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N.º 50 - Educação e Cidadania
janeiro a junho de 2017
12-06-2018
Direção Regional de Educação
A cidadania é, como sabemos, uma preocupação muito antiga que se enquadra na antiguidade greco-romana. Na sua origem, a cidadania constituía-se como a essência da vida em comunidade, como o conjunto de atos e comportamentos que “convém a um cidadão”, que, por isso mesmo, possuía a capacidade de ultrapassar a simples e exclusiva perspetiva individual para possuir uma visão comunitária, coletiva.
É verdade que nesses tempos, já longínquos, não havia professores, nem escolas. As pessoas eram ensinadas, nas suas próprias comunidades, por outras pessoas, geralmente mais velhas. Existiam, então, os chamados “professores ambulantes”. Sabiam muito, possuíam imensos conhecimentos sobre muitas matérias e, sobretudo, ensinavam a pensar sobre elas e desafiavam as pessoas a pensar sobre essas matérias e sobre os diversos lados que as situações e os problemas apresentam e ainda a expressar as suas ideias e opiniões.
Hoje, já temos escolas e professores que ensinam e ajudam a aprender todas as matérias, e uns sabem mais de certos assuntos e outros mais de outros. E é exatamente neste mesmo mundo, inundado de informação e que exige a tomada de tantas opções, que as questões se colocam: quem ajuda as crianças e os jovens a tomar conta de si como pessoas? Quem os ajuda a aprender a relacionar-se melhor consigo próprios, com os outros e com o meio envolvente, de modo a que encontrem um caminho com sentido e se sintam felizes? Numa realidade tão multifacetada e plural em que atualmente vivemos, quem ajuda as crianças e jovens a aprender a compreender as razões que cada um possui e apresenta, e a encontrar as suas próprias razões para tomar decisões e para agir com liberdade e responsabilidade? Quem os ensina a pensar por si próprios e a escolher, em liberdade, o Bem? Quem ajuda as crianças e jovens a serem coerentes com o que desejam e querem, a terem mais segurança e certeza nas suas escolhas e a serem mais responsáveis no seu agir?
Para abordar estas temáticas e intervir nestes domínios há a possibilidade das escolas e dos professores, de TODOS os professores, contribuírem para ajudar a promover a formação pessoal e social, ou seja, a educação para a cidadania, de todas as crianças e jovens. Trata-se, portanto, como os diferentes artigos e reflexões presentes neste número da revista destacam, de ajudar os alunos a serem PESSOAS e CIDADÃOS, no contexto da participação democrática nacional ou no contexto da cidadania europeia, com capacidade de resposta adequada aos diversos desafios que, no concreto do quotidiano, vão sendo colocados.
Assim, a educação para a cidadania, a formação pessoal e social não pode ser uma abordagem teórica e distante dos problemas que afetam as vidas dos seres humanos, não é nem uma coisa moderna nem uma coisa ultrapassada, nem é um luxo pedagógico. Deve ser, sim, uma condição de sucesso do trabalho de qualquer professor, que é, antes de mais, um educador, e que promove a abertura ao eu relacional e social e ao outro relacional e social. O que realmente importa é que todo o planeamento e todas as intervenções (dos diferentes atores, agentes e serviços educativos) ajudem todos e cada um dos jovens a lidar melhor consigo próprio, com os outros e com o meio no qual está inserido.
Marco Gomes
Diretor Regional de Educação
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