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Região avança com medidas para mitigar riscos de aluviões

A Madeira tem um conjunto de medidas para diminuir os riscos e as consequências das aluviões. Foram hoje apresentadas. Na oportunidade, Amílcar Gonçalves anunciou que a Região, entre obras concluída se a executar até final deste ano, gasta 700 milhões com obras de recuperação do 20 de Fevereiro. 20-02-2018 Equipamentos e Infraestruturas
Região avança com medidas para mitigar riscos de aluviões O Governo Regional já gastou mais de 600 milhões de euros nas obras de recuperação da aluvião de 20 de Fevereiro de 2010. E ainda vai gastar mais quase 100 milhões até ao final deste ano. Contas feitas, são cerca de 700 milhões de euros em obras que estarão concluídas ou pelo menos já no terreno até final deste ano, conforme é objetivo a Região.
O secretário regional dos Equipamentos e Infraestruturas, Amílcar Gonçalves, diz que será feito um grande esforço nesse sentido. Mas, para além das medidas estruturais, há outras medidas não estruturais que importa também potenciar. Algumas delas na sequência da segunda fase do Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões, hoje apresentado, durante uma sessão que decorreu durante toda a tarde, no auditório da Secretaria Regional dos Equipamentos e Infraestruturas.
Trata-se de um estudo realizado pelo Instituto Superior Técnico, pela Universidade da Madeira e pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil e onde se reforça a implementação de um sistema de previsão e aviso de aluviões e ainda a premência de alargar a monitorização das ribeiras (que hoje se fazem a cinco ribeiras, três das quais no Funchal) a toda a ilha. A iniciativa foi das secretarias regionais dos Equipamentos e Infraestruturas e do Ambiente e dos Recursos Naturais.
«Numa primeira fase procuramos conhecer o fenómeno com muita profundidade, no sentido de executar rapidamente as obras mais prementes, e nesta segunda fase procuramos que as medidas preventivas sejam mais eficazes, nomeadamente em termos do alerta e aviso», recordou, em declarações aos jornalistas, o secretário regional Amílcar Gonçalves.
Os 700 milhões de euros investidos em obras de recuperação da ilha e de regularização de diversas ribeiras são oriundos da Lei de Meios (mecanismo financeiro criado pelo Governo da República) e da União Europeia, através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
Para além disso, Amílcar Gonçalves, na sua intervenção, colocou a tónica na segurança das pessoas e na necessidade de contribuir para que as pessoas fiquem mais tranquilas perante o surgimento de tempestades.
O governante destacou ainda o facto de grande parte das obras estarem concluídas, aproveitando ainda para enaltecer a resiliência dos madeirenses, comprovada aquando da tragédia.
Por seu turno, a secretária regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Susana Prada, salientou a importância do estudo para a assunção de medidas que possam de alguma forma mitigar os riscos e as consequências das aluviões.
O professor António Betâmio de Almeida, um dos especialistas responsáveis pela elaboração do Estudo de Avaliação do Risco da Aluviões, também falou aos jornalistas, para relevar a premência da implementação de um sistema de previsão e aviso de aluviões.
«No esquema que a equipa propõe ao Governo Regional há um indicador de limiar crítico de precipitação que pode induzir a deslizamentos e à formação de aluviões», fez questão de recordar.
Durante cerca de 50 minutos e perante uma sala cheia, o especialista recordou as diferentes fases do estudo, lembrou as vulnerabilidades da ilha e criticou quem, no Continente, quis comparar a situação da Madeira com outras intempéries continentais.
Sublinhando a importância de concertação de medidas, Betâmio de Almeida elogiou a preocupação do Governo Regional em promover um estudo tão alargado e que poderá ajudara mitigar os riscos e as consequências das aluviões. E sublinhou também a importância das redes meteorológicas para o sucesso da implementação das medidas mitigadoras, não esquecendo a importância da reflorestação.
 «Agora, cabe às instituições da Região levarem a cabo e continuarem este processo, porque é um processo que não pode ter fim, deve estar sempre em melhoria e sempre a ser desenvolvido», concluiu.
Por seu turno, a professora da Universidade da Madeira, Glória Franco, explicou em que moldes foi feito o inquérito à população, para compreender a forma como os madeirenses reagem aos riscos de aluviões. A investigadora diz que ainda há muitos madeirenses com medo que o mesmo possa voltar a acontecer, recordando a confiança que as pessoas colocam nos bombeiros e nas equipas de socorro, bem como ainda na polícia e nos militares.
Para Glória Franco, há que fazer um esforço no sentido de divulgar as medidas o mais possível e sensibilizar as pessoas para os riscos, a par de outras propostas preventivas, nomeadamente ao nível ambiental.
Vítor Prior abordou a evolução do radar meteorológico e a forma como ele poderá antecipar eventuais sinais de catástrofes e, dessa forma, contribuir para que as pessoas possam ser avisadas com maior antecedência, contribuindo para a preservação de vidas e de bens. O diretor da delegação da Madeira do Instituto Português do Mar e da Atmosfera anunciou ainda a ampliação da rede de monitorização.
O professor Carmona Rodrigues, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa e especialista contratado pela Direção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente falou dos Planos de Gestão do Risco de Inundações, abordando riscos, mas avançando também com algumas soluções.
O engenheiro Pimenta de França, do Laboratório Regional de Engenharia Civil falou da monitorização hidrométrica das ribeiras, apresentando resultados e deixando várias sugestões para o futuro.
Finalmente, o professor Rodrigo Proença de Oliveira, outro dos especialistas responsáveis pelo estudo, apresentou um conjunto de propostas para a gestão do risco de aluviões, que passa pelo alargamento das redes de monitorização das ribeiras, pela revisão das redes de monitorização da precipitação, pelo desenvolvimento de um sistema regional de monitorização e alerta da ocorrência de aluviões, pela inventariação rápida e automática dos deslizamentos de vertentes, pela constituição de um mapa de perigosidade de deslizamentos, por uma carta de erosividade da precipitação e por uma carta de erodibilidade dos solos e pela caraterização preliminar das zonas com risco de inundações.

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