Durante a sua intervenção, a governante recordou que ao longo de décadas de extração desmesurada de recursos não se colocou em causa a capacidade de regeneração do planeta. No entanto, o desenvolvimento tecnológico exponenciou a intensidade e o modo de explorar recursos, antes inacessíveis. Recursos considerados como inesgotáveis, passaram a estar sob pressão e, em alguns casos, em sério risco de esgotamento, colocando em causa o nosso modo de vida. A economia desenvolveu-se em torno de uma estrutura linear. Os produtos são criados a partir de matérias-primas extraídas da natureza e utilizados, muitas vezes, uma única vez, sendo descartados como resíduos, que acabam, na melhor das hipóteses, numa incineradora. Novos produtos implicam a extração de mais matéria-prima.
No entanto, as matérias-primas, como o gás natural e o petróleo, os minerais utilizados na eletrónica moderna ou a sílica das areias utilizada no fabrico de vidro, existem em quantidades finitas, e demonstram-se manifestamente incapazes de se renovar, à escala do consumo humano.
«Mas o problema não se coloca apenas na gestão de recursos. Este modelo económico, está na base de muitos outros problemas, dos quais destaco as Alterações Climáticas provocadas pela libertação de gases com efeito de estufa para a atmosfera, e a poluição do meio ambiente», alertou Susana Prada, acrescentado que «é urgente que o modelo económico seja sustentável. É urgente que a atual prosperidade não coloque em causa a das gerações futuras. Somos atualmente 7.600 milhões. Estima-se que, em 2050, a população mundial atinja os 10 mil milhões. Pelo que é fundamental promover novas atitudes e hábitos de consumo. Esta mudança de mentalidade é essencial para podermos viver de forma sustentável num planeta com recursos limitados. É neste contexto que surge o conceito de economia circular. Este modelo, ao contrário do modelo linear, baseia-se no aproveitamento máximo e na valorização de todas as matérias-primas e produtos, apostando na sua reutilização, reparação e reciclagem».
Há muitos anos que falamos nos 3 R’s – reduzir, reutilizar e reciclar. No entanto, a economia circular vai mais longe. Os produtos deverão ser concebidos para serem mais duráveis e reparáveis, facilitando também a sua reutilização. Desta forma poderão ser utilizados durante mais tempo, mantendo o seu valor e a sua eficácia. Quando tal já não for viável, a reciclagem permitirá que entrem novamente no ciclo como matérias-primas, em vez de serem descartados como resíduos. Desta forma, diminui-se a necessidade de extrair mais matérias-primas naturais, contribuindo para “fechar” o ciclo.