadoras de liderança e ensino que suportam a adoção e desenvolvimento de novos ambientes de aprendizagem aliados ao uso da tecnologia. A região da Madeira vai ainda mais além quando propícia esta transformação num ambiente tecnológico, seguro e que promove as competências do século XXI. Sandra Martinho - Diretora da Educação e Filantropia da Microsoft Portugal Ações de sensibilização e educação ambiental Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Cónego João Jacinto Gonçalves de Andrade, Campanário Os aspetos relativos ao processo de transmissão de valores fundamentais são essenciais para a melhoria do desempenho dos alunos, tendo em conta a sua dimensão científica e pedagógica, e a dimensão de participação nas atividades da escola e comunidade local, num processo que se pretende de formação contínua e de desenvolvimento pessoal de cada um deles. O desenvolvimento destes aspetos irá potencializar a importância de desenvolver atividades na natureza e de caráter reflexivo para que os alunos consigam evoluir como cidadãos responsáveis e ativos. Projeto Living Peace International The Peace Crane Project O projeto foi-nos apresentado por uma colega docente que já fazia parte do projeto e nos incentivou a participar e criar atividades alusivas à paz e à educação ambiental. Um projeto que nos fez alargar horizontes, com um conjunto de atividades enriquecedores e partilhadas, realizadas em conjunto com muitas outras instituições internacionais. Inevitavelmente, este projeto nos mostra que é necessário criar pontes e maior interação social com jovens de todo o planeta para que a aliança entre atividade física, educação para a paz e educação ambiental seja cada vez mais sólida e motivadora. Assim se iniciou a participação no The Peace Crane Project, projeto integrado no Projeto Living Peace International. Trata-se de um percurso de educação para a paz, liderado por uma organização internacional que apresenta diversas atividades que promovem a reflexão sobre esta temática tão vasta junto de todos aqueles que queiram participar. The Peace Crane Project convida cada aluno do planeta a dobrar um guindaste de origami, que, em forma de coração ou Pomba da Paz, leve escrito, em português e/ou inglês, mensagens de paz que posteriormente serão partilhadas com outro aluno, noutro lugar do mundo. O projeto incentiva e ajuda a construir laços de amizade com o objetivo de fortalecer a coordenação olho-mão e habilidades de escrita, ensinar geografia e permitir o contacto dos alunos com novas línguas e culturas. Este projeto contribui também para a formação integral dos nossos jovens e incentiva a fazer a diferença na sua comunidade, no seu país e no mundo, tendo outras perspetivas, nomeadamente, nos campos já referidos do ambiente e dos valores humanos. Nas salas de aula dedicadas ao projeto, todos os professores, treinadores, alunos, escolas, clubes, grupos e indivíduos são bem-vindos. Como professora que acredita na construção da paz e no cuidado que devemos ter com o nosso planeta, nossa casa, considero que através dos valores do desporto – tais como a amizade, a honra, a cortesia, a sinceridade, o respeito, a honestidade, a gentileza, a coragem, a modéstia, o autocontrole, o fairplay – podemos sensibilizar os nossos alunos e, com pequenos gestos, contribuir para a formação integral dos jovens a nível global aproveitando as nossas tecnologias e a facilidade de contacto e interação que elas proporcionam para participar em iniciativas internacionais. Os alunos envolvem-se nas atividades (trocas de fotos, origamis, outras atividades ambientais) e partilham mensagens e ideias/projetos, aumentando assim o alcance dos valores trabalhados em cada local. Temos contacto, por exemplo, com escolas e instituições de Hong Kong, Uganda, França e Polónia. A participação da nossa escola no projeto Living Peace International, iniciou-se no ano letivo de 2019/2020 com algumas atividades ao longo do ano letivo: - O Dado da Paz, que consiste em lançar um dado cujas faces em vez de conterem números contêm frases. Essas frases visam ajudar a construir relacionamentos de paz entre todos. De acordo com a frase que nos é dada, teremos de refletir e pôr em prática, a mensagem. - Time out - um minuto de silêncio para sermos Construtores de Paz: nas aulas, ao meio-dia, os alunos são convidados a fazer um minuto de silêncio, oração ou reflexão pela paz. Colocam as mãos no coração, para sentirem e ajudar no momento de silêncio e reflexão. - Exposições dos Cubos da Paz, com o intuito de promover e sensibilizar os nossos alunos para uma cultura de paz. - Colocação de frases alusivas à Paz no recinto da escola. Numa primeira fase, na busca interior de cada um e, depois, na partilha, quer com os colegas de turmas, quer com outros elementos da comunidade escolar. - Atividades de partilha para a época natalícia, Um gesto de Paz: eu pinto uma metade; você pinta a outra, #paintwithme, #pintacomigo, com as turmas dos 5.º e 6.