Após o 9º ano o Nelson optou pelo Ensino Profissional. Quais as razões que o levaram a tomar essa decisão?
Primeiro, eu gostava muito de contabilidade e essa minha ideia já estava bem enraizada quando terminei o 9º ano sendo que, nessa altura, não existiam muitas opções que viabilizassem a concretização desse meu desejo.
Fui colocado numa empresa que me assegurou a componente da Formação Prática em Contexto de Trabalho (FPCT) durante os 3 anos do curso. Quando conclui o curso fui convidado para trabalhar numa outra empresa. Este convite resultou da minha participação no campeonato regional de profissões, em que um dos membros do júri ficou agradado com a minha prestação nas provas, tento a mesma influenciado o convite.
Passados cerca de 2 anos fui novamente convidado para trabalhar noutra empresa, onde permaneci cerca de 13 anos. Digamos que foi nesta empresa que adquiri e consolidei conhecimentos e experiência que me permitiram evoluir, tanto na área da contabilidade propriamente dita, como também na área financeira.
Gostaria aqui de referir que, no decurso destes 13 anos, conclui a minha licenciatura em Gestão de Empresas no Instituto Superior de Administração e Línguas (ISAL). Nesta instituição, quando frequentava o último ano da licenciatura, fui convidado para lecionar aos cursos que decorriam e dar apoio à respetiva Direção. Finalmente, e há muito pouco tempo, surgiu um novo convite para trabalhar noutra empresa, tendo já iniciado a minha atividade.
Na prática, toda esta dinâmica do meu percurso profissional é o corolário do trabalho que tenho efetuado e do reconhecimento que tenho tido do mesmo. Sublinho ainda que, todo o percurso, escolar e profissional, está indelevelmente ligado à opção que em boa hora tomei quando conclui o 9º ano de escolaridade. Sentiu que, quando optou por um curso profissional que essa escolha era, de alguma forma, desprestigiante?
Eu, desde logo, posso referir que a minha opção nada teve a ver com mau aproveitamento nem dificuldades no meu percurso escolar. Foi uma decisão consciente e que não invalidava o prosseguimento do meu percurso profissional e escolar.
Nunca senti qualquer manifestação desvalorizadora por parte dos meus colegas, amigos e familiares. O que lhe posso dizer é que, a opção pelo ensino profissional e tudo aquilo que lhe está associado constituiu uma vantagem, digamos que competitiva, no meu percurso subsequente nomeadamente no ensino superior. Particularizava o que atrás refiro, salientando os conhecimentos específicos que o mundo do trabalho me proporcionou, como também no que respeita à maturidade e experiência de vida que adquiri ao longo deste meu percurso formativo e profissional. Qual a sua opinião sobre o tecido empresarial da Região Autónoma da Madeira, na vertente de participação e colaboração com o sistema de Educação e Formação Profissional?
Pela experiência que tenho tido aqui no ISAL, leva-me a concluir que as empresas têm sido parceiros importantes no sucesso do sistema. É bem visível o trabalho que é feito nomeadamente pela análise dos relatórios de estágio, onde é possível verificar a envolvência e a partilha que decorrem dos mesmos. Digamos que, tudo isto é, de alguma forma, confirmado pelo índice de colocação dos estudantes após a sua formação. Sendo este apenas o caso particular do ISAL, é minha convicção que esta visão restrita pode-se generalizar.