Susana Prada foi a Câmara de Lobos defender os propósitos e as vantagens da criação do Parque Marinho do Cabo Girão, um dos que o governo regional tem previstos para a Região Autónoma da Madeira.
A Secretária Regional do Ambiente e Recursos Naturais quis auscultar a opinião dos representantes das várias entidades que ali desenvolvem as suas atividades e, para tal, contou com o presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, que promoveu um encontro com o seu elenco governativo autárquico, o comandante operacional da Madeira, o diretor regional de pescas e técnicos daquela direção regional, representantes da ACIF, da Associação Insular de Geografia, da Associação de Agricultores das Fajãs de Câmara de Lobos, da Coopesca e de empresas ligadas às marítimo-turísticas e de mergulho que operam naquela área.
O encontro acabou por realçar a existência de diferentes opiniões e sensibilidades. Umas mais liberais, que defendem uma área sem restrições, outras mais conservadoras, a exigirem a criação de uma reserva, a exemplo daquela que já existe no Garajau.
Uma coisa parece certa, não haverá consensos em torno desta matéria, e terá de ser o governo a avançar com o modelo de gestão, procurando equilibrar as diferentes sensibilidades existentes.
A Secretária do Ambiente é perentória ao afirmar que tem havido muita desinformação a aproveitamento político sobre os Parques Marinhos. “Não vamos proibir a pesca. Vamos, sim, valorizar zonas de fruição para a população. Pretendemos compatibilizar os diferentes interesses, económico, didático, lúdico e desportivo, regulamentando as diferentes atividades e disciplinando os diversos usos. O governo não pode ser mais claro na sua posição”.
Susana Prada dá alguns exemplos: “Faz sentido que alguém que esteja a fazer mergulho ou a observar a fauna marinha tenha, em simultâneo, embarcações, a circular a grande velocidade? Parece-lhe correto que o visitante que está a usufruir do pôr do sol ou a desfrutar da paisagem possa ser incomodado com atividades excessivamente ruidosas?”
A Secretária do Ambiente considera que a Madeira terá a ganhar com a implementação de mais zonas protegidas. “Neste caso concreto do Cabo Girão, será mais apelativo para a Região, municípios e para as próprias empresas promoverem, de forma integrada, o potencial daquelas áreas. Em vez de ser divulgado apenas o miradouro do Cabo Girão, poder-se-á promover a área protegida do Cabo Girão, que integra para além do miradouro, a arriba, a vegetação, as fajãs e o mar. As valências no seu conjunto acrescentam mais valor do que promovidas isoladamente. Para além de que a União Europeia, através da Diretiva-quadro Estratégia Marinha aconselha os Estados-membros a aumentarem as suas áreas protegidas”, reforça a governante.
Para Susana Prada, a escolha do Cabo Girão não foi ao acaso. Para além da enorme procura que aquela zona já suscita junto das empresas ligadas ao mergulho e às marítimo-turísticas, a Secretária do Ambiente realça a excelência da geodiversidade, do património geológico, paisagístico e cultural ali existente, assim como a qualidade da água e de todo o ecossistema marinho”.
O diploma de criação do Parque Marinho do Cabo Girão deverá ser o primeiro a ser levado à Assembleia Legislativa da Madeira.
O governo espera ter o documento concluído ainda este verão.