A Jornada Mundial da Juventude é um evento que marca e marcou muitos, que reuniu mais de um milhão e meio de pessoas em Lisboa, de todos os cantos do mundo, para ouvir o Papa Francisco, para sentir as palavras dele e estar mais próximo da palavra de Deus.
São muitos os madeirenses que viajaram até Lisboa para estar presentes na semana das Jornadas. Desde o momento em que foi anunciado que a capital portuguesa iria acolher a JMJ em 2023, muitos estiveram a poupar e a organizar a viagem para que fosse tudo feito com o maior cuidado possível. A poucos meses de as Jornadas começarem, o Governo Regional anunciou que iria cobrir as viagens de todos os madeirenses até aos 30 anos, algo que foi recebido da melhor maneira possível, principalmente para aqueles que estavam com dificuldades em cobrir os gastos que o evento traz.
Uma semana foi suficiente para as ruas de Lisboa terem-se enchido de peregrinos e de voluntários, uma semana para que fossem vistas e conhecidas várias bandeiras, pessoas e culturas, uma semana para que todos pudessem conhecer Portugal e Lisboa.
Não faltam experiências nem testemunhos de jovens que conheceram o Papa, que falaram com o Papa e que sentiram através da oração todas as palavras que o Santo Padre dizia quando se reunia com os jovens. João Fernandes, um jovem madeirense, nunca pensou que a Jornada Mundial da Juventude iria terminar de forma tão bonita. No dia anterior à Vigília, recebeu a notícia que iria representar a Diocese do Funchal, o que significava que iria estar no mesmo palco que o Papa Francisco na última noite com os jovens.
Em conversa com João Fernandes, foram várias as perguntas feitas sobre a sensação que foi conhecer o Santo Padre, o entusiasmo de ser o escolhido para representar a Diocese do Funchal e de que forma é que a Jornada Mundial da Juventude o aproximou da fé e de Deus.
Qual foi a sensação de veres o Papa Francisco?
Foi uma mistura de surpresa, de choque, de alegria, mas que se resumiu simplesmente num sorriso e olhar para aquela pessoa que, com uma idade tão avançada, tem o coração tão puro e tão jovem e que tornou esta jornada ainda melhores com cada discurso, em cada homília, com os jovens. Foi uma felicidade enorme.
Para ti, o que foi mais importante nas jornadas? O que é que te marcou mais?
Para além de todas as celebrações católicas, ver o Papa, o que mais me marcou foi a partilha, a amizade entre as pessoas de diferentes países, ver que se ajudavam uns aos outros, mesmo dentro do meu grupo, conhecer as pessoas, ver um lado diferente entre nós e criar amizades que não estava à espera e que estou muito feliz de ter feito.
Voltavas a repetir a experiência?
Sim, quero muito voltar a repetir. O Papa convidou-nos para Roma em 2025, mas estou muito ansioso para ir para a Coreia do Sul em 2027. Quero mesmo muito ir, vai ser uma experiência fora do comum porque esta JMJ foi aqui em Portugal, eu estudo cá em Lisboa, já conheço a cidade e a cultura, agora num país completamente diferente, ainda por cima asiático, onde a realidade católica é muito diferente, acho que vai ser uma experiência muito boa.
Achas que a JMJ é um bom lugar e evento para crescer como cristão?
Sim, não só para os cristãos ou como crescer como pessoa, definitivamente havia uma partilha da fé tão bonita, tão saudável e, pronto, fazia o nosso bichinho de amar Deus crescer um pouco mais e querer continuar a viver esta vida de alegria, de partilha, de amor e em geral. Tanto como pessoa, como cristão, fez-me crescer muito.
Ter conhecido o Papa é algo que te vai marcar para a vida?
Definitivamente é uma coisa que me vai marcar para a vida. Eu próprio ainda não assimilei o que eu vivi, ainda não acredito que estive junto do Santo Padre, que lhe agarrei a mão, que lhe beijei a mão e que ele me deu um terço. Estas coisas ainda não encaixaram na minha cabeça, no meu coração, mas definitivamente estou muito alegre e sinto que daqui a 10 anos, 20 anos, ou nas próprias jornadas de 2027, as coisas vão começar a entrar na minha cabeça e vou perceber que eu estive em frente ao Papa, que eu toquei no Papa, que estive com ele.
Como foi ter sido escolhido para representar a Diocese do Funchal e estar no mesmo altar que o Papa Francisco esteve?
Foi uma experiência espetacular, desde dizerem-me no dia anterior que ia estar lá, e eu não fazia ideia do que ia ser. No próprio dia chegar lá foi uma confusão, porque estava um milhão e meio de pessoas no recinto, e acho que as pessoas não têm mesmo noção do que é estar perante um milhão e meio de pessoas, ao calor ainda por cima. Atravessar aquela gente toda era de loucos, nem sabia se ia chegar ou não a tempo, se ia conseguir ou não. Chegar lá ao palco, depois de andar horas ao calor e me aperceber de que estava no palco junto ao Papa, estava praticamente a menos de 10 metros, foi fantástico, no momento esqueci-me de tudo o que tinha passado até chegar a onde estava.
Relativamente ao discurso do Papa Francisco, o que é que te marcou mais?
A frase de não ter medo, esta pequena frase de não ter medo de aceitar a religião, a minha religião, não ter medo de aceitar como sou, não ter medo de pedir ajuda, de ajudar o outro. Marcou-me a mim e à maioria dos jovens que lá estavam e a todos os que assistiram porque, em geral, todas as palavras foram muito marcantes, foram muito bonitas e é um Papa com um coração aberto para todos e que não seleciona. Ele é inclusivo para qualquer pessoa, todos são bem-vindos.
A próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada na Coreia do Sul, em 2027. Até lá, de acordo com o Papa Francisco, todos os jovens estão convidados a ir a Roma celebrar o Jubileu dos Jovens, em 2025