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Classificação do Mercado dos Lavradores, no Funchal, como imóvel de interesse público.

O Mercado dos Lavradores identifica, a partir da cidade do Funchal, a introdução e recurso da linguagem modernista na arquitetura madeirense, através das obras do arquiteto Edmundo Tavares (1892-1983), que respondeu às dinâmicas implementadas por Fernão Ornelas (1908-1978) na cidade, a partir de 1935, com a sua entrada na governação da câmara. 21-04-2020 Direção Regional da Cultura
Classificação do Mercado dos Lavradores, no Funchal, como imóvel de interesse público.

DRC - DSMPC
Ficha de Classificação: 
Título: Mercado dos Lavradores 
Valor: Classificação como imóvel de Interesse Público pelo seu relevante valor histórico, arquitetónico, artístico, etnográfico e social. 
Localização: Rua Latino Coelho 38, freguesia de Santa Maria Maior, concelho do Funchal. 
Proprietário: Município do Funchal. 
Área de proteção: Zona geral de proteção definida no esquema em anexo. 
O Mercado dos Lavradores identifica, a partir da cidade do Funchal, a introdução e recurso da linguagem modernista na arquitetura madeirense, através das obras do arquiteto Edmundo Tavares (1892-1983), que respondeu às dinâmicas implementadas por Fernão Ornelas (1908-1978) na cidade, a partir de 1935, com a sua entrada na governação da câmara. 
O Mercado dos Lavradores, juntamente com o Matadouro Municipal, foi inaugurado a 24 de novembro de 1940, associando-se aos auspícios do programa das comemorações da independência de Portugal: 1140 (fundação do Estado Português) e 1640 (Restauração, por D. João IV e fim da coroa dual). No entanto, data de 9 de dezembro de 1938 o edital da câmara para a sua construção, tendo as obras iniciado a 9 de janeiro de 1939. 
O Mercado dos Lavradores apresenta planta trapezoidal, tendo no centro um grande pátio retangular, amplos espaços de circulação, volumes articulados vertical e horizontalmente, fragmentados e diversificados, e pilares entre os vãos dando grande amplitude ao espaço, conotando-se com a ideia de uma cidade com praça e ruas de certo pendor cenográfico e monumentalidade arquitetural. 
Anota-se, neste edifício, a estética da arte Deco, de cariz mais geometrizante, conjugada com alguns regionalismos construtivos e estéticos. É o que se observa na fachada, entre o jogo geométrico e certa depuração formal: torre quadrangular com escudo da cidade esculpido em basalto regional; corpos curvilíneos e dinâmicos; lajes em consolas; escadaria de três pisos; vãos corridos; entrada principal com vão e pilares pronunciados; corpo semicircular avançado, Nos alçados destacam-se as grandes áreas envidraçadas, com molduras contínuas em cantaria, a marcar a horizontalidade. As entradas são assinaladas com pequenos frisos de tijolo dispostos paralelamente em altura, no seguimento das ombreiras. O tardoz apresenta, ao longo de todo o segundo piso, um terraço com pérgula virado para a rua. 
Os alçados do corpo correspondente à zona do peixe têm um tratamento diferenciado. Os vãos apresentam molduras mais pequenas em cantaria e as marcações em tijolo são mais frequentes. 
No exterior observa-se um painel de azulejos, azul e branco, aludindo ao antigo Mercado de D. Pedro V, vendo-se no centro o conjunto escultórico (“Leda e o Cisne” e pedestal com fontes e data de 1880), que esteve naquele mercado e foi transferido para o átrio da câmara em 1941. A restante composição representa as tendas das vendas de frutas e legumes, a florista, vendedores, pássaros, e uma mãe com a filha no bebedouro. Outros painéis de azulejos são emoldurados com cartelas rocailles, policromáticas, com concheados e florões, extemporâneas, mas adaptadas à cultura tradicional madeirense sendo introduzido ao desenho da gravura original frutas locais como as bananas. Nas molduras das cartelas ficou desenhado “C.M.F./MCMXL”, na parte inferior, e as armas da cidade do Funchal, no remate superior. No centro, e a azul e branco, foram representadas cenas do quotidiano madeirense (floristas e vendedoras de frutas, com cestos de vimes; pesquitos descalços com celhas de peixe; homens e mulheres vestindo os típicos trajes regionais de vilões). Os azulejos são assinados e produção da Fábrica Battistini (Lisboa), de Maria de Portugal, da autoria do pintor João Rosa Rodrigues, com a data de 1940. Em diversos espaços estão azulejos azuis, brancos e amarelos, imitando o antigo padrão de maçaroca. 
O arquiteto Edmundo Tavares, formado na Escola de Belas Artes de Lisboa, foi discípulo do mestre José Luís Monteiro (1848-1942) e exerceu funções na Câmara Municipal de Lisboa. No Funchal lecionou na antiga Escola Industrial e Comercial de António Augusto Aguiar, onde se efetivou como docente. Anota-se na sua obra influências de Raúl Lino (1879-1974). 
O empreiteiro/construtor do Mercado dos Lavradores foi Manuel Alberto Gomes, escolhido entre doze candidatos ao concurso da obra, tendo apresentado o orçamento mais baixo no valor de 2605 contos. Teve a direção técnica José M. Pereira. 
O Mercado dos Lavradores foi sujeito a várias campanhas de obras desde 1980 até os dias de hoje. 
O Mercado dos Lavradores está classificado como de Interesse Municipal (Resolução do Conselho do Governo Regional da Madeira n.º 1070/93 - JORAM, I Série, n.º 124, 2.º suplemento, de 27 de outubro de 1993).


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