Foi das mãos do Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, que Paul Silva, lusodescendente residente nos Estados Unidos da América, recebeu a Medalha de Ouro de Mérito Turístico, por excecionais serviços prestados à Região, que foi atribuída pelo Governo Regional em setembro último ao irmão, Joseph Donald Silva.
Na ocasião, Paul Silva, visivelmente emocionado, agradeceu a “honra” em nome da família Silva e em especial da família direta de Donald. “Todos ficaram muito felizes. A família mal pode esperar por ver esta medalha ao vivo”, disse Paul que está agora a realizar a 20.ª viagem à Madeira.
J. Donald Silva, neto de emigrantes oriundos do Campanário (Ribeira Brava, nasceu em Lowell, Massachussets (EUA) em 1935, teve uma longa e reconhecida carreira como professor universitário de Inglês. Veio à Madeira pela primeira vez em 1970 e, desde logo, apaixonou-se pela ilha dos seus antepassados. A partir de 1980 começou a vir à Região todos os anos. Só não conseguiu cumprir essa ‘tradição’ em 2020, devido à pandemia.
Nas viagens realizadas, tornou-se um frequentador assíduo da Biblioteca de Culturas Estrangeiras, dirigida por Maria do Carmo Santos, e foi a convite desta instituição que realizou diversas conferências, posteriormente compiladas no livro “The Magnolia Lectures”.
Além dessa obra, publicou outros livros com referências à Madeira, incluindo “Balck Kestrel”, romance histórico baseado nas vivências dos avós na freguesia do Campanário. Além das conferências na Biblioteca de Culturas Estrangeiras foi convidado ao longos dos anos a proferir outras palestras na ilha, a última em janeiro de 2019, na Casa Museu Frederico de Freitas, sobre o turismo na Madeira.
J. Donald Silva morreu em outubro de 2022, vítima de pneumonia, cerca de um mês após ter sido atribuída a Medalha de Ouro pelo Governo Regional, numa cerimónia em que foi representado por Duarte Barcelos Mendonça, investigador e amigo que também agilizou o encontro da última semana entre Paul Silva e Eduardo Jesus.
Nesta ocasião, o governante fez questão de salientar a Paul Silva, o quão especial era J. Donald para a Região. “Sentimos muito a perda dele”, disse, acrescentando que a atribuição da medalha “foi uma oportunidade para mostrar o nosso reconhecimento por tudo aquilo que ele fez em prol da Madeira. É fundamental reconhecer as pessoas que olham para esta ilha de uma maneira diferente, que sentem o arquipélago mesmo estando longe e que, de certa forma, olham pelo arquipélago”, disse Eduardo Jesus.
O secretário regional recordou que teve o prazer de conhecer J. Donald Silva e de falar um pouco sobre os seus livros e a investigação que realizou ao longo da sua vida e, confessou, sentir que “para ele, a Madeira era algo de especial, não só para ele, mas para a vossa família”.
“E é muito satisfatório ver que há muitas pessoas que deixam a Região para viver noutros locais do mundo, que trabalham nas mais variadas áreas, mas que acabam por manter, mesmo nas gerações seguintes, o mesmo sentimento, a tal ligação que persiste com a ilha”, disse ainda, agradecendo uma vez mais à família de J. Donald Silva e dizendo esperar que mantenham essa ligação que J. Donald fortaleceu ao longo de várias décadas.