O 5.º número da coleção "Cadernos de Campo" do Museu Etnográfico da Madeira (MEM) foi ontem apresentado naquele espaço museológico localizado na Ribeira Brava. Com o título "Do Teu Fruto, o Mel", este novo número da coleção que ja foi premiada pela APOM na categoria de "Investigação", tem texto e fotografia de Fernando Líbano, técnico superior do MEM e incide sobre o património cultural imaterial, mas desta feita, sobre a gastronomia popular, trazendo a público os processos de confeção artesanal de dois tipos de mel, únicos na nossa Região, o mel de figos e o mel de vinho em mosto, e a sua utilização no quotidiano madeirense.
Presente no lançamento, o secretário regional de Economia e Turismo, Eduardo Jesus, começou por salientar que encontra no MEM "muito mais do que aquilo que é o entendimento habitual dos museus". E explicou: "Os museus nasceram por uma determinada razão. É preciso preservar, conservar, manter, porque isso faz parte da nossa existência... Mas este museu tem alguma coisa de especial. Não se compram peças para este museu porque são de autores famosos ou de artistas incontornáveis. Este museu é especial porque guarda os nossos hábitos, os nossos costumes e as nossas tradições. Isso podia estar simplesmente no testemunho de um livro escrito ou de uma voz gravada e ficava para aqui guardado. Este museu o que tem de especial é que torna este legado numa vivência dos nossos dias", salientou.
Por essa razão, agradeceu todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por toda a equipa do MEM, espaço que "não guarda só memórias. Este museu investiga, este museu proporciona através dos workshops que são aqui feitos, uma grande proximidade com quem sabe e com quem quer aprender, e tem uma virtude muito grande que é o contacto permanente com a população", referiu.
Eduardo Jesus salientou que, neste âmbito, a coleção de "Cadernos de Campo" tem este fio condutor de transformar um conhecimento num registo para memória futura e "é por isso que têm sido reconhecidos na Madeira e fora da Madeira, através da APOM que nos deu essa enorme alegria, porque este é um valor extraordinário que fica ao alcance de todos nós e é uma forma de sistematizar conhecimento".
"Há uma obrigação moral da nossa parte de fazer preservar desta forma tão digna e tão rigorosa ao mesmo tempo, porque isto é trabalho de campo, de investigação, é saber trazer essa sabedoria popular que está no seu sítio até uma casa como esta para depois difundir esse legado", acrescentou o secretário regional, acrescentando que "este museu é especial porque trata deste tipo de conhecimento. Estamos a valorizar estas pessoas que são os guardiões deste conhecimento."