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Especialistas debatem problema da castanha com a população

Reunião contou com a presença de José Laranjo, presidente da Associação Portuguesa da Castanha e professor da Universidade de Trás-os-Montes e do Alto Douro. 28-06-2016 Agricultura e Desenvolvimento Rural
Especialistas debatem problema da castanha com a população A Secretaria Regional de Agricultura e Pescas levou a cabo uma conferência para debater a situação da vespa das galhas do castanheiro (Dryocosmus Kuriphilus Yasumatsu), praga que atinge atualmente os castanheiros da Região. Neste encontro estiveram vários técnicos regionais que estudam esta praga e o Professor José Laranjo - o maior especialista do setor e que vem estudando a doença desde que surgiu. É igualmente presidente da Associação Portuguesa da Castanha (RefCast).
À fala com vários agricultores que compareceram no Centro Cívico do Curral das Freiras, uma das freguesias com maior produção de Castanha, José Laranjo traçou um cenário negro dos castanheiros da nossa região. Para o especialista, a luta para combater a “Vespa do Castanheiro” passa pelo combate biológico, através da introdução de uma “espécie parasitoide do inseto”. Segundo fez saber, a luta química é de difícil aplicação, uma vez que a praga passa a maior parte do seu ciclo de vida no interior das galhas (nódulos), pelo que o combate biológico é o método mais eficaz. “Quando surge esta praga não restam muitas alternativas. A luta química nem pensar. A solução está na luta biológica” disse o técnico para uma plateia composta maioritariamente por agricultores.
Igualmente presente neste encontro esteve o engenheiro agrónomo Adriano Maia, quadro da Secretaria Regional de Agricultura e Pescas e que vem acompanhando de perto a evolução desta praga na Região e assistido no terreno vários produtores de castanha. Partilhando o entendimento da necessidade urgente de um combate biológico realçou também a importância do castanheiro na preservação dos solos e ao nível paisagístico, “não podemos olhar só para o valor da produção de castanha, o castanheiro tem um papel importante ao nível da paisagem ao mesmo tempo que evita a erosão dos solos”, disse.

Desmistificar
a introdução do parasitoide


Um dos assuntos abordados neste encontro foi a necessidade da realização de um estudo de impacto ambiental que anteceda a largada de parasitoides. O propósito deste estudo será apurar como se irá se comportar o parasitoide após a sua largada e em que medida pode afetar ou não o nosso ecossistema. Para António Fraquinho Aguiar, engenheiro agrónomo especializado em entomologia do Laboratório de Qualidade Agrícola da Madeira, não há aparentes preocupações para a largada dos parasitoides, pelo simples fato de, até ao momento, não ter sido registado nenhum problema nas várias partes do Mundo onde já foi largado. “Estou convencido que os impactos serão mínimos no ambiente pois o parasitoide apenas parasita esta vespa”, lembrou.
A acompanhar os trabalhos esteve presente o Secretário Regional de Agricultura e Pescas e o presidente da Junta de Freguesia local, Manuel Salustino Gonçalves. Humberto Vasconcelos garantiu que a secretaria tem vindo a acompanhar de perto esta praga que afeta os produtores de castanha e que a “medio-longo prazo, será possível debelar este problema. De momento é necessário o estudo de impacto ambiental pois vivemos numa ilha com algumas especificidades” afirmou. 
No encerramento do debate interveio Miguel Sequeira, presidente do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza que sublinhou a importância da realização de um estudo de impacto ambiental numa região com as nossas características. Segundo fez saber, resta apenas aguardar a documentação para dar andamento ao processo que se julga ser rápido. Para o responsável, o castanheiro desempenha um papel importante dentro do espaço florestal da nossa região estando contemplado a sua valorização no Plano Regional de Ordenamento Florestal da Região Autónoma da Madeira.
A Secretaria Regional de Agricultura e Pescas integra o grupo de trabalho nacional que está a aplicar o Plano Nacional de Controlo para combater esta praga. 
A “vespa do castanheiro”, também conhecida por Dryocosmus kuriphilus, é originária da China e chegou à Europa em 2002, com a primeira deteção referenciada em Itália, tendo passado mais tarde para países como França, Eslovénia, República Checa, Hungria, Croácia, Espanha e mais recentemente para Portugal.
A Madeira conta com cerca 500 produtores de castanha numa área que abrange cerca de 100 hectares.


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