No dia 22 de setembro assinala-se o Dia Europeu Sem Carros. A Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas (DRAAC) não podia deixar passar esta data e como tal elaborou um pequeno estudo onde se pode verificar o impacto das restrições à mobilidade no ano de 2020 resultantes da pandemia COVID-19, nomeadamente o confinamento obrigatório entre 15 de março e 4 de maio de 2020 que condicionou a utilização de veículos automóveis nesse período.
Atendendo que na Região, as medidas restritivas condicionaram muito o uso dos transportes, em especial o uso de automóveis particulares, utilizaram-se para este estudo, os dados recolhidos na estação urbana de tráfego de São João.
Foram utilizados os dados da monitorização em contínuo dos poluentes atmosféricos, Dióxido de azoto (NO2) e Monóxido de carbono (CO), considerando que o tráfego automóvel é o maior responsável pela origem antrópica destes poluentes.
Para a análise dos resultados foram efetuadas comparações entre períodos equivalentes de 2020 (durante o confinamento) com anos anteriores (2017,2018 e 2019) e 2021.
1 - Monóxido de Carbono (CO)
Figura 1 - Valor máximo diário de CO em São João entre 1 de janeiro de 2019 e 15 de setembro de 2021
A avaliação da figura 1 permite verificar que os valores mais baixos registados (assinalados a vermelho) ocorreram entre o dia 15 de março de 2020 (período de confinamento) e o final de maio de 2020 (desconfinamento a 4 de maio) e após esse período os valores máximos diários de CO voltaram a subir tendo em 2021 atingido valores elevados nos dias 28 de abril de 2021 com 1464 µg/m3 e 9 de junho de 2021 com 1705 µg/m3 (contudo muito abaixo do valor limite de emissão 10 000 µg/m3).
De modo a se conseguir avaliar melhor o efeito na qualidade do ar da diminuição do tráfego automóvel, foi calculada a evolução da média diária de CO entre 15 de março e 4 de maio e para os anos, de 2020, de 2021 e para a média do mesmo intervalo dos anos de 2017, 2018 e 2019.
Figura 2 - Médias diárias de CO em São João de 15 de março a 4 de maio
Figura 3 - Concentração média de CO em São João de 2017 a 2019, 2020 e 2021, entre 15 de março e 4 de maio
Da avaliação das figuras 2 e 3 pode-se perceber que o tráfego automóvel tem um impacto muito elevado na concentração de CO e consequentemente na qualidade do ar da Estação de qualidade do ar de São João no Funchal. Ao compararmos a média de 2017 a 2019 com 2020 para o período estudado, obtemos uma redução de 82% na concentração de CO na atmosfera. Ao efetuarmos o mesmo cálculo entre 2020 e 2021 a redução é de 70% na concentração de CO na atmosfera.
2- Dióxido de azoto (NO2)
Figura 4 - Valor médio diário de NO2 em São João entre 1 de janeiro de 2019 e 15 de setembro de 2021
Figura 5 – Médias diárias de NO2 em São João de 15 de março a 4 de maio
Através da apreciação das figuras 4 e 5 verifica-se que os valores mais baixos registados (assinalados a vermelho na figura 4) ocorreram entre o dia 15 de março de 2020 (período de confinamento) e maio de 2020 (desconfinamento a 4 de maio). Contudo, em 2021 o período analisado também contou com valores muito próximos dos valores de 2020.
Figura 6 – Médias de NO2 em São João de 2017 a 2019, 2020 e 2021, entre 15 de março e 4 de maio
Através da apreciação da figura supra pode-se visualizar uma redução da concentração de NO2 de 68% quando comparado com a média do triénio 2017 a 2019. A confrontação de 2021 com 2020 revela uma redução da concentração de NO2 de 20% no período de confinamento.
Conclusão
A análise particular dos resultados obtidos permite afirmar que as restrições de mobilidade e consequente diminuição do tráfego automóvel levaram a uma grande diminuição de emissões de CO e de NO2 para atmosfera, especialmente ao compararmos os dados anteriores á pandemia com os do período de confinamento.
Uma vez mais fica demonstrado o peso enorme do tráfego automóvel na qualidade do ar da cidade do Funchal.
Importa referir que nenhum valor limite de emissão foi ultrapassado nos períodos estudados, para nenhum dos poluentes.
Adere ao dia mundial sem carros!
Desloca-te utilizando transportes públicos ou se possível de bicicleta ou a pé.