º anos de escolaridade. Neste ano letivo de 2020/2021, com a nossa participação no The Peace Crane Project, partilhamos e trocamos documentação referente às atividades que promovemos com outras instituições. Ao longo deste ano letivo, assumimos o compromisso de organizar as seguintes atividades: - Construção de origamis coração, para o Pórtico da Paz, para decoração da escola no dia do seu aniversário, no dia 12 de outubro. - Numa segunda fase, a construção da Pomba da Paz, para o Móbil da Paz, também com mensagens sobre esta temática. Foram partilhadas mensagens com todos os alunos que foram colocadas em locais estratégicos da escola. Colocamos também os valores desportivos e seu significado de forma a sensibilizar para os mesmos. - Na sequência destas atividades, envolvemos todo o departamento de expressões, educação visual, educação musical e educação física, bem como outras disciplinas, na articulação de algumas atividades e na promoção e construção de um conjunto de origamis coração, a Pomba da Paz, e kirigamis para o Dia da Família, sempre com o propósito de promover uma cultura de paz. - Foi também organizado um ciclo de conferências, Paixão pelo Desporto, Vamos falar, conhecer e agir pela Paz e Alimentação e Nutrição no Adolescente. - Apesar do segundo período ter sido atípico, de acordo com as medidas de contingência, promovemos a Comemoração do Dia da Paz e da na Não-Violência com a construção do origami dos Quantos Queres, quer da aptidão física, quer dos valores morais do judo. No regresso à escola e no sentido de promover atividades ao ar livre, foram realizados passeios pedestres nas áreas circundantes, dando quase uma volta completa à escola, de cerca de 3 a 4 km, percorrendo assim trilhos e passagens muitas vezes esquecidas da freguesia. Todos os nossos alunos, desde o 5.º ano ao 9.º ano de escolaridade, usufruíram de todos estes percursos. Mas não nos chegava ser apenas um passeio pedestre, uma caminhada de promoção de estilos de vida saudável… queríamos mais. A flexibilidade interdisciplinar e as temáticas da cidadania e desenvolvimento ajudaram-nos a articular com as disciplinas de inglês, português, tecnologias de informação e comunicação, ciências e com o clube Eco-Escolas. Deste modo, estes percursos promoveram junto dos nossos alunos a aquisição de competências de orientação e de circulação na via pública, a descoberta de locais turísticos, da história local e cultural, de geografia, assim como fazer o registo fotográfico do percurso, itens que apresentamos depois numa espécie de resumo final que retrata as vivências do grupo. Plogging Nestes três últimos anos promovemos o Plogging, atividade que integra igualmente o projeto Living Peace International e que consiste em ensinar a preservar o ambiente e, simultaneamente, incutir regras de cidadania a todos nossos alunos. Em anos anteriores, costumamos abranger todas as turmas da escola, porém este ano, devido às contingências, apenas envolvemos as turmas de 9.º ano. O Plogging, consiste em fazer caminhadas e recolher o lixo que vamos encontrando. Já recolhemos catorze sacos de lixos em apenas duas viagens e ainda ficou mais por fazer. Visitamos, alguns lugares emblemáticos da freguesia do Campanário, desde a Capela do Bom Despacho, a Capela da Glória, Tranqual, Caminho do Tulha, Igreja Matriz, Miradouro de Vera Cruz, Miradouro do Campanário, Centro de Saúde e Junta de Freguesia. Continuaremos a sensibilizar todos alunos da nossa escola para a proteção do ambiente, porque cada gesto conta e todos juntos somos mais fortes. Elizabete Silva - Docente Wings Of The Ocean Os alunos desta escola, ao longo do ano letivo, no âmbito do programa Eco-Escolas, bem como dos conteúdos didáticos de algumas disciplinas, trabalharam a educação ambiental, através de várias atividades que são enumeradas de seguida e que constam do plano de ação do programa Eco-Escolas. O programa Eco-Escolas é um programa internacional da Foundation for Environmental Education, desenvolvido em Portugal desde 1996 pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) e pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da educação ambiental para a sustentabilidade. Do referido plano constam as seguintes atividades, algumas já realizadas e outras a decorrer: concurso Tampinha dá rodinhas; atividade Caça aos resíduos; programa Tinteirinho; campanha Recolha de óleos domésticos usados; campanha Papel por alimentos; caminhadas ecológicas; comemoração do Dia Mundial da Floresta; participação no concurso Hortas Bio, cultivando a horta da escola e obtendo produtos agrícolas biológicos para posterior consumo na cantina da escola; utilização e monitorização das condições do compostor da escola e política Tolerância zero aos gastos de papel, aproveitando as vantagens da era digital para minimizar o uso e gastos de papel, através da utilização das plataformas digitais. Após o regresso ao ensino presencial no 3.º período, uma vez que o navio-escola Kraken, da Organização Não Governamental (ONG) francesa Wings Of The Ocean, esteve na Região Autónoma da Madeira até ao final do mês de abril, foram realizadas várias atividades, direcionadas para várias turmas da escola, bem como aos alunos do Clube Eco. Destas atividades, consta uma saída de campo para limpeza da praia da Fajã dos Padres, ações de sensibilização em francês no âmbito do conteúdo da disciplina, L‘environnement, dos 7.º e 9.