O Jardim Botânico da Madeira resulta de uma aspiração antiga, remontando ao final do século 18 as primeiras alusões à necessidade de criação de uma instituição do género na Madeira.
Após vários apelos por parte de numerosos naturalistas ao longo dos séculos 19 e 20, a criação do Jardim ocorreu, em 30 de Abril de 1960 tendo sido instalado na Quinta do Bom Sucesso no Funchal. Atualmente, é um dos ex-libris do turismo madeirense, atraindo, anualmente, mais de 300 000 visitantes.
Deixo, aqui, o meu reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo Eng.º Rui Vieira, o primeiro diretor do Jardim Botânico que, juntamente com o então presidente da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, António Teixeira de Sousa, foi um dos seus principais impulsionadores.
Engenheiro Agrónomo de formação concluiu o curso no Instituto Superior de Agronomia em 1949/50 como um dos seus melhores alunos. O seu trabalho de final de curso, sobre a mosca da fruta, valeu-lhe um prémio e a possibilidade de representar Portugal numa conferência em Argel. Recusa-se a permanecer no Instituto como Professor Assistente, tendo optado por voltar à terra de onde partiu, e em 1952 ingressa na Estação Agrária tendo começado a lecionar, em 1954, na Escola Prática Elementar de Agricultura, no Lugar de Baixo.
O seu trabalho foi reconhecido, não só na sua área de formação, na qual acumulou vasto conhecimento, em especial em botânica e entomologia, mas também nos cargos que ocupou ao serviço da causa pública. A ele, que já não se encontra entre nós, deixo o meu agradecimento pelo trabalho desenvolvido em prol do património natural madeirense.
O Jardim Botânico da Madeira abarca uma área ajardinada superior a 5 hectares, contendo uma coleção de mais de 2 500 espécies provenientes dos 5 Continentes. Constitui um aprazível jardim público que, além de um espaço de lazer e de atração turística, mantém coleções vivas de plantas para pesquisas científicas, conservação e educação ambiental, um herbário, um banco de sementes e um Museu de História Natural.
Este propósito conservacionista está bem patente na sua missão de promover o conhecimento e a investigação das espécies vegetais do arquipélago da Madeira, a sua biodiversidade, monitorização, conservação e sustentabilidade.
Minhas senhoras e meus senhores,
As Quintas da Madeira constituem um valor inestimável do património arquitetónico e cultural madeirense. Muitas delas, com mais de 3 séculos de história, constituem locais aprazíveis e bucólicos que refletem um período da nossa história em que famílias, muitas delas aristocráticas e de origem inglesa, escolheram a nossa Região para viver.
Este património tem o potencial de ser explorado como atração para os que nos visitam. É neste sentido que será proposto um circuito de Quintas, de forma a proporcionar ao visitante uma oferta de jardins com diferentes histórias, características, diversidade vegetal e paisagens.
Quanto à Quinta do Bom Sucesso, encontra-se, neste momento, a ser alvo de obras de remodelação.
Entre as várias intervenções incluem-se, melhorias nos pavimentos e acessos, e nas acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida, colocação de sinalética de informação e de identificação de plantas, instalação de um sistema de gestão de entradas, de um sistema de rega automático, recuperação de tanques de rega, renovação das instalações sanitárias, recuperação de estufas, melhoria das instalações de apoio aos trabalhadores, criação de um pequeno auditório, reparação dos lagos existentes e aquisição de equipamentos com vista a mecanizar diversas operações de manutenção.
Está, igualmente, a ser preparada a revisão da identificação das plantas, quer do Jardim Botânico, quer das restantes Quintas sob a responsabilidade da Direção Regional de Florestas e Conservação da Natureza, e, ainda, a melhoria da aplicação móvel do Jardim Botânico.
É, neste contexto de comemoração dos 56 anos do Jardim Botânico, que debatemos os jardins e quintas da nossa região.
Contamos, para tal, com os contributos do Prof. Doutor Rui Carita, que fará o enquadramento histórico das Quintas da Madeira, do Prof. Doutor Sidónio Pardal, que nos elucidará sobre o “Sentido Útil e Simbólico dos Jardins Botânicos”, e da Prof. Doutora Cristina Castel-Branco, que versará sobre o “Restauro e Gestão de Jardins Históricos em Portugal”.
Aproveito para endereçar os meus agradecimentos à Empresa de Eletricidade da Madeira, em especial ao Dr. Rui Rebelo, pelo patrocínio a este evento e pela possibilidade de nos reunirmos e discutir as Quintas da Madeira neste espaço e num museu, também ele representativo do nosso património cultural, neste caso de quase 119 anos de história da energia elétrica na Madeira.
Termino, agradecendo a vossa presença e desejo que seja proveitoso este colóquio.
Muito obrigada!