A análise do processo histórico e da mudança conceptual dos últimos anos permite abordar com maior conhecimento de causa e maior precisão o conceito de inclusão. Trata-se de assumir o passado com o intuito de aperfeiçoar o futuro, tendo sempre presentes os conhecimentos atualmente disponíveis e a realidade de cada aluno.
A Declaração de Salamanca (1994), de que o Estado Português é um dos subscritores, assumiu no plano internacional esta filosofia inclusiva, ao afirmar como princípio educativo fundamental o acesso das crianças e jovens com necessidades educativas especiais às escolas regulares que a elas se devem adequar, como "os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias." A inclusão deve ser entendida como fazendo parte de uma luta e discussão destinada a suplantar discursos e práticas de exclusão, tendo em vista uma melhoria das aprendizagens a todos os níveis. Longe de ser uma disciplina destinada a encontrar metodologias para escolarizar um grupo relativamente restrito de alunos num quadro escolar clássico, a inclusão constrói os fundamentos de uma abordagem que poderá conduzir à transformação do próprio sistema. O ideal da educação para todos foi, e mantém-se, como um dos desafios mais árduos, jamais postos ao mundo inteiro. Construir uma Escola Inclusiva requer uma outra forma de estar e de ser na Escola. Não será com certeza uma realidade isenta de problemas, mas representa, com certeza, um caminho a seguir.
A educação inclusiva pressupõe que, no centro da atividade da escola estejam o currículo e as aprendizagens dos alunos. O reconhecimento da diversidade como uma mais -valia, remete para uma maior responsabilização da escola e consequente necessidade de adequação dos processos de ensino às características e condições individuais de cada aluno e simultaneamente, mobilizando os meios necessários para garantir a aprendizagem e a participação de todos e de cada um dos seus alunos.
Neste enquadramento, os Centros de Recursos Educativos Especializados têm como principal atribuição, o apoio e o acompanhamento das escolas na definição de estratégias e na diversificação curricular, num contexto de uma cada vez maior autonomia das escolas na procura das respostas ajustadas às suas necessidades.