º anos, e visitas de estudo ao navio escola Kraken. Estas iniciativas tiveram como objetivos conhecer a referida associação e ONG, visitar o navio-escola, com uma missão ecológica de proteção dos ecossistemas costeiros contra a poluição por plásticos, aprender a ser ecologicamente correto, consciencializar os alunos para o impacto que a ação humana pode ter na vida marinha, desenvolver literacias ambientais no âmbito do projeto interdisciplinar da turma do 8.ºD, cuja temática é E se Cabral encontrasse plástico no mar?, articular com os conteúdos da disciplina de francês, comunicar em francês e outras línguas com voluntários de diferentes nacionalidades, bem como proporcionar um momento de convívio com pessoas oriundas de culturas diferentes nomeadamente, portuguesa e francesa. Com o intuito de partilhar boas práticas que permitem trabalhar os objetivos de desenvolvimento sustentável, a escola tem participado na iniciativa Global Action Days 2021, com várias ações, assim como participou na campanha My Actions Matter, lançada pela Fundação para a Educação Ambiental e acolhida pela Treasure Earth, primeira plataforma do mundo que se foca em alcançar um impacto ecológico, sustentável e positivo. Apesar da adesão e participação dos alunos nesta campanha não ter sido significativa, no presente ano, iniciamos o processo de os motivar para esta viagem, cujo objetivo é sensibilizar os jovens para serem mais atentos aos seus comportamentos, ao ambiente que os rodeia e às ações que praticam de forma a se tornarem cidadãos ativos pela preservação do planeta Terra. Vera Martins - Docente do Programa Eco-Escolas Testemunho As questões ambientais sempre foram uma preocupação dos professores e alunos da nossa escola. Além do programa Eco-Escolas, têm sido desenvolvidos outros projetos e ações de sensibilização ambiental. No final do mês de abril, os alunos das turmas A e B de 7.º ano, A, B C e D de 9.º ano, e alunos do Programa Eco-Escolas realizaram várias atividades no âmbito do meio ambiente e da sustentabilidade. Assim, nos dias 27 e 28 de abril, os alunos dos 7.ºA, 7.ºB, 9.ºA, 9.ºB e 9.ºC assistiram a ações de sensibilização e educação ambiental para a causa ecológica de proteção dos ecossistemas costeiros contra a poluição por plásticos, conselhos para reciclar e limitar o desperdício no dia a dia e aprimorar a literacia e a cultura ambiental, dinamizada por voluntários da ONG francesa Wings Of The Ocean. A Wings Of The Ocean é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2018 que realiza limpezas oceânicas no mar, nas costas e de forma descentralizada, em território francês e europeu. Paralelamente, realiza ações para sensibilizar para as questões da poluição do plástico e incentivar, por todos os meios, a luta por um estilo de vida de desperdício zero. Esta organização esteve no nosso arquipélago durante um mês, com o navio-escola Kraken, e desenvolveu diversas atividades com escolas e outras instituições regionais assim somo disponibilizou o navio-escola para visitas de estudo. As intervenções destes voluntários na nossa escola realizaram-se em articulação com professores de diversas áreas, nomeadamente, a professora de francês, Graça Dias, com o conteúdo L‘environnement, a professora Ana Afonso, de orientação e desenvolvimento social do 7.ºA, e as professoras Celina Sá e Vera Martins, da coordenação do Clube Eco e Programa Eco-Escolas. Estas atividades foram ainda inseridas nas iniciativas Global Action Days 2021, designadamente na campanha internacional My Actions Matter através da app Treasure Earth, eventos/projetos eTwinning, dos projetos ERASMUS+ (KA1 e KA2) e contaram com a preciosa colaboração dos professores de geografia, Vítor Martins e Bruno Ramalho, de educação física, Aldónio Berimbau, e de matemática, Elena Gomes. Além das ações de sensibilização foram dinamizadas saídas de campo para limpeza da praia da Fajã dos Padres com professores, alunos e os voluntários da Wings Of The Ocean. A limpeza desta praia começou logo pela manhã e os alunos, professores e voluntários recolheram e separaram o lixo que encontraram naquele local idílico da nossa ilha. Em jeito de conclusão, é oportuno referir que aprendemos muito, designadamente, que com pequenos gestos podemos contribuir para um oceano e um planeta mais limpos. Assim, gostaríamos de agradecer publicamente toda a disponibilidade e colaboração destes anjos do oceano e estaremos de braços abertos para os receber no próximo ano. Lara Almas - Aluna do 7.ºB Projeto Manuais Digitais - Experiência-Piloto no Ensino Secundário Luís Gaspar - Divisão de Tecnologias e Ambientes Inovadores de Aprendizagem O Projeto Manuais Digitais corresponde à estratégia educativa de cariz tecnológico e de integração digital criada para as escolas dos 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário da Região Autónoma da Madeira (RAM) definida pela Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia para que os respetivos alunos pudessem usufruir dos manuais escolares em formato digital e de uma plataforma de ensino/aprendizagem em equipamentos móveis, ou seja, tablets. Este projeto iniciou-se no decurso do ano letivo de 2018/2019, com uma experiência piloto realizada numa turma de 5.º ano da Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Eduardo Brazão de Castro (que permitiu extrair um conjunto de insights úteis para que fosse viável a generalização deste projeto a todas as escolas públicas da RAM) e a sua implementação generalizada teve início no ano letivo 2019/2020, abrangendo todos os alunos do 5.