No atual contexto de constantes e novas exigências e desafios, também ao nível educativo, têm surgido referenciais teórico-práticos, mais ou menos de caráter normativo, que pretendem, pela clarificação e aprofundamento de fundamentos e princípios pedagógicos, sustentar e “alicerçar as práticas educativas” e letivas, reforçar a coerência entre o que dizemos e aquilo que fazemos, conferir intencionalidade educativa às ações e práticas pedagógicas e “apoiar a tomada de decisões em contexto, em dinâmicas desejavelmente colaborativas e reflexivas”. Estes referenciais, nomeadamente, as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE, 2016) disponibilizam linhas orientadoras que assentam numa conceção de currículo aberto ou emergente que facilita a construção e gestão desse mesmo currículo que parte e tem em conta o que é relevante e significativo para as crianças, numa abordagem articulada dos saberes, na organização de um ambiente educativo colaborativo e participativo que promove aprendizagens de qualidade. É, sobretudo, esta a temática abordada neste número da Revista Diversidades que refere que os fundamentos e princípios de toda a pedagogia para a infância (OCEPE, 2016) “são comuns”, “estão intimamente articulados e correspondem a uma determinada perspetiva de como as crianças se desenvolvem e aprendem, sendo de destacar, neste processo, a qualidade do clima relacional em que cuidar e educar estão intimamente interligados”. Destacando-se o desenvolvimento e a aprendizagem como vertentes indissociáveis do processo de evolução da criança que assume um papel ativo nessa construção e isso implica que ela tenha “o direito de participar nas decisões sobre o desenvolvimento do currículo, incluindo as aprendizagens a realizar e também a organização do ambiente educativo”. Destes fundamentos e princípios decorrem desafios decisivos para a prática educativa, que resultam da necessidade de adotar práticas pedagógicas diferenciadas em que o planeamento é “adaptado e diferenciado, em função do grupo e de acordo com as caraterísticas individuais, de modo a proporcionar a todas e a cada criança condições estimulantes para o seu desenvolvimento e aprendizagem”. Considera-se que este processo pode (e deve) presidir, não apenas ao contexto da educação de infância, mas a todo o processo de ensino e aprendizagem que decorre ao longo de toda a escolaridade obrigatória, na perspetiva de valorização da diversidade, no respeito pela diferença e na promoção de um ambiente inclusivo. Ao nível do ambiente educativo este número da Revista possibilita igualmente a oportunidade de refletir, por exemplo, sobre os “espaços exteriores educativos”, a Metodologia do Trabalho por Projetos, o Método Lemus (leitura e escrita multissensorial), o “eProjeto: Histórias de En(cantar)”, o projeto “Serei(a) no Jardim” e do seu contributo para o desenvolvimento de competências essenciais presentes no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Marco Gomes
Diretor Regional de Educação