As alterações cada vez maiores e mais rápidas, da sociedade atual, a todos os níveis, especificamente ao nível das toxicodependências, implicam uma necessidade crescente de explorar um outro campo de intervenção no âmbito da prevenção.
O consumo de substâncias psicoactivas em meio laboral não é só um problema do trabalhador consumidor, tem também implicações nos seus colegas e na empresa podendo, por vezes, este problema alargar-se à sociedade em geral (Organização Internacional do Trabalho, 2008).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) referem que o consumo excessivo de substâncias psicoactivas em meio laboral influencia os comportamentos e a saúde mental. A OIT refere ainda, que os custos laborais decorrentes dos problemas ligados ao álcool ou a outras drogas são elevados, refletindo-se indirectamente sobre a forma de acidentes, danos no equipamento, diminuição do rendimento, absentismo ou ausências por doença.
A pertinência de atuação neste contexto tem sido fundamentada em alguns programas de Prevenção em Meio Laboral, tais como, o European Research and Intervention on Dependency and Diversity in Companies and Employment (EURÍDICE), em que é valorizado a promoção de hábitos saudáveis, a modificação de atitudes, comportamentos e factores de risco, a alteração das condições de trabalho que possam fomentar o consumo das drogas, o aumento dos conhecimentos sobre o consumo de substâncias e a promoção das condições necessárias à criação de um clima e laboral saudáveis.
Neste sentido, há necessidade de dotar a população trabalhadora de informação e de competências individuais, sociais e desmistificar crenças e atitudes relativamente aos consumos de substâncias psicoativas, de modo a consciencializá-la para as consequências nefastas, visto que, é na idade adulta que o trabalho assume um papel primordial no dia-a-dia do indivíduo, podendo condicionar todos os aspetos da sua vida desde os relacionais, aos emocionais passando pelos de saúde.
Os pilares da intervenção preventiva em meio laboral deverão basear-se, por um lado, na importância da segurança e saúde no trabalho e na promoção e sensibilização para os estilos de vida saudáveis. Por outro lado, no desenvolvimento de estratégias no âmbito da responsabilidade e da ética organizacional, apoiando as empresas e os trabalhadores e alargando a sua intervenção às famílias e comunidade onde se inserem.
Fontes:
- Becona "Bases científicas de la prevención de las drogodependencias". Plan Nacional sobre Drogas. Madrid 2002.
- Vilar G., Pissarra P., Frango P., Melo R. (2013) Linhas Gerais de Orientação à Intervenção Preventiva nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. SICAD.
- WHO, 2000, in Matos, 2008. Consumo de substâncias - Estilo de Vida? À Procura de um Estilo?Instituto da Droga e da Toxicodependência.