O Museu Etnográfico da Madeira (MEM), tutelado pelo Secretário Regional de Turismo e Cultura, acolhe a 29 de outubro a oficina “Pão-por- Deus e Brincadeiras de Outros Tempos” com as orientadoras Daniela Sousa e Sandra Cardoso.
Festejado em Dia de Todos-os-Santos, as orientadoras referem que, o “Pão-por-Deus” era, habitualmente, celebrado com um magusto. E à volta das fogueiras, das castanhas, dos galhos de folhas e faúlhas, criavam-se brincadeiras simples, que proporcionavam horas de divertimento e convívio.
Lembrar as brincadeiras de outros tempos, viajando pela nossa História e pelas memórias, recordando como se entretinham as crianças, com os recursos disponíveis, transformando-os em criativas construções e invenções, é o que se propõem com esta oficina, na qual será mostrado como se "costuravam" e se criavam vários artefactos, a partir de folhas de árvore e faúlha de pinheiro. Os interessados serão convidados a experimentar e a criar os seus próprios artefactos, avivando as suas habilidades e a sua imaginação”.
Refira-se que antigamente era comum, em várias zonas do país, crianças e adolescentes de ambos os sexos, reunirem-se debaixo de um castanheiro em flor, quando as suas folhas estavam no seu máximo esplendor, e recolher uma grande quantidade de folhas para fabricarem chapéus, sapatos, malas e outros artefactos.
Munindo-se de uma gavela (mão-cheia) de faúlhas ou fagulhas, secas, de pinheiro bravo (pinus pinaster), que eram usadas para furar e pontear as folhas de castanheiro, colocavam “mãos à obra” e confecionavam originais ornamentos.
A cultura do castanheiro na ilha da Madeira remonta ao início da colonização portuguesa, tendo-se mantido até aos nossos dias, devido aos seus vários usos: os frutos são usados na alimentação, frescos, secos ou transformados, existindo múltiplas receitas ancestrais que fazem parte da cultura gastronómica regional. A sua madeira foi, desde sempre, utilizada na construção de mobiliário, assim como no armazenamento e na conservação de vinhos ou aguardentes, contribuindo para a fama do “Vinho Madeira” e do rum agrícola. Esta espécie constitui, também, um elemento caracterizador de algumas das mais belas paisagens madeirenses.
Para além das folhas de castanheiro, utilizavam-se, também, as folhas do loureiro (laurus novocanariensis rivas, Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J. C. Costa &C. Aguiar) uma espécie endémica da Madeira e Canárias, na construção deste tipo de artefactos.
As folhas secas de pinheiro, são popularmente conhecidas, no seu conjunto, como caruma. Estas folhas são uma espécie de agulhas, emparelhadas, de cor verde escura, rígidas e grossas e com 10 a 25 centímetros de comprimento, no caso do pinheiro bravo, enquanto as do pinheiro manso são sempre um pouco mais pequenas.
A oficina promovida pelos Serviços Educativos do MEM, com a parceria das duas orientadoras, que detêm o “saber-fazer” da produção destes artefactos, pretende valorizar, salvaguardar e divulgar estes testemunhos do património cultural lúdico, divulgando-se, em simultâneo, o património natural.
As inscrições podem ser feitas por email ou telefone, até o dia 27 de outubro de 2021
semuseuetnografico@gmail.com ou pelo telefone: 291 952598