“Achamos que
a União Europeia falhou redondamente quando não aceitou este compromisso logo
como premissa de toda a solução para lidar com a covid-19”, disse Eduardo Jesus
em entrevista à agência Lusa.
O governante
madeirense sustentou que esta região autónoma enquanto destino turístico
defendeu logo o princípio do controlo na origem, argumentando que esta medida
não significa que a região pretendia “jogar para cima das origens esse
controlo, porque a Madeira também é origem quando todos os passageiros saem de
cá”.
“Foi um desafio
que lançámos ao mais alto nível, foi o presidente do Governo Regional da
Madeira que lançou ao primeiro-ministro, envolvemos União Europeia também. Aqui
Portugal podia ter uma posição mais clara e assumir claramente que a defesa de
controlo na origem traria mais conforto a toda a gente”, insistiu,
complementando: “Gostaria de ver Portugal continental ao nosso lado!”.
O governante
enfatizou que o objetivo era haver o “assumir de um compromisso que devia ser
global”.
“A União
Europeia devia ter assumido imediatamente, porque se controlarmos na origem,
significa que antes do embarque evidencio que estou bem de saúde, através de um
teste feito das últimas 72 horas, se for um PCR (reação em cadeia da
polimerase)”, o que permite garantir que a pessoa não está infetada com o novo
coronavirus, aliado ao controlo de temperatura.
Com este
procedimento, o passageiro ao entrar no avião está “descansado, porque toda a
gente está na mesma condição, não há necessidade de afastamento dentro do
avião, basta usar a máscara, ter cuidados com a limpeza, a desinfeção, evitar o
manuseamento de coisas em comum dentro do avião, menus, revistas, comida, etc.
e corria tudo bem”.
Admitiu que,
na chegada ao destino, possa “haver outra vez um ponto de controlo de
temperatura, questionário para ver se a pessoa está bem, que é o que está a
acontecer hoje em dia e tudo corria normalmente se o controlo fosse feito na
origem”
Eduardo
Jesus complementou que, “se o controlo não for na origem, transporta sempre um
risco para o destino e as medidas têm de ser implementadas à chegada porque
ninguém aceita mesmo o passageiro”.
O
responsável argumentou que o objetivo é o passageiro que chega à Madeira para
passar férias “ter a certeza que está bem”, “conferir às pessoas confiança
através das medidas”, sentindo que as medidas preventivas “são levadas a
sério”, pelo que vai ter “umas férias descansadas”.
Contudo,
Eduardo Jesus referiu que este “é um dos aspetos que a Madeira não tem
autoridade para impor”, mencionando tratar-se de “uma opção que envolve os
aeroportos, as companhias aéreas, as autoridades de aviação nacionais e
internacionais, a Agência da União Europeia para a Segurança da Aviação (ASA é
que devia tomar esta orientação e impor que o controlo se fizesse”, vincou.
O secretário
madeirense defendeu ainda que deveria ter existido “um compromisso em Portugal
relativamente a esta lógica do controlo na origem”.
O governante
insular referiu que este tipo de medidas vai “obrigar ao envolvimento de
identidades diferentes”, apontando que “tudo o que tem a ver com controlo
sanitário envolve a equipa do Instituto da Administração da Saúde da Madeira
(IASAUDE)”, acrescentando que na altura necessária “os meios vão ser
reforçados”.
As
“instituições de saúde estão preparadas para isso e os meios estarão
disponíveis na altura certa”, assegurou.
Sobre o
anúncio de várias companhias que estão a prever voos para a Madeira, Eduardo
Jesus desvalorizou a situação, explicando que isso faz parte das estratégias
das operadoras para testar o mercado.
Ainda mencionou
que o setor do turismo da região está fechado há dois meses devido à pandemia
da covid-19, sendo que “contribui em 26% do PIB da Madeira, o que significa que
cada semana o PIB total da região encolhe mais de 0,5%”, perdendo 110 milhões
de euros por mês.