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"As pessoas criticam a aquacultura, e a carne que consomem, de frango, vaca e porco, como acham que é produzida?"

Pergunta lançada pelo secretário regional de Mar e Pescas, Teófilo Cunha, na sessão pública de apresentação da Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030, na presença do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos. 19-10-2020 Mar e Pescas
"As pessoas criticam a aquacultura, e a carne que consomem, de frango, vaca e porco, como acham que é produzida?"

O secretário regional de Mar e Pescas apontou esta segunda-feira as “entropias oriundas da União Europeia” como um dos fatores que têm dificultado a renovação da frota de pesca da Região, em particular a do peixe-espada.

 

Teófilo Cunha falava na apresentação pública da Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030, na presença do ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, e da Diretora-Geral de Política do Mar, Helena Vieira, que decorreu no auditória da Reitora da Universidade da Madeira.

 

Neste encontro foram apresentadas as linhas orientadoras para “a década da transição” das políticas do mar. Todos os participantes voltaram a referir “a maturidade” da aquacultura da Madeira como “um exemplo para o país”, no dizer do ministro do Mar, bem como “o conhecimento e a experiência” adquiridos nos mais de 20 anos de produção regional.

 

O Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR), a central dessalinizadora do Porto Santo e a qualidade da investigação produzida na Madeira foram outros dos aspetos relevados nas intervenções, com o secretário regional a criticar a “excessiva burocracia” que enfrenta o MAR.

 

Perante um auditório interveniente e a participação online, o secretário regional de Mar e Pescas destacou os eixos principais da Estratégia Nacional para o Mar 2030: a ciência e a inovação; a educação, formação, cultura e literacia do oceano; a biodiversidade e áreas marinhas protegidas; as pescas, aquacultura, a transformação e comercialização; os portos, transportes marítimos e logística.

 

Teófilo Cunha lamentou que o sector das pescas esteja sujeito às “entropias” da União Europeia, e explicou porquê: “Possuímos uma pesca artesanal, nas mais variadas espécies capturadas, temos quotas de captura que cumprimos, limites para a potência dos motores e arqueação bruta das embarcações, e depois quando pretendemos equipar ou substituir embarcações por outras mais evoluídas, com melhores condições a bordo, são levantados inúmeros obstáculos.”

 

Com o ministro do Mar a ouvir, o governante regional pediu a colaboração do Governo da República e deu alguns exemplos: “Se porventura um armador do peixe-espada quer mudar o velho método de conservação do pescado com gelo para um sistema de refrigeração a bordo, a União Europeia não comparticipa essa melhoria para termos peixe com maior grau de frescura em todo o circuito comercial.”

 

A literacia do mar é estratégica para o Governo Regional da Madeira. “É com as camadas mais jovens da população que continuaremos a educar, sensibilizar e a formar para os vários assuntos do mar”, referiu Teófilo Cunha. “Queremos implementar na Região o programa nacional Escolas Azuis, mas isto não é desculpa para que as gerações mais velhas não devam respeitar e valorizar o mar e cumprir com as regras mais básicas de civismo.”

 

A aquacultura foi outro dos temas que dominou a apresentação da Estratégia Nacional para o Mar 2030. O secretário regional de Mar e Pescas voltou a apresentar números: Canárias, aqui ao lado, faturou 92 milhões de euros em 2019, em dourada e robalo, num total de 16 mil toneladas, a Madeira apenas 5 milhões de euros e pouco mais de mil toneladas. Canárias recebeu 15 milhões de turistas, a Madeira 1,5 milhões.

 

Depois dos números, o secretário regional deu nota do que está escrito na Estratégia Nacional 2030: “A Região vê com bons olhos no documento agora em discussão pública um reforço na aquacultura, pois esse documento considera a Madeira com maturidade nesta área e afirma que é uma linha de atuação a prosseguir, valorizando e capitalizando o conhecimento adquirido e promovendo efeitos de arrastamento para outros setores, como o turismo e outras atividades offshore.”

 

O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, pegou na palavra para reforçar o papel da Região nesta área e apontar a aquacultura como “um modelo sustentável”, quer em termos ambientais, quer na preservação e conservação dos oceanos, por todo o circuito beneficiar dos contributos da ciência e investigação.

 

Teófilo Cunha, no período das perguntas e resposta, disse ter necessidade de “desmontar algumas mentiras, sempre das mesmas pessoas” sobre a aquacultura, “pessoas que falam sem qualquer conhecimento e fundamento científico”. Comprometeu-se a continuar o trabalho que a sua secretaria iniciou de “esclarecer as populações”, mas aproveitou para lançar alguns desafios: “As pessoas criticam a aquacultura, e a carne que consomem, de frango, vaca e porco, como acham que é produzida?”

 


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