º ano de escolaridade. No ano letivo 2020/2021, este projeto foi alargado a todas as turmas do 6.º ano de escolaridade da RAM, bem como às turmas do 7.º ano de escolaridade dos concelhos da Calheta, Ribeira Brava e São Vicente. No contexto desta estratégia de implementação progressiva dos Manuais Digitais a todos os anos de escolaridade dos ensinos básico e secundário, iniciar-se-á no próximo ano letivo uma experiência piloto com uma turma do 10.º ano, do Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, com os seguintes objetivos: - Trabalhar, desenvolver e aprofundar um conjunto de programas, plataformas, gestão dos manuais escolares digitais em função das especificidades das disciplinas da matriz-curricular base do ensino secundário; - Adequar a capacidade de resposta do equipamento móvel disponibilizado em relação às exigências do processo ensino/aprendizagem, às tarefas didático-pedagógicas desenvolvidas, nomeadamente, o peso e tamanho do ecrã do tablet, a capacidade de armazenamento, a velocidade de processamento, a utilização de um teclado externo (e não apenas ecrã tátil); - Reajustar o procedimento dos acessos dos alunos às listas de material e conteúdos autorizados garantidos pelo MDM Knox Manage, que será reforçado pela utilização de uma solução mais eficaz, nomeadamente uma firewall baseada na cloud, que filtra e gere os acessos em função da definição de temáticas autorizadas ou não autorizadas e reforça a segurança dos alunos, no contexto da sua progressiva autonomia no desenvolvimento das tarefas pedagógicas, na pesquisa, no acesso à informação em todos os espaços, no estudo e, em geral, no processo de ensino/aprendizagem ao nível do ensino secundário; - Atualizar e adaptar a formação dos docentes às especificidades e desafios do ensino secundário na máxima utilização, eficácia e rentabilização, em termos técnicos e pedagógicos, de forma a proporcionar uma melhoria na qualidade das aprendizagens dos alunos e facilitar a aplicação de atividades diferenciadas de acordo com o perfil do aluno, promovendo a inclusão. Esta experiência-piloto, a decorrer no ano letivo de 2021/2022, dá particular atenção ao envolvimento dos alunos, dos docentes e da escola neste processo, proporcionando oportunidades de feedback sobre aspetos cruciais deste projeto, uma vez que: - Os alunos passam a dispor de acesso aos manuais escolares em formato digital de todas as disciplinas, através de um equipamento portátil, bem como a um conjunto de funcionalidades e recursos interativos que os auxiliam no seu estudo e na interação com os seus professores; - Os docentes dispõem do manual escolar em formato digital da disciplina que lecionam, bem como plataformas e ferramentas de ensino colaborativo, monitorização de desempenho e gestão do processo de ensino/aprendizagem; - As escolas testam e monitorizam a infraestrutura de rede a nível da segurança e da capacidade de resposta. Com a colaboração de todos os elementos envolvidos, esta experiência pretende tornar mais interativo e dinâmico todo o processo de ensino/aprendizagem, facilitando a apresentação dos conteúdos de forma diversificada, com gráficos, imagens e ilustrações animadas, com excelente qualidade e rigor científico, em que o aluno assume a centralidade desse processo, desempenhando um papel ativo na aquisição de competências e de conteúdos. Esta experiência é fundamental para identificar um conjunto de aspetos, técnicos e pedagógicos, que estando presentes neste processo, necessitam de um constante e rigoroso acompanhamento e monotorização de modo a criar as condições indispensáveis para a implementação generalizada do Projeto dos Manuais Digitais no ensino secundário. Projeto Baú de Leitura Ana Luísa Lopes, João Correia e Licibel Gonçalves - Equipa Coordenadora do Projeto Baú de Leitura Perante um cenário inesperado de pandemia que afetou, de forma significativa, todos os setores da sociedade, a área da educação não foi exceção, tendo sido uma das mais atingidas. De um momento para o outro, alunos, professores, encarregados de educação e famílias viram-se confrontados com uma drástica rotura nos padrões e modelos estabelecidos, que implicou a introdução de métodos distintos e inovadores no processo de ensino/aprendizagem. De facto, notou-se uma profunda e célere revolução digital para a qual ninguém estava preparado, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista tecnológico. Apesar destes entraves, a comunidade educativa revelou imensa capacidade de resiliência, de superação e de adaptação a uma nova realidade. Neste contexto, o Baú de Leitura, um projeto escolar da Direção Regional de Educação que tem como objetivo promover hábitos de leitura e escrita junto dos alunos de todos os níveis de ensino e, consequentemente, desenvolver a cultura na Madeira, também teve de se reorganizar. Perante este novo desafio, mas sempre com o propósito de motivar os alunos para a leitura e a escrita, os dinamizadores desenvolveram diversas atividades nas quais o livro desempenhou o papel principal: tertúlias literárias, iniciativas de escrita criativa, investigação temática, dramatizações, gincanas, concursos, visitas de estudo, intercâmbios culturais, atividades de expressão artística e plástica, visionamento de filmes, audição de histórias, encontro de escritores, comemorações de efemérides, criação de materiais lúdicos de incentivo à leitura e à escrita, partilha de conhecimentos e materiais sobre dinamização de bibliotecas. É claro que grande parte destas atividades teve de ser adaptada, reajustada a um novo cenário que não permitia, como no passado, momentos de partilha, convívio e confraternização. Desta forma, nas escolas, os dinamizadores, respeitando escrupulosamente os planos de contingência, só puderam realizar iniciativas em contexto de sala de aula, de modo a evitar aglomerados e contactos de alunos entre turmas. No período em que os discentes do 3.