"O fenómeno das explicações é, em geral, tão familiar que, paradoxalmente, não lhe damos a importância que merece por isso mesmo, pela sua naturalização, pela sua banalização: já nos interrogámos por que razão tantos de nós já recebemos explicações durante o nosso percurso escolar? E como é frequente cruzarmo-nos, numa qualquer rua de cidade ou vila, com um cartaz a anunciar “Centro de Explicações” ou “Centro de Estudos”? O fenómeno, que ocorre muito à “sombra” da educação formal realizada nas escolas, é por isso mesmo conhecido por “educação sombra” (shadow education). Pode dizer-se que está globalizado, embora conheça expressões diferenciadas de país para país, de continente para continente. Também em Portugal o fenómeno tem uma expressão relevante. Pode quase afirmar-se que, salvo raras exceções, onde houver educação escolar haverá explicações. E esta coincidência levanta um conjunto de interrogações sobre as implicações decorrentes de uma relação tão estreita, sejam estas pedagógicas, económicas, fiscais ou políticas. Consequentemente, os mais diretamente interpelados pelo fenómeno são todos aqueles que, por uma razão ou por outra, gravitam em torno da educação formal tais como alunos e suas famílias, professores, gestores escolares, decisores políticos, investigadores, explicadores, desde os empresários aos funcionários dos centros de explicações e explicadores “domésticos”. Nestes termos, este seminário, organizado pelo Conselho Nacional de Educação, em parceria com a Universidade de Aveiro, é uma oportunidade para aprofundar o conhecimento sobre a dimensão internacional e nacional das explicações e suas relações com a escola e a sociedade, contando para isso com a participação de destacados especialistas. Simultaneamente, será possível ouvir atores educativos relevantes para a discussão que se pretende desenvolver tais como diretores de escolas, encarregados de educação, diretores de centros de explicações e alunos do ensino secundário."