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Primeiro aniversário da reabertura do Solar de São Cristóvão

Solar de São Cristóvão palco de vários eventos 16-09-2020 Turismo e Cultura
Primeiro aniversário da reabertura do Solar de São Cristóvão

Exemplar raro de arquitetura senhorial, o Solar de São Cristóvão, reabriu as suas portas, a 16 de setembro de 2019, depois de ter sido alvo de recuperação por parte do Governo Regional, enriquecendo a oferta cultural e patrimonial da Região.

O Secretário Regional de Turismo e Cultura, recorda que desde a sua abertura, e com apoio da Direção Regional da Cultura, este espaço “tem sido palco de vários eventos, não só presenciais, mas também online, como foi o caso das comemorações da Festa de S. Cristóvão, este ano, a 30 de maio, em pleno confinamento.” A Festa de S. Cristóvão, santo padroeiro dos viajantes e automobilistas, é uma referência para Machico e em especial, para a capela do Solar. Este ano, e devido à pandemia, a evocação ao santo foi realizada, através da exposição virtual e com uma visita ao solar, que contou com a presença alguns fiéis, acompanhados pelo Padre Ramos, da Paróquia do Piquinho. “Continuamos com a preocupação de descentralizar a cultura, permitindo a residentes e turistas, o usufruto deste espaço, dando a conhecer, através de várias atividades, este património. Neste ano atípico, tem havido um esforço do Governo Regional, em manter o contacto da população, com os espaços culturais e ao mesmo tempo, apoiar áreas que têm sido penalizadas com a pandemia. Neste sentido, criámos, com a Direção Regional da Cultura, as “visitas cantadas”, com concertos gravados nos concelhos de Ponta do Sol, Calheta, São Vicente e naturalmente, Machico, neste solar. Após o confinamento, a Secretaria Regional do Turismo e Cultura avançou com o projeto “Summer Sounds”, realizado com todas as medidas de segurança e proteção, com o Solar de São Cristóvão a receber Miguel Pires Trio, a 21 de agosto”, frisou Eduardo Jesus. “O solar faz parte de um projeto, o roteiro dos solares que futuramente será mais uma forma de divulgar e promover estes espaços culturais e que constituem polo de atração para turistas e residentes, sendo que as entradas são gratuitas.”

 

Sobre o Solar de São Cristóvão

A construção da Quinta de S. Christovam começa no ano de 1690 e termina em 1692, data gravada na cantaria da porta da capela e afirma-se como tradicional solar madeirense abastado, na tradição arquitetónica insular. Foi mandado construir pelo morgado Cristóvão Moniz de Menezes.

 

Exemplar raro de arquitetura senhorial, este solar sofreu algumas transformações, fruto do devir dos tempos. Construíram-se instalações sanitárias, atelier, biblioteca, quartos, onde outrora havia lojas, adega, dormitório dos serviçais.

 

Ao alto da escada, na parede, um azulejo armoriado evoca os brasões dos proprietários (Moniz, Menezes, Câmara, Drummond), herdeiros em sucessão de propriedade, até Carlos Cristóvão da Câmara Leme Escórcio de Bettencourt.

 

Carlos Cristóvão foi o último herdeiro do solar, nasceu a 25 de Fevereiro de 1924, no Funchal e viveu em Machico. Falecido em 1998, foi uma das distintas figuras da cultura machiquense. Foi poeta, romancista, escreveu peças de teatro e, entre as suas obras, destaca-se o “Elucidário de Machico”, cuja primeira edição foi publicada em 1981.

 

A 13 de Março de 1987, Carlos Cristóvão doou o imóvel à Região Autónoma da Madeira, atualmente classificado como Imóvel de Valor Local, estando, à altura, em avançado estado de degradação. O Governo Regional começa a restaurar o solar, onde, em 2000, veio a funcionar a "Casa do Artista", residência temporária de vultos do mundo da cultura.

 

Reabre em 2019, como solar visitável, justamente a celebrar os 600 anos do descobrimento da Ilha da Madeira, restituindo a sua aura mítica a este solar de tempos remotos, que Machico conserva entre os seus vales e simultaneamente, o usufruto pleno da antiga capela de veneração ao Santo São Cristóvão, muito prezado pela população, alvo de romarias e promessas.

 

 

Sobre a Festa de São Cristóvão

As comemorações dedicadas a São Cristóvão remontam ao século XVII.  Desde essa altura que no fim do mês de maio ou início de junho, se realizam romagens e festas em Machico em honra a São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas e dos viajantes. 

Genuína demonstração de fé e devoção que a população de Machico tem ao santo, a procissão percorre as ruas da cidade de Machico, à qual se vão juntando as pessoas por onde passa.

Durante algum tempo, esta tradição perdeu-se, sendo recuperada em 1996 pelo Pároco do Piquinho, Padre José Afonso, que realizava a Festa na Igreja Paroquial, marcada pela ida  à capela para deslocar a imagem do santo. Foi também este pároco, que idealizou a procissão de automóvel pelas ruas de Machico. Posteriormente, com o Padre Manuel Carlos a festa passou a se realizar na Capela do Solar de São Cristóvão e atualmente com o Padre Ramos, que dá continuidade a essa tradição tão apreciada pela população.

Na véspera da festa, no sábado, a Eucaristia realiza-se no fim do dia, acompanhada pelo Coro que anima a cerimónia. Posteriormente, a animação continua na rua com grupos de música tradicional de arraial e finaliza com o fogo de artifício.

No Domingo, realiza-se a Eucaristia da Festa depois do almoço, na Capela do Solar de São Cristóvão, acompanhada também pelo Coro.

Em seguida, sai a procissão em cortejo automóvel percorrendo as ruas de Machico, com muitas pessoas a assistirem pelo percurso, atirando flores e admirando o automóvel que leva o santo, ornamentado com flores.

A procissão volta de novo à capela do Solar de São Cristóvão, onde são benzidos os automóveis que participaram e é distribuída a Oração de São Cristóvão.

 

Solar São Cristóvão como Património

Inscreve-se assim, na memória coletiva, a importância desta família, com destaque para o derradeiro Cristóvão, a quem se rende  homenagem, relembrando a sua obra literária e dedicação a este sítio único, por ter permanecido na mesma linhagem desde a sua fundação.

 

A escritora  Maria Lamas, referiu-se ao Solar, como  “ Uma quinta diferente das outras. Tudo, aqui, evoca os antigos morgadios, desde a casa vermelha ao ambiente rural, somente amenizado pelo parque fronteiriço ao solar, onde em época mais recente, se jogava croquet à sombra  frondosa dos paus -ferros, árvores de grande porte(…)  Fonte: Maria Lamas in Arquipélago da Madeira – Maravilha Atlântica , “ Quintas Madeirenses”, 1956.

 

 

 

O Solar encontra-se aberto de 3ª a sábado, das 10h00 às 16h00, e as entradas são gratuitas. A informação sobre este e outros espaços tutelados pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, podem ser consultados através do portal “ Cultura Madeira”: https://cultura.madeira.gov.pt/

 

 

 


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