Miguel Albuquerque – que falava à margem da cerimónia de apresentação de edição especial e de novo grafismo da revista Islenha –sublinhou ainda que este conflito veio também colocar na ordem do dia dois fatores de grande vulnerabilidade europeia.
«O primeiro é aquele de que já tenho falado – penso, aliás, que fui o primeiro político português a falar disso – sobre a necessidade de a Europa ter um mercado único de energia e não ficar dependente, sobretudo a grande potência europeia que é a Alemanha, do Nord Stream, ou seja, da ligação ao gás russo. Porque isso critica uma vulnerabilidade da Europa perante regimes que não são propriamente amigos das democracias», explicou.
O segundo fator, acrescentou, consiste na necessidade de a Europa começar a ter uma política de segurança e de defesa, que lhe é fundamental para a sua segurança.
O presidente do Governo Regional confirmaria ainda a sua participação, via videoconferência, na reunião extraordinária do Conselho Superior de Defesa Nacional, que ocorre pelas 12 horas desta quinta-feira, para debater a situação,
«Estamos numa situação onde Portugal pode ter um papel decisivo. Não se esqueçam que a Letônia, a Lituânia, a Estónia e a Polónia já invocaram o artigo quarto do Tratado da Nato, ou seja o que é invocado quando os estados-membros se sentem ameaçados no seu território. Estamos num momento muto grave, no contexto europeu», sublinhou.
Questionado sobre as consequências das sanções ao nível dos vistos gold, Miguel Albuquerque disse pensar que as sanções não vão ter efeitos retroativos. «Vão ter, sobretudo, efeitos em tudo o que são interesses do estado russo e de pessoas ligadas ao regime, como sejam bancos e instituições, na Europa. Vai haver congelamento de financiamentos e de transações financeiras, bem como dos bens das pessoas mais ligadas ao regime», explicou.
Contudo, refere a importância de «não sermos ingénuos: o presidente russo já sabia que isto iria acontecer». «E tem, de certeza, alguma almofada para a economia russa, que já não está tão vulnerável, como no passado, à economia europeia e aos mercados americanos e europeus», alerta.