A candidatura da Madeira no âmbito da Rede Natura 2000 para que uma massa de água à volta do arquipélago seja considerada como Sítio de Interesse Comunitário faz notícia nas páginas desta semana do jornal Público, um dos periódicos mais conceituados do país. A reportagem, realizada por Márcio Berenguer, jornalista madeirense, explica que a candidatura regional constituirá a maior reserva para cetáceos em todo o Atlântico Norte, abrangendo uma área de cerca de sete mil quilómetros quadrados. Será, assim, formado um verdadeiro oásis para baleias e golfinhos com quase três vezes a área do distrito de Lisboa. Candidatura é o produto de investigação A candidatura ‘Sítio Cetáceos da Madeira’ é o produto de mais de dez anos de investigação científica, desenvolvida na ilha pelo Museu da Baleia. Na sequência desse estudo, foram identificadas vinte e nove espécies de cetáceos nos mares do arquipélago, entre uma considerável população residente e migratória, fazendo da Madeira uma das zonas com maior densidade destes animais no contexto do Atlântico e Mediterrânico. Entre as espécies identificadas encontram-se a baleia-comum, a baleia-piloto-tropical, o cachalote ou o golfinho-comum, todas elas comuns ou muito comuns. Também é presença ocasional a baleia-sardinheira (ou orca) e o golfinho roaz (ou roaz-corvinheiro), com mais de cem animais desta espécie a habitarem permanentemente as águas madeirenses. Um levantamento mais exaustivo e detalhado da riqueza madeirense em termos de cetáceos pode ser encontrado no livro Cetáceos no Arquipélago da Madeira, publicado pelo Museu da Baleia em 2004. Reconhecimento da Administração pelo trabalho científico A DROTA, que tinha elencado esta pretensão aquando da elaboração do relatório Inicial da DQEM-Madeira, mais precisamente incluindo-a no programa de medidas a implementar, visando a concretização de compromissos nacionais e internacionais assumidos no âmbito da Convenção da Diversidade Biológica, em que pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas em Portugal deverão ser conservadas, trabalhou em parceria com os investigadores resultando a elaboração de uma proposta de criação do ‘Sítio Cetáceos da Madeira’ que acabou por ser aprovado em Conselho de Governo. Madeira é exemplo nacional de conservação A Madeira tem sido uma região pioneira do país no que toca à conservação da natureza. Aliás, dois-terços do território da ilha da Madeira são área protegida, onde habita a mais extensa e melhor conservada Laurissilva das ilhas atlânticas, uma floresta húmida, de características, que remonta há 20 milhões de anos, quando ocupava vastas extensões do Sul da Europa e da bacia mediterrânica. Os esforços de conservação estendem-se à Reserva das Ilhas Desertas, onde mora uma importante colónia de lobos-marinhos, e também às Ilhas Selvagens, onde está instituído um santuário para a cagarra. Já junto à costa, mais precisamente no Garajau, encontramos a primeira reserva exclusivamente marinha. No Cabo Girão, foi recentemente criada um outra área marinha protegida, que é uma das primeiras a nível nacional a consagrar o surf como atividade de interesse regional.
Link pata a reportagem do Público: https://www.publico.pt/2017/01/30/ciencia/noticia/madeira-uma-ilha-cercada-de-cetaceos-por-todos-os-lados-1759918