Eduardo Jesus complementa que se trata de “uma produção urbanística e arquitetónica que se afigura particularmente notável quando realizada em contexto de exiguidade territorial e relevo acidentado, com montanhas de densa arborização e litorais abruptos. As caraterísticas específicas do arquipélago da Madeira, como o demonstra esta obra, não foram impedimento para as experiências de construção dos vários matizes da arquitetura moderna, em relação ou em deriva face aos territórios concretos. Antes assume-se como indelével elemento diferenciador, de riqueza e diversidade, que importar dar a conhecer”.
O livro, da autoria de José Manuel Fernandes e de Rui Campos Matos conta com a colaboração de Maria de Lurdes Janeiro. Começou a ser trabalhado em 2016 e foi concluído quatro anos mais tarde. Representa um olhar sobre seis séculos de ocupação e retrata o que de melhor foi construído pelos nossos antepassados e pelos nossos contemporâneos.
O governante realça que se trata de “um documento que proporciona uma oportunidade de reconhecer essa autenticidade da Madeira enquanto construção humana, a partir da análise da construção edificada e da sua projeção no espaço e no território. Este livro constitui um contributo singular no domínio do estudo do ordenamento cultural do território, sendo uma publicação que prima por evidente sistematicidade e organização, permito-me destacar, neste particular: a introdução sobre as cidades e as vilas na Madeira e no Porto Santo; a arquitetura histórica madeirense nos séculos XV a XIX; a arquitetura dos turismo terapêutico; o século XX e o início de XXI, com a obra de grandes arquitetos portuguesas na Madeira, como Edmundo Tavares, Raúl Lino, Chorão Ramalho e Faria da Costa, entre outros”.
Eduardo Jesus sublinhou que ciente da importância desta dimensão na gestão do património edificado, “são prolíferos os exemplos de obras de reabilitação praticadas recentemente na Madeira”.
Mais acentuou no lançamento do livro que contou com o apoio da Secretaria Regional de Turismo e Cultura e que decorreu na Assembleia Legislativa Regional, que “o Governo Regional tem inscrito nas suas grandes opções de Plano e Investimento, obras emblemáticas de reabilitação urbana, incluindo a requalificação e recuperação de imóveis classificados de interesse público e monumentos nacionais, como Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s, o Atneu do Funchal, a Sé do Funchal, o Convento de Santa Clara, a Quinta Magnólia, tendo realizado outras de prestígio internacional como a Casa das Mudas na Calheta, uma obra excecional do arquiteto Paulo David, que hoje acolhe o MUDAS. Museu de Arte Contemporânea da Madeira, que muito nos orgulha. Mas não esquecendo a necessidade de recuperação, conservação e potenciação de espaços no centro da cidade do Funchal, como é exemplo o antigo ‘Mosteiro Novo’ na Rua do Seminário, que acolhe serviços do Governo Regional e atendimento ao público. Uma intervenção permitiu valorizar um imóvel e enriquecer a memória de uma rua e da cidade. Digo Requalificação, na medida em que estas intervenções contribuem para a melhoria de pelo menos uma característica dos referidos imóveis e função”.
Eduardo Jesus referiu igualmente que “projetos desta natureza, como os dos Solares e Capelas, são tão importantes como outros de maior dimensão, porque na preservação do tecido antigo das cidades importa pensar, em primeiro lugar, na sua dimensão social: nos seus habitantes. A salvaguarda das vilas, cidades, centros históricos, espaços de devoção e do quotidiano, como os aqui retratados nesta obra, não pode ser tratada separadamente das populações que neles habitam e que lhes dão significado. As pessoas (o tecido social) são a razão de ser do local (o tecido físico) e não devem ser excluídas do processo de reabilitação, pois mantêm a identidade própria do lugar e representam a memória coletiva de muitas gerações. Nesta obra, também são divulgados e dados a conhecer exemplos de boas práticas em matéria de arquitetura e ordenamento do território, e em todos os casos, é indelével a marca e importância da preservação do tecido social”.