De acordo com os dados mais recentes, referentes ao ano de 2016, a área ocupada pela cultura da macieira/pereiro na ilha da Madeira cifrava-se em 158 hectares, dos quais 94 hectares (60% da área total) são ocupados por macieiras e 64 hectares por pereiros para sidra (40% da área total - representada, essencialmente, pelas variedades regionais, que tanto conferem um carácter distinto a esta bebida).
Em 2017, as condições climáticas das principais zonas produtoras de peros para sidra, ao contrário do que ocorreu em 2016, foram mais favoráveis à normal rebentação e vingamento das maçãs/peros, pelo que a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas prevê uma retoma da produção para valores mais próximos dos registados na campanha de 2015, ou seja, entre as 900-1.000 toneladas, num acréscimo relativo que poderá ser da ordem dos 10% em relação ao ano passado.
Sobre a sidra
Muitos madeirenses, sobretudo os mais antigos, continuam a relacionar a sidra com o Santo da Serra. De facto, apesar de produzida noutros locais da ilha da Madeira (Machico, Camacha, São Roque do Faial, Jardim da Serra e Prazeres), a sidra esteve sempre muito associada a esta freguesia, havendo mesmo locais emblemáticos onde as pessoas se dirigiam propositadamente para bebê-la.
Estima-se que cerca de 70% da sidra atualmente produzida circule através de canais informais, isto é, comercializada diretamente por pequenos produtores, seja a bares e restaurantes de grande proximidade aos locais de fabrico (lagares artesanais em ambiente doméstico), seja a consumidores finais.
O nível de produção anual deverá situar-se nos 2.400 hectolitros, com um valor de mercado de cerca de 1.200.000,00 €.
Em 1 de junho de 2016, foi criada a Associação de Produtores de Sidra da Madeira, que agrega atualmente 14 produtores, cujo principal objetivo é promover e defender a qualidade da sidra produzida na Região Autónoma da Madeira e contribuir para garantir a genuinidade da sua origem.
A sidra é uma bebida, dentro das de menor grau alcoólico, com crescente aceitação junto dos consumidores jovens/adultos, bem como de fácil reconhecimento por muitos dos turistas que nos visitam, principalmente espanhóis, ingleses e franceses que, a encontrando, certamente apreciarão prová-la.
Ao nível de eventos relevantes dedicados à promoção e divulgação da sidra, essenciais para a intensificação do seu consumo, além da Mostra Regional da Sidra, organizada pela Casa do Povo do Santo da Serra, são também realizados o Festival da Truta - Rota da Sidra - Encontro de Grupos Culturais do Concelho de Santana, iniciativa da Casa do Povo de São Roque do Faial, e a Semana das Sidras, instituída pela Quinta Pedagógica dos Prazeres.
Ao longo dos últimos anos a qualidade das sidras madeirenses tem crescido consideravelmente, facto evidenciado pelo júri de 15 elementos, constituído por personalidades de elevada reputação no setor das bebidas (desde a investigação ao comércio) do 3.º Concurso das Sidras da Madeira, organizado pela Secretaria Regional de Agricultura e Pescas através da Direção Regional de Agricultura, no âmbito da 3.ª Semana das Sidras, realizada no final de agosto passado.
No 3.º Concurso das Sidras da Madeira, o prémio de “Melhor Sidra de 2017” foi para Geraldo Freitas Dória de São Roque do Faial, as “Medalhas de Ouro” para José Alcindo Andrade da Ponta do Pargo, CDISA-Quinta Leonor do Jardim da Serra e Quinta Pedagógica dos Prazeres dos Prazeres e as “Medalhas de Prata” para João Carlos Gouveia e João Manuel Freitas Spínola do Santo da Serra e Lino Nóbrega Pinto do Jardim da Serra.
Também muito importante para a valorização e diferenciação das sidras madeirenses, tendo por base o carácter distinto da sua matéria-prima base, é o facto de, já em 2017, o CATÁLOGO NACIONAL DE VARIEDADES DE ESPÉCIES FRUTÍCOLAS, o único reconhecido a nível da União Europeia, numa iniciativa da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas, através da Direção Regional de Agricultura, da Associação de Agricultores da Madeira e da Universidade da Madeira (estas duas últimas entidades no âmbito do projeto Germobanco), ter passado a incluir as seguintes 10 variedades de macieiras/pereiros únicas na Madeira: Maçã Barral; Maçã Cara de Dama; Pêro Calhau; Pêro Domingos; Pêro Ponta do Pargo; Pêro Bico de Melro; Pêro Branco; Pêro da Festa; Pêro Focinho de Rato; Pêro Vime.