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«Perceber se, além dos professores, os alunos cumprem o currículo»

Repto de Jorge Carvalho no Encontro Regional sobre Autonomia e Flexibilidade Curricular. 20-03-2018 Educação, Ciência e Tecnologia
«Perceber se, além dos professores,  os alunos cumprem o currículo» O Secretário Regional de Educação, Jorge Carvalho, participou, segunda-feira (19 de março), no auditório da Escola Secundária de Jaime Moniz, na sessão de abertura do Encontro Regional sobre o projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular (PAFC). Na cerimónia participaram ainda o Diretor Regional de Educação, Marco Gomes, e José Vítor Pedroso, da Direção-Geral de Educação e da Coordenação Nacional do PAFC.

Dirigindo-se aos cerca de 300 docentes participantes no encontro, entre docentes das 10 escolas madeirenses envolvidas no PAFC, responsáveis das escolas de 1.º ciclo e membros dos conselhos executivos das escolas básicas e secundárias, Jorge Carvalho deu testemunho do empenho da Região na experiência pedagógica em curso no todo nacional.

Para fazê-lo, o responsável pela tutela socorreu-se do projeto ‘Turmas +’, proposto pelas escolas básicas do 2.º e 3.º ciclos do Estreito de Câmara de Lobos e do Caniço, no início do ano letivo 2015/16. Então, referiu, “iniciámos o projeto ‘Turmas+’, no qual foram propostos e implementados espaços diferenciadores para que os nossos alunos encontrassem respostas para os diferentes contextos que viviam e as diferentes competências que detinham”.

Foi o mote para sustentar que “a flexibilidade curricular sem autonomia é quase impossível conjugar”. Depois disse acreditar que é com base na análise dos contextos, das realidades e dos pressupostos de cada escola que devem ser adotadas as melhores metodologias e estratégias, às quais não basta serem só diferentes, têm de ser mesmo as melhores. 

“Estamos convictos que sem a predisposição para essa descoberta, quer ao nível das direções das escolas e dos conselhos executivos, quer dos professores em geral, não é possível implementarmos projetos como este”, disse, considerando ainda que a capacidade interrelacional, comunicacional e de partilha dos professores, e das respetivas equipas pedagógicas ou grupos de trabalho, é uma condição indispensável para o sucesso do projeto.

Abordando a problemática de outro prisma, Jorge Carvalho sublinhou que se fala muito “do perfil do aluno, das competências que deve possuir na conclusão de cada ciclo formativo, mas não podemos esquecer também o perfil do nosso professor, pois o mesmo contribui para a definição do projeto educativos de escola”. 

“Por outro lado” enfatizou, “as circunstâncias dos contextos são potenciadoras do desempenho profissional dos professores e é na conjugação destas diferentes variáveis, que nem sempre são fáceis de conjugar, que devemos procurar o sucesso dos nossos alunos”. “Essa deve ser a premissa sobre a qual devemos depois desenhar a estrutura organizacional da escola”, disse ainda.

A questão associada à definição e cumprimento do currículo, essencial no PAFC, motivou a seguinte indagação ao orador: “Muitas vezes, quando abordamos a questão da implementação de metodologias diferenciadoras, os docentes questionam o cumprimento do currículo. Mas, a pergunta podia ser: e os alunos, cumprem esse mesmo currículo?” 

Para que seja encontrada uma resposta propôs a reflexão situada não no cumprimento do programa, por parte do professor, mas sim nos níveis de domínio dos alunos sobre o mesmo. “Nós existimos precisamente para sermos facilitadores desse cumprimento e para isso não temos de seguir um único padrão ou um único trajeto”, reforçou.

Reaproximando-se dos temas específicos do encontro, o Secretário Regional e Educação sublinhou: “Estamos aqui para, precisamente, podermos contactar e avaliar o trajeto de dois períodos, em várias das nossas escolas que aceitaram este desafio. Acreditamos, pelo acompanhamento efetivado, que este é mais um percurso de sucesso”. 

Respondendo com um enfático ‘sim’ às indagações de que tem sido um trajeto árduo e de que tem havido alterações significativas na metodologia habitual de trabalho, exemplificou as mudanças em curso  através da alteração do vocabulário corrente: “estamos habituados em falar da minha turma, do meu horário, da minha sala de aula, e passamos a utilizar uma linguagem mais coletiva: a nossa turma, o nosso projeto, o nosso trabalho”.

Jorge Carvalho mostrou-se depois convicto de que essas condições “permitirão trabalhar para todos e trabalhar com todos, pois acreditamos que só com todos podemos chegar a bom porto”. “É fácil incluir, nem sempre é fácil integrar”, considerou de seguida, esclarecendo que “procura-se que essa integração seja total e só com metodologias que possam responder a essas necessidades, com projetos que possam responder a dificuldades ou a contextos menos favoráveis, podemos acreditar que estamos a trabalhar para todos”. 

Na parte final da sua intervenção, Jorge Carvalho desafiou outras escolas no sentido de encontrarem, por esta ou outra metodologia, espaço para projetos potenciadores de uma aprendizagem positiva. Reconhecendo que a experiência piloto (PAFC) “criou alterações às dinâmicas das escolas” , recusou a abordagem de que as mudanças são importantes, desde que sejam feitas pelos outros. 

“A Educação é um processo fundamental nas sociedades, mas mais do que educar devemo-nos preocupar em formar cidadãos capazes, competentes, que possam no final do seu percurso ter capacidade autónoma, crítica e de intervenção na sociedade”, considerou ainda. 

A terminar, Jorge Carvalho sublinhou: “Cabe à Escola a responsabilidade de responder a todos os contextos, a todas as diferenças, a todas as necessidades. É um trabalho complexo? É, sem dúvida alguma. Mas cá estamos para responder a essas complexidades, porque se fosse fácil não estaríamos aqui reunidos”.
 
 

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