O Museu Etnográfico da Madeira, tutelado pela
Secretaria Regional de Turismo, apresenta a partir de 21 de julho, a exposição
temporária “Os remates de telhado, na arquitetura madeirense”, destaca hoje, na sua edição, o Jornal da Madeira.
Integrada na exposição temporária do projeto semestral
“Acesso às coleções em reserva”, o museu divulga uma tradição ancestral, subjacente a
um saber-fazer que faz parte do património cultural
material e imaterial madeirense e que representa uma herança cultural, passada
de geração em geração.
Trata-se dos elementos figurativos, colocados nos
extremos dos beirais e nas cumeeiras, popularmente conhecidos como “remates de
telhado” e que representam um importante testemunho da arquitetura popular
madeirense. Apresentam um figurado variado, inspirado em figuras
antropomórficas, em animais, em figuras naturalistas ou estilizadas.
Segundo alguns autores, estes elementos
têm as suas raízes em superstições e presságios, sinais de cultos pagãos, que
tinham como função espantar o efeito “maléfico dos seres sobrenaturais”,
funcionando como figuras protetoras do lar e das pessoas que nele habitam.
A tradição dos remates de telhado,
tornou-se uma constante nas habitações construídas em finais do século XIX e
durante o séc. XX, caindo em desuso no final do mesmo século. Esta tradição
adquiriu, na Ilha da Madeira, uma maior expressão e longevidade do que no seu
território de origem, Portugal continental.
Os remates de telhado eram confecionados
essencialmente em barro, embora existissem alguns em cimento e, inicialmente,
eram modelados, à mão, pelos oleiros. Devido à sua grande procura, as olarias
passaram a utilizar, mais tarde, moldes em gesso, permitindo a produção em
série destes artefactos. A última olaria a laborar na Ilha da Madeira e a
produzir estes remates de telhado, foi a Antiga Olaria do Lazareto, sediada no
concelho do Funchal. Alguns desses moldes, utilizados por aquela unidade
fabril, fazem parte do acervo do museu e estão patentes ao público nesta
exposição. Será também apresentada a coleção de remates de telhado do museu e
algumas peças de coleções particulares.
Recorde-se que o museu, nas suas
atividades anuais, realiza também, oficinas com o intuito de transmitir o
“saber-fazer”, de várias atividades que se encontram quase em extinção,
incentivando, desta forma, o interesse dos jovens em áreas como o artesanato e
etnografia. Para além disso, coordena diversas exposições temporárias e
itinerantes, uma forma de descentralizar a divulgação, promovendo as referidas
exposições, em vários concelhos, a diferentes públicos e instituições. O
projeto” Acesso às Coleções em Reserva”, permite a rotatividade das peças que o
museu possui, em reserva.
O Secretário
Regional de Turismo e Cultura, referiu ao JM, que “o
Museu Etnográfico da Madeira, é, por excelência, o espaço que preserva e
divulga os testemunhos da nossa cultura tradicional. Instalado num dos
edifícios emblemáticos da Ribeira Brava, onde funcionou o antigo engenho de
aguardente, mantém- se ativo, quer na investigação e conservação do património
material e imaterial, quer na abordagem dos temas escolhidos, como é o caso
desta exposição”, salienta Eduardo Jesus. O governante considera que " o museu preserva, de forma única, a tradição, cultura e etnografia da Região, tendo em consideração, o passado, potenciando, no presente e no futuro, o desenvolvimento e continuidade de um património que nos identifica".