Não basta, avisa, reforçar a sua presença continental. Terá de aumentar a sua base de sustentação e de apoio ao nível da coesão territorial, através dos Fundos de Coesão.
O presidente do Governo Regional falava durante a sessão de abertura da 9ª Reunião da Transnational Network of ERDF/CF SCO practitioners, que decorre hoje e amanhã no Funchal, no Savoy Palace.
A Transnational Network of ERDF/CF SCO practitioners corresponde a uma rede transnacional de utilizadores de OCS – Opções de Custos Simplificados em operações apoiadas pelo FEDER e pelo Fundo de Coesão, integrando igualmente representantes de países da UE que, através deste fórum têm oportunidade de aprender, desenvolver e testar ideias por via de discussões informais.
Na sua intervenção, o líder madeirense colocou o foco nas Regiões Ultraperiféricas da Europa, onde a Madeira se inclui, bem como na importância das suas reuniões naquilo que é a Europa no presente e naquilo que a Europa poderá ser no futuro.
O presidente do madeirense lembrou os primórdios da criação da União Europeia, sublinhando que a mesma não foi forjada inicialmente para a Economia, nem para a Coesão Económica.
«Foi uma reunião política, que surgiu das ruínas, da devastação, dos milhões de mortos da II Guerra Mundial, tendo como objetivo uma unidade dos países da Europa para a Paz e para a governação. Foi forjada por homens de visão, que tinham atravessado as carnificinas da I e da II guerras mundiais, para criar no espaço europeu uma unidade política e um espaço de cooperação», enaltece.
Hoje, «mesmo com todos os seus defeitos e com todas as suas deficiências de funcionamento, tem sido um sucesso, que se tem afirmado num processo de paz contínuo, pela primeira vez, na generalidade do seu território». «A Europa é hoje uma das regiões do mundo com mais prosperidade, mais avanço e maior qualidade de vida, onde há maior coesão económica, onde há maior coesão social», enfatiza.
Segundo o governante, «é importante fazer-se este exercício de memória, quando a Europa, hoje, está muito embrenhada em assuntos correntes, que deixam de lado o pensamento geopolítico».
Ou seja, «o grande desafio de hoje é saber o que vai ser a Europa no futuro».
Para tal, sustentou que esse futuro estará marcado pelas alterações tecnológicas em curso, preconizando um acompanhamento das mesmas, mas também que a União Europeia se muna das defesas necessárias e imprescindíveis da Sociedade face a esta mudança.
Um futuro onde a globalização continuará a ter papel predominante e onde as alterações climáticas serão questão central, defendendo que todos temos o dever de contribuir para que as novas gerações não tenham o seu futuro hipotecado.
O presidente do Governo Regional diz ser ainda necessário refletir se a Europa será ou não uma unidade política comum, com uma política de segurança comum e se terá ou não a capacidade de forjar o Mercado Autónomo de Energia, independente de mercados externos e imune a chantagens de outras potências.
Miguel Albuquerque defendeu ainda que a Europa terá de olhar para a sua plataforma continental. «Está muito virada para o centro…. Se a Europa se vai afirmar como potência global tem de olhar para o mundo à sua volta», perfilhou.
Neste sentido, afirma que «uma das políticas que pode melhor garantir a unidade Europeia é algo que tem sido ultimamente descurado, que são os Fundos de Coesão».
«A Europa está presente hoje, através das suas regiões ultraperiféricas, está presente no Índico, na América do Sul, no Atlântica e nas Caraíbas. O que é fundamental para a sua consolidação geopolítica. A Europa, na verdade, é uma potência atlântica.
Pode e deve ter presença mais forte em termos continentais, mas deve olhar com maior atenção para a sua plataforma continental, ou seja, para as suas regiões ultraperiféricas», concluiu.