O Dia Nacional do Azulejo comemora-se a 6 de maio e a celebração, pretende chamar a atenção para a importância do azulejo português, bem como para a necessidade imperiosa da sua salvaguarda.
Há mais de 5 séculos que o azulejo faz parte da nossa história e a sua presença tornou-se tão banal que nem sempre nos damos conta de como é marcante nas nossas vidas. Habituamo-nos aos revestimentos cerâmicos nas capelas, igrejas, no interior de edifícios, em fachadas, torres, varandas, jardins e fontanários e temo-los como garantidos. No entanto é importante ter a noção da sua diversidade. O azulejo não é uma realidade única, mas a soma das muitas realidades em que foi capaz de se reinventar ao longo dos tempos. Perceber essa evolução é acompanhar a história da arte portuguesa através de um imenso património, tão rico quanto frágil. O desenvolvimento urbano, as demolições e remodelações dos edifícios, os roubos, bem como o vandalismo, são os maiores riscos que afetam os revestimentos que se mantêm in situ. A preservação de todos esses testemunhos é fundamental para a compreensão do azulejo como um todo, ou seja, como parte integrante da arquitetura, de um local e elemento caracterizador de vários períodos da nossa história. Assim a sobrevivência da azulejaria portuguesa passa também pelos artistas de hoje que adaptando, experimentando, modernizando e inovando, marcam o presente e abrem caminho ao azulejo do futuro.
A Casa-Museu Frederico de Freitas possui uma diversificada e importante coleção de azulejos, reunida por alguém sensível e visionário que, como poucos no seu tempo, olhava o azulejo como uma marca identitária de Portugal. Nos anos 50, Frederico de Freitas acolheu e conviveu com Santos Simões, na altura o maior estudioso da azulejaria portuguesa. Acompanhou de perto os trabalhos de inventariação da azulejaria da Madeira e do Porto Santo efetuados por aquele especialista e apadrinhou as primeiras conferências de divulgação e sensibilização para o património azulejar que se realizaram na Região. Muitos dos exemplares hoje expostos na Casa-Museu são testemunhos únicos de revestimentos desaparecidos e representam contributos fundamentais para o estudo da azulejaria nacional e da sua aplicação na Região. Foram salvos numa altura em que o azulejo era encarado como uma arte menor e em que o destino do desperdício das demolições era o lixo. Em memória do seu patrono e do papel que desempenhou na salvaguarda e valorização do azulejo, a Casa-Museu Frederico de Freitas associa-se a esta comemoração nacional e, face ao seu encerramento devido à atual conjuntura do COVID-19, realiza através do seu Facebook uma série de publicações que visam suscitar interesses e sensibilizar para a beleza e a importância do azulejo.
Tendo a consciência que para preservar é preciso valorizar, o caminho faz-se conhecendo, estudando, inventariando e divulgando. E porque os mais novos são o nosso futuro, é importante introduzi-los nestes temas. A Casa-Museu aproveita a ocasião, para disponibilizar às crianças a versão digital do livro “As voltas de uma parede”. A publicação, dos Serviços Educativos da Casa-Museu, ançada no âmbito das Comemorações dos 600 anos da Descoberta da Madeira e do Porto Santo, funciona como guião para a exploração da azulejaria portuguesa exposta na Casa dos Azulejos e distribuída pela cidade do Funchal. O seu objetivo é explicar o azulejo na história da Madeira e abordar aspetos marcantes das diferentes épocas. Responder a algumas questões sobre o que é, qual a sua utilidade e como evolui o seu fabrico e decoração.
Para o Secretário Regional de Turismo e Cultura, 'esta é uma forma de alertar para a importância da preservação deste património, que tem na Casa-Museu Frederico de Freitas, um dos seus maiores representantes a nível regional e nacional, e cuja preservação tem sido prioritária para o Governo Regional. Importa por isso, preservar e divulgar a Casa dos Azulejos, incluída no referido espaço museológico e simultaneamente, salvaguardar um trabalho de coleccionismo iniciado por Frederico de Freitas'.