º ciclo e secundário se encontravam abrangidos pelo ensino à distância, mesmo com dificuldades acrescidas, desenvolveram-se atividades no âmbito do projeto para este público. Para além da dinamização de todas estas iniciativas, a nível de escola, os passatempos regionais Triatlo Literário, Escrita Criativa, Flashes Literários, Ilustração Infantil e Dá voz ao texto! também foram implementados, embora com algumas restrições e alterações em termos de organização e calendarização. Apesar de todos estes condicionalismos, as crianças, os jovens e os adultos continuaram a participar, quer nas atividades dinamizadas a nível de escola, quer nos passatempos regionais promovidos pelo Baú de Leitura, com todo o seu interesse, empenho e dedicação. Se compararmos esta participação com a de anos transatos, notou-se um ligeiro decréscimo, mas nada de muito significativo. A explicação para tal resultado centra-se, essencialmente, no facto de o livro, a alma do projeto Baú de Leitura, nestes difíceis tempos de pandemia, ter sido para muitos uma poderosa ferramenta para estimular a mente e a criatividade, uma tábua de salvação, uma forma de estar em contacto com o mundo, de poder viajar pelo mesmo e, sobretudo, de poder libertar-se do encarceramento causado pela COVID-19. Este vírus, apesar de todos os aspetos negativos, contribuiu, indubitavelmente, para o aumento da leitura e, consequentemente, da literacia. Olimpíadas da Física 2021 Heliodoro Dória1 - Escola Básica e Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral A equipa da Escola Básica e Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral ficou no 1.º lugar, a nível regional, das Olimpíadas da Física, no escalão A - 9.º ano - conquistando assim a medalha de ouro e a oportunidade de representar a nossa Região nas Olimpíadas Nacionais que deveriam ter acontecido no início deste mês de junho, em Coimbra. Trata-se de mais uma participação da nossa escola nestas Olimpíadas, sendo esta uma atividade incluída no plano anual do grupo disciplinar de física e química, que tem dado bons frutos ao longo dos últimos anos. De salientar que, nas últimas 4 edições, a escola de Santana conquistou três medalhas de ouro. A equipa que representou o nosso estabelecimento de ensino foi composta pelos alunos Madalena Santos, Lucas Dória e Ana Luzia Gomes. A eliminatória regional estava prevista acontecer na Universidade da Madeira, no passado dia 10 de abril. Contudo, devido aos constrangimentos impostos pela pandemia, a Sociedade Portuguesa de Física, entidade organizadora, optou por realizar as eliminatórias regionais em formato online. E assim aconteceu. Foi atribuído a cada um dos alunos participantes uma senha para aceder ao programa e realizar as respetivas provas. Quando foram divulgados os resultados, ficamos a saber que a nossa escola tinha ganho, a nível regional, e por isso nos seria atribuída a Medalha de OURO! E, ainda, a oportunidade de representar a Região na Final Nacional que, inicialmente, foi prevista decorrer em Coimbra. Fomos posteriormente informados que a fase nacional, afinal, teria lugar na Universidade da Madeira. Esta notícia dececionou os alunos, o que é compreensível uma vez que a ida ao território continental é um dos grandes incentivos e serve de motivação para a participação nas referidas olimpíadas. Para colmatar esta situação e, de certo modo, premiar os alunos envolvidos, a escola envidou esforços para organizar uma outra iniciativa. Surgiu a ideia de ir à sede da Sociedade Portuguesa de Física, em Lisboa, receber o prémio e as medalhas de ouro. Solicitamos apoios às Juntas de Freguesia de São Roque do Faial e de Santana, de onde os alunos são residentes. Pedimos, também, a colaboração a várias entidades para o efeito. Os nossos pedidos foram atendidos. A Câmara Municipal de Santana custeou as viagens aéreas, as juntas de freguesia de São Roque do Faial e de Santana pagaram a estadia e a Casa do Povo de São Roque do Faial ofereceu as entradas no Oceanário de Lisboa. A nossa ida a Lisboa ocorreu de 10 a 12 de junho, com destaque para o dia 11, em que a Presidente da Sociedade Portuguesa de Física, a Professora Doutora Conceição Abreu, procedeu à entrega das medalhas. A nossa estadia em Lisboa também foi aproveitada para visitar alguns locais de interesse. Para além do Oceanário de Lisboa e da Sede Nacional da SPF, visitamos o Centro de Ciência Viva no Pavilhão do Conhecimento, a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos, o Panteão Nacional, o Palácio de Belém e a baixa lisboeta (Terreiro do Paço, Rossio, Chiado, entre outros). De referir que este projeto valoriza quem neles participa. Um dos nossos principais objetivos, com este tipo de iniciativa, é incutir nos nossos alunos a cultura científica, o gosto pelo saber, a descoberta de novos conhecimentos e, com isso, enriquecer o processo ensino/aprendizagem dos participantes. Aproveito para agradecer à nossa escola e às entidades que nos apoiam, sem esquecer os encarregados de educação, que incentivam os alunos a participar neste género de projetos que podem, eventualmente, servir de rampa de lançamento para o sucesso. Nota 1 Coordenador do projeto 15 anos de AgenteX! Equipa do Projeto AgenteX Realizou-se, no presente ano letivo, a 15.