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Valor do peixe capturado nas ilhas Selvagens é de 154 mil euros/ano

Se dividirmos os 154 mil euros pelas 38 embarcações que se dedicam à pesca do atum, o rendimento anual de cada uma delas não chega aos 4 mil euros/ano para toda a companha. 05-01-2022 Mar e Pescas
Valor do peixe capturado nas ilhas Selvagens é de 154 mil euros/ano

O valor médio de todo o pescado capturado nas Selvagens é de 154.000 euros por ano, o que representa apenas 1,8 por cento do total do pescado descarregado nas lotas da Região, nos últimos cinco anos.

 

Com a recente extensão da reserva marinha das Selvagens, numa área de 12 milhas náuticas em redor das Ilhas e a consequente proteção de todas as espécies nela existentes, com total proibição da atividade piscatória, soaram vozes discordantes com a decisão governamental.

 

No entanto, esta medida contou com o apoio direto da Fundação Oceano Azul, da National Geographic e do Waitt Institute, entidades que contribuíram para a obtenção de dados que, entre outros, sustentam cientificamente a medida agora anunciada, uma decisão suportada por estudos científicos, jurídicos e por dados recolhidos em expedições realizadas nos últimos anos. 

 

Quando o tema das alterações climáticas preenche as agendas políticas mundiais e as evidências científicas provam que a proteção dos oceanos e a criação de reservas marinhas são pilares da sustentabilidade do planeta, é preciso que o bom senso impere nas tomadas de decisões, procurando os equilíbrios necessários a uma exploração responsável dos recursos marinhos.

 

Nenhuma das entidades discordantes apresentou resultados concretos da atividade piscatória nas Ilhas Selvagens, de modo a contribuir para uma reflexão que ajude a esclarecer as populações.

 

Uma consulta aos valores do pescado capturado nas Selvagens, nos últimos cinco anos, entre 2017 e 2021, quer em termos de peso, quer em valor comercial, acaba por trazer à liça uma questão pertinente: vale a pena sacrificar o alargamento da reserva marinha das Selvagens, a primeira em Portugal, criada há mais de 50 anos, e uma das mais antigas na Europa, quando o valor médio da pesca descarregada é de 154 mil euros/ano e representa apenas 1,8 por cento de todo o pescado descarregado na Região?

 

A questão para a comunidade científica está arrumada, e o Governo Regional pretende, com o alargamento da zona de interdição à pesca, proteger, em primeiro lugar, as espécies ali existentes, salvaguardar o ecossistema marinho e, em segundo lugar, criar condições para potenciar outras atividades ligadas à economia azul, nomeadamente a investigação científica e o turismo científico, bem como o mergulho.

 

Quando o executivo fez entrar em vigor, em dezembro deste ano, a legislação que determina a extensão da área protegida, algumas entidades foram ao ponto de afirmar que “a manter-se o alargamento da reserva representa a morte de cerca de 40% do setor” das espécies do atum e do gaiado.

 

O facto é que em nenhum dos registos na posse da direção regional de Pescas, da tutela da secretaria regional de Mar e Pescas, foram encontrados registos que confirmem aquela percentagem.

 

Pelo contrário, os dados da secretaria regional de Mar e Pescas comprovam valores muito distantes dos mencionados. Como já foi referido, a média dos últimos cinco anos aponta para um valor comercial de 154 mil euros/ano, ou seja, 1,8 % do total da pesca descarregada anualmente nas lotas.

 

Se dividirmos os 154 mil euros pelas 38 embarcações que se dedicam à pesca do atum, o rendimento anual de cada uma delas não chega aos 4 mil euros/ano para toda a companha.

 

Outro dado relevante. Nos últimos cinco anos (2017-2021) todas as embarcações de pesca de tunídeos realizaram uma média anual de 1 400 dias de atividade piscatória. Desse total de dias, apenas 22 foram realizados nas ilhas Selvagens e apenas 9 embarcações para lá se deslocaram, o que representa somente 1,7 do total de dias de pesca do período em análise.

 

Os reportes obrigatórios sobre os locais de captura das espécies, os sistemas tecnológicos que são utilizadas na segurança marítima e das tripulações, assim como a monitorização da atividade das embarcações e a segurança costeira, permitem nos dias de hoje recolher dados precisos sobre a atividade piscatória regional. 

 


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