ª edição do AgenteX - Campeonato Regional de Resolução de Problemas de Matemática. Mais de 900 alunos, de todas as escolas básicas dos 2.º e 3.º ciclos da Madeira e do Porto Santo, aceitaram o desafio de participar nesta iniciativa matemática de âmbito regional. Ao longo do ano, os alunos foram convidados a resolver problemas de matemática centrados na personagem do AgenteX, um aluno que adora resolver desafios matemáticos e que desafia todos com quem convive, no seu dia a dia, a acompanhá-lo nessa aventura. Este foi o mote escolhido, há 15 anos, para desafiar os alunos do 5.º ao 8.º ano, da Madeira e do Porto Santo, a participar numa iniciativa lúdica de aprendizagem da matemática, num ambiente complementar ao existente nas salas de aula. O AgenteX visa dar relevância pedagógica à resolução de problemas, como elemento basilar do desenvolvimento de competências específicas nos alunos e na capacidade de fomentar a aplicação da matemática enquanto ferramenta de interpretação e representação das vivências do quotidiano, promovendo, concomitantemente, um espírito saudável de competitividade entre os alunos de toda a Região. Desde que foi lançada a 1.ª edição do AgenteX, a primeira fase do campeonato, que decorre entre os meses de novembro e maio, desenrola-se à distância e vai ao encontro dos desafios com que a educação se debate atualmente: a diversificação das modalidades de ensino e de aprendizagem e a busca incessante pela inovação tecnológica, para que situações, como o confinamento em circunstâncias de pandemia, não possam comprometer o acesso dos alunos à educação. A acessibilidade e a conexão do AgenteX, aliados à flexibilidade, têm vindo a demonstrar que estes são aspetos catalisadores para uma participação constante dos alunos na iniciativa. A sua importância destaca-se também no que concerne à crescente envolvência dos diversos intervenientes no processo de ensino e de aprendizagem, na medida em que os problemas podem ser usados, em contextos distintos, quer pelo professor - sala de aula, laboratórios, clubes de matemática -, quer pelos próprios familiares e encarregados de educação - partilha de desafios e construção colaborativa de ideias matemáticas. Na fase não presencial são apurados os finalistas que realizam, presencialmente, a prova final, em Santana. No dia da final, é já tradição que estes alunos resolvam uma prova na parte da manhã e, à tarde, participem num momento de confraternização com colegas das outras escolas, no Parque Temático da Madeira, enquanto esperam pelos resultados e pela cerimónia de entrega dos prémios. Neste ano letivo, atípico face às circunstâncias pandémicas, houve a necessidade de adaptar a estrutura da final do AgenteX, que se realizou no passado dia 18 de junho. Depois de terem sido esboçados vários cenários para esta fase do campeonato, desde a realização da tradicional final, à realização da prova online, optou-se por uma solução intermédia. Desta forma, a final decorreu, em simultâneo, em cada uma das escolas participantes, com os seus alunos finalistas, sob o lema: O AgenteX vai à tua escola!. Participaram na final 105 alunos, provenientes de 26 escolas da Madeira e do Porto Santo. Nesse dia, em ambiente de confraternização, as escolas receberam a visita de um elemento da organização do AgenteX, que assinalou o evento com a oferta da t-shirt oficial da iniciativa. A cerimónia ficou marcada com o simbólico registo fotográfico que reuniu os alunos finalistas e os professores envolvidos no projeto, antes da realização da prova escrita final. A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se, posteriormente, e consagrou os seguintes alunos e as suas respetivas escolas: Vencedores: AgenteX mini 1.º Manuel António Pais - Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos dos Louros 2.º Madalena Nunes Alves - Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos do Caniçal 3.º Miguel Afonso Aleixo - Escola Básica dos 1.º, 2, º e 3.º Ciclos com Pré-Escolar Bartolomeu Perestrelo AgenteX Max 1.º Linda Inês Viveiros - Escola Básica e Secundária de Machico 2.º Lara Filipa Sousa - Escola Básica e Secundária com Pré-Escolar da Calheta 3.º Maria Inês Marques - Escola Básica e Secundária de Machico Semana Regional das Artes Direção de Serviços de Educação Artística Comemorou-se, este ano, 40 anos de práticas artísticas na Região Autónoma da Madeira (RAM), sob a égide do Sistema Educativo Regional. Um longo percurso iniciado, no ano letivo 1980/1981, com uma experiência piloto em duas escolas do Funchal, até à atualidade com a cobertura generalizada das escolas da região, alicerçado no currículo escolar - desde a educação pré-escolar ao ensino secundário - que vem trilhando novos caminhos, expressos através de inúmeros projetos, iniciativas e eventos, tanto em contexto escolar, como na comunidade. As dinâmicas daí advindas têm desempenhado um papel fundamental na promoção das Artes e vivência cultural, numa perspetiva de educação para e através das Artes, não só dos alunos, mas também do público em geral. Neste âmbito, a Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia apresentou a 10.ª edição da Semana Regional das Artes (SRA) 2021, que, por força das circunstâncias decorrentes da pandemia de COVID-19, se realizou em dois formatos: online e presencial. A abertura oficial da SRA, na vertente in loco, aconteceu no dia 22 de junho na Avenida Arriaga, com a inauguração da Exposição Regional de Expressão Plástica, intitulada ‘The Heart of Art e contou com performances musicais e de dança protagonizadas por várias escolas/instituições, nomeadamente, a Escola Dona Olga de Brito, o Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira - Eng. Luíz Peter Clode - Dança dos cursos livres, a Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos Dr. Alfredo Ferreira de Nóbrega Júnior e o Colégio Salesianos Funchal. Presencialmente, destacam-se também o espetáculo comemorativo dos 40 anos de práticas artísticas RAM, Com(passo) no tempo, nos dias 2 e 3 de julho, no Centro de Congresso da Madeira e o Festival Regional Vozes da nossa Escola que, no dia 4 de julho, levou a alegria da música infantil aos jardins da Quinta Magnólia. Decorreu, ainda, pela primeira vez, uma exposição de fantoches Um fantoche... uma história para (en)cantar, com a participação exclusiva de crianças da educação pré-escolar, no átrio da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM). Quanto ao modo online, entre os dias 22 de junho e 4 de julho, houve a partilha nas redes sociais da Direção de Serviços de Educação Artística (DSEA) www.facebook.com/dseducacaoartistica, www.youtube.com/c/EducaçãoArtística de diversos vídeos dinamizados por crianças e jovens, nas diversas modalidades artísticas, e o Festival de Audiovisual e Cinema Escolar (FACE). Exposição Regional de Expressão Plástica Esta instalação artística teve como palco a Avenida Arriaga. Esta edição, intitulada The Heart of Art, teve como propósito colocar a arte no coração da exposição e, consequentemente, no coração de todos os que a visitaram. Desenvolvida maioritariamente pelos alunos do 1.º ciclo do ensino básico na atividade extracurricular de expressão plástica, contou ainda com a participação de várias escolas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário, com modalidade artística de Artes Plásticas. Contou, ainda, com a generalidade dos Centros de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) da Região. Para a 21.ª edição desta exposição, o desafio no 1.º ciclo do ensino básico consistiu, através da abordagem pedagógica às obras de um artista plástico, na intervenção plástica sobre dois balões com formato de coração e de esfera, recorrendo primeiramente à técnica da papietagem e, posteriormente, à pintura, espelhando a obra de um artista específico. Para as escolas dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e secundário foi proposta a recriação de uma obra do artista sorteado, num painel quadrangular simulando uma tela, que os visitantes puderam utilizar para tirar fotografias. Para completar a exposição, foram integradas representações tridimensionais, sob a forma de esculturas, trabalhos de utentes dos CACI, inspiradas nas obras de arte dos respetivos artistas. Neste projeto, estiveram envolvidas a maioria das escolas da Região, 150 professores e 4000 alunos. Concurso de Expressão Plástica O Concurso de Expressão Plástica dinamizado no âmbito do desenho/pintura e direcionado aos alunos do 1.º ciclo do ensino básico e crianças da educação pré-escolar, de Portugal Continental e Regiões Autónomas, proporcionou às crianças a possibilidade de explorarem o seu imaginário e realizarem aprendizagens abrangentes e fascinantes acerca das Artes Visuais, com recurso a materiais e técnicas diversificadas. A 22.ª edição do concurso, com o tema Libertem os Brinquedos!, aludiu à célebre expressão a brincar também se aprende, destacando, assim, o papel do brinquedo enquanto valioso recurso pedagógico e educativo, quer no desenvolvimento psicológico das crianças, quer na promoção da criatividade e imaginação. Por outro lado, esta iniciativa potenciou a visibilidade do trabalho das escolas, com uma exposição coletiva que esteve patente no Centro Comercial La Vie, no Funchal, de 23 a 28 de junho. Desde 2015, com a abertura deste concurso a participantes de todo o território nacional, esta iniciativa obteve níveis de participação elevados. Exemplo disso são os 2496 trabalhos recebidos, provenientes de 70 escolas, 21 das quais de Portugal Continental e Região Autónoma dos Açores, com o total de 829 trabalhos. Exposição Um fantoche… uma história para (en)cantar! Realizou-se um concurso que teve como principais objetivos valorizar a expressão dramática – uma componente artística fundamental para a formação integral da criança – e incentivar a criatividade das crianças através de experiências artísticas diversificadas e significativas. Com este concurso, crianças e educadores de infância da região foram desafiados a construir um fantoche, tendo como suporte algumas das histórias da Equipa de Animação da DSEA, levadas à cena, nos estabelecimentos de educação da RAM, ao longo destes últimos 39 anos. O fantoche é uma presença frequente no ambiente educativo, pois é um excelente auxiliar no conto e reconto de histórias. Facilita e auxilia o educador na tarefa de comunicação e de expressão, uma vez que, ao manipular o fantoche, está a dar-lhe vida, tornando-o real e concreto para as crianças, expressando emoções e entimentos através da voz e do movimento. O resultado deste concurso foi apresentado no átrio da ALRAM com a abertura de exposição no dia 23 de junho. Festival de Audiovisual e Cinema Escolar - Madeira Curtas 2021 O Madeira Curtas reconhece e premeia o trabalho realizado na área do vídeo de curta duração, posicionando-se assim como um instrumento importante na promoção da criação de conteúdos audiovisuais, com ênfase na comunidade escolar, mas cuja participação estende-se a qualquer pessoa, independentemente da sua profissão, experiência, nacionalidade e local de residência. FACE - Cerimónia de Entrega de Prémios Os prémios FACE têm como intuito reconhecer o trabalho realizado por professores e outros profissionais com ligação à vertente educativa e que se tenham destacado ao longo do ano ou que tenham apresentado um trabalho consolidado ao longo dos anos. Assim, esta edição do FACE homenageou um ou mais professores que incrementaram com os colegas e alunos um trabalho importante em prol do desenvolvimento de capacidades e competências essenciais na área das tecnologias, media e audiovisuais. Festa no Jardim A SRA integrou a intervenção de vários atores, com particular ênfase para os alunos que frequentam as escolas do ensino genérico. Todavia, considerou-se pertinente inserir no evento a participação de crianças do ensino pré-escolar. Assim, para as crianças do pré-escolar, em particular as que estão na faixa etária dos 5 anos, a SRA dedicou um espaço próprio para as suas intervenções: o espetáculo Festa no Jardim, este ano em formato online, com a disponibilização de 13 vídeos de performances artísticas dos mais jovens participantes da SRA 2021. Modalidades Artísticas O projeto Modalidades Artísticas consiste na agregação de várias áreas artísticas, traduzidas em seis áreas performativas e uma na área das Artes Plásticas. Estas atividades são desenvolvidas no enriquecimento curricular (1.º ciclo do ensino básico) e extracurricular (2.º e 3.º ciclos do ensino básico e secundário). Face a esta oferta artística diversificada, os alunos do ensino genérico têm a possibilidade de experienciarem, desenvolverem e aprofundarem as competências artísticas em áreas mais específicas. Este ano, foram 83 os vídeos criados nas diferentes modalidades artísticas que resultaram da prática da dança, dos cordofones tradicionais, do canto coral, do instrumental e expressão dramática e teatro, desenvolvidas em contexto curricular e de enriquecimento curricular, tanto no 1.º ciclo, quanto nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e ensino secundário. Espetáculo Com(passo) no tempo Com(passo) no tempo é um espetáculo comemorativo dos 40 anos de Educação Artística, sob a égide do Sistema Educativo da RAM. É um original, cujo libreto, composição musical, passando pela encenação, orquestra e performance, envolve, exclusivamente, alunos e professores de escolas do ensino básico e ensino secundário, num número aproximado dos 100 elementos. O espetáculo está dividido em 8 cenas: Nascer do Projeto; Expressão Dramática/Teatro; Musicaep; Grupos Instrumentais; Cordofones; Dança; Expressão Plástica e o Futuro das Artes – numa alusão à introdução e ao percurso da Educação Artística. E porque tudo começou com a música, também foram relembrados músicos madeirenses e música de cariz tradicional. Com uma orquestra ao vivo, através de poemas, de palavras, de movimentos, de vozes, de cores e de sons, os telespetadores foram convidados a embarcar numa viagem que percorreu 40 caminhos em torno da(s) Arte(s). Este evento decorreu no Centro de Congressos da Madeira nos dias 2 e 3 de julho. Festival Regional Vozes da nossa Escola O Festival Regional Vozes da nossa Escola foi uma das novidades da programação da 10.ª edição. Com o objetivo de divulgar vozes solistas de crianças em idade pré-escolar e 1.º ciclo do ensino básico da RAM, possibilitando uma experiência de palco em formato de concurso, foram 5 dezenas de inscrições realizadas pelos docentes das áreas artísticas performativas. Um júri especialista fez a seleção das 12 vozes participantes que interpretaram, maioritariamente, canções reportório de várias edições do Festival da Canção Infantil da Madeira. Agradecimentos A realização da Semana Regional das Artes só foi exequível graças à importante colaboração de um conjunto de parceiros, os quais muito reconhecidamente agradecemos, designadamente, as delegações escolares, diretores de escola, pessoal docente e não docente, pais e encarregados de educação, a ALRAM, a Câmara Municipal do Funchal, o Conservatório - Escola Profissional das Artes da Madeira - Eng. Luiz Peter Clode, FLOW, Delta Cafés e o Centro Comercial La Vie